Donald Trump contra o Papa Francisco. Poderia ser o elo que une a história dos próximos anos, com o pontífice como firme defensor da solidariedade, da acolhida e da tolerância, e o presidente dos Estados Unidos, o tradicional líder do Ocidente liberal, praticando valores distantes, senão até opostos.
A luta contra o pontificado progressista demais de Bergoglio poderia encontrar mais de uma porta aberta no Vaticano, se a administração de Trump decidisse realizá-la. Quem diz isso é uma análise do jornal The New York Times dedicada a Steve Bannon, o conselheiro mais importante do presidente estadunidense.
Bannon é um católico conservador e, desde a sua direção do Breitbart News, cultivou relações cada vez mais estreitas com a hierarquia eclesiástica. O New York Times revela que, há pouco tempo, antes de se comprometer politicamente ao lado de Donald Trump, Bannon havia se encontrado com cardeal estadunidense Raymond Burke.
Burke é, há muito tempo, um dos pontos de referência da silenciosa, mas ativa, batalha da Igreja conservadora contra o pontificado de Jorge Bergoglio. Um conflito aceso, como demonstrado por aquilo que aconteceu com a Ordem dos Cavaleiros de Malta.
O New York Times evidencia que, à parte a hierarquia eclesiástica adversa a Francisco, a relação entre Bannon e Burke, que poderia tornar mais estreita a relação com a administração de Trump, é olhada com particular interesse. O novo presidente dos Estados Unidos compartilha com essa parte do mundo católico os temores com a excessiva condescendência do pontífice em relação ao Islã e a defesa intransigente dos valores católicos. Em particular, aqueles relativos à moral católica, como a luta contra o aborto, que Trump declarou que quer defender nas suas nomeações judiciais.
*A nota é do sítio Giornalettismo, 07-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Fonte: www.ihu.unisinos.br, 09/02/2017