publicado por SUL21*
Ainda na terça-feira (30), representantes do futuro governo Jair Bolsonaro anunciaram a intenção de fundir o Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura. Para o Observatório do Clima, o presidente eleito “deixa claro que pretende cumprir cada uma das ameaças que fez durante a campanha ao meio ambiente e aos direitos difusos: enfraquecer o Ibama e o Instituto Chico Mendes, não demarcar mais um centímetro sequer de terras indígenas, acabar com todo tipo de ativismo e facilitar o acesso a armas de fogo por proprietários rurais”.
A rede, formada por dezenas de organizações ambientais, como Fundação SOS Mata Atlântica, Ipam, Imazon, WWF Brasil e Greenpeace, divulgou nota na qual destaca os perigos para o meio ambiente de se priorizar pautas da bancada ruralista. “O bolsonarismo vai, assim, mostrando sua cara: um regime ideológico de truculência e saque aos recursos naturais, que se curva às forças mais atrasadas do setor produtivo”, afirma.
Confira na íntegra:
Nota do Observatório do Clima sobre anúncio de junção do Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura
Os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente serão fundidos no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), assim como as pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio – formando este último o superministério da Economia. A decisão foi anunciada hoje (30), após reunião na casa do empresário Paulo Marinho, no Rio de Janeiro.
O movimento integra uma agenda maior de aliados de Bolsonaro, expressa também nesta terça-feira pela pauta prioritária da bancada ruralista: antes do final do ano, pretendem aprovar o enfraquecimento do licenciamento ambiental e o fim das demarcações de terras indígenas. Numa comissão do Senado, está marcada a votação de um projeto de lei relatado pelo senador bolsonarista Magno Malta que amplia as definições da lei de terrorismo para enquadrar organizações e movimentos da sociedade civil.
O bolsonarismo vai, assim, mostrando sua cara: um regime ideológico de truculência e saque aos recursos naturais, que se curva às forças mais atrasadas do setor produtivo para minar a competitividade do agronegócio brasileiro, que depende de uma governança ambiental forte, e tornar o Brasil um pária no cenário internacional.
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Publicado no site do jornal Sul21, 31/10/2018.