Bolsonaro merece a condenação e a cassação decorrente por ter contribuído, neste caso, pelo fortalecimento da cultura do estupro, tão subjacente à nossa vida. E por sua contribuição constante à difusão da barbárie, na condição de deputado federal mais votado do estado do Rio de Janeiro. Merece a condenação porque tem abusado da indulgência das autoridades para com os que banalizam a violência contra a mulher, desrespeitam os valores democráticos e incitam o ódio e o preconceito. Eram de Bolsonaro os cartazes levados pelo grupo de jovens fascistas que protagonizaram, na semana passada, uma cena de violência e incitação ao ódio na UnB, bradando contra “esquerdistas”, “gays parasitas”, entrae outras palavras de ordem odiosoas. Ao votar a favor da abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro homenageou brilhante Ulstra, o mais conhecido e truculento dos comandantes dos porões de tortura da ditadura. Foi crime de apologia à tortura.
Uma coisa é ser de direita, escolha garantida pela liberdade de credo ideológico garantida pela Constituição. Outra é violar sistematicamente os próprios princípios constitucionais, como faz Bolsonaro. O mau exemplo de figuras públicas como ele tem adubado a cultura de ódio, rancor e intolerância que foi se instalando na sociedade brasileira, suprimindo, até mesmo dentro da famílias, a convivência dentro da diversidade e da pluralidade. Condenando-o, o STF estará sendo pedagógico, como foi em outras decisões relacionadas com o primado da civilização sobre a barbárie. Por exemplo, ao legitimar as cotas racionais e dar consistência ao crime de racismo, ao autorizar o aborto de anencéfalos e as pesquisas com células tronco.