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Carta Encontro de Juventudes e Espiritualidade Libertadora – Região Sudeste 2016

Primeiramente, fora Temer!

Fé que oprime ou fé que liberta?

Inspirados/as na memória que fortalece a esperança e nos anima a caminhada, o encontro recorda a Tragédia de Mariana que permanece viva em nossas lutas e em nossas lembranças sendo ela um grande desafio contemporâneo que une as diversas expressões de fé e compreensões do sagrado para buscar na diversidade a unidade para, assim, desenvolver novas relações com a casa comum.

A natureza e os seres humanos não estão dissociados, ao contrário, são frutos da mesma criação e possuem uma interdependência intrínseca, algo que nosso modelo de desenvolvimento excludente, homicida e ecocida têm feito e que, por vezes, esquecemos. Da mesma forma, não existe, para nós, uma justiça ambiental que esteja separada da questão social, já que, em geral, quem menos contribui com a degradação ambiental é quem sofre os maiores danos em momentos de desastre. Repudiamos qualquer forma de privatização da água, terra, vento, energia e demais componentes desse mosaico que se chama criação, bem como nos comprometemos com a luta pela/com a terra dos/das pobres e os/as pobres da terra, buscando neles a sabedoria e a esperança.

Denunciamos o golpe jurídico parlamentar sobre a democracia brasileira. Nas manobras procedimentais ficou claro que não foi respeitado o devido processo legal, visto que a presidenta apeada do poder já entrou condenada no processo e os parlamentares, muitos deles sob investigação ou denunciados por crime de corrupção e obstrução de justiça, já a haviam condenado de antemão, como uma maneira de estancar e encerrar as investigações em curso, que lhes poderia custar o mandato e a liberdade.

Esse golpe deixa claro que há a necessidade de se construir popularmente uma verdadeira reforma política, na qual se radicalize a democracia e o povo possa, de fato, exercer sua soberania. A reforma há de ser construída a partir do povo, com a criação de conselhos populares e participativos.

O enfrentamento ao pensamento capitalista é de fundamental importância para desconstrução do atual modelo antidemocrático de comunicação, no qual a informação é centralizada e distribuída de acordo com o interesse de grandes. Sendo assim, apoiamos e fortalecemos as mídias alternativas como saída para uma educação popular que privilegie o acesso completo às informações. Defendemos, com isso, a independência e a democratização dos meios públicos de comunicação

A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Diante desse genocídio, afirmamos nossa denúncia contra um Estado opressor, assassino e racista, cujo seu principal agente é a policia militar, como resquício de nossa história turbulenta da ditadura. Sonhamos com uma realidade em que a juventude negra tenha acessos, direitos e seu espaço reafirmado.

Consideramos fundamental o desafio constante de rever, também, os privilégios de sexualidade, gênero, classe social, religião; assim, destacamos e reivindicamos a necessidade de entender e assumir as lutas, de maneira interconectada. As lutas feministas não estão isoladas, estão perpassadas por outras. Reconhecemos o papel fundamental das juventudes na transgressão como processo na construção de mudanças, com diálogo aberto e crítico com outras gerações. “O corpo é uma festa” (Galeano).

Nos comprometemos com a luta pela construção de um Estado Laico para os diversos povos, no qual se assegure liberdade, respeito e reconhecimento das várias relações com o sagrado e suas manifestações, tendo em vista a superação das desigualdades culturais.

Os nossos corpos se libertam, dançam e sambam em busca de uma fé que liberte e uma espiritualidade que não oprima.

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