Os cuidados com a reprodução do mosquito estão sendo abordados dentro dos cursos dos Programas Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), Uma Terra e Duas Águas (P1+2) e Cisternas nas Escolas executados pelas organizações da sociedade civil que fazem parte da ASA. Outra estratégia importante, adotada por algumas entidades em vários estados, é a parceria com as prefeituras para que os agentes de saúde municipais orientem as famílias em momentos coletivos.
Para este ano, estão previstas a construção de 31 mil tecnologias sociais que guardam água para consumo humano e 7.685 tecnologias que armazenam para produção de alimentos e a criação de animais (cisternas-calçadão, cisternas-enxurrada e barragens subterrâneas). O que significa que cerca de 38 mil famílias conquistarão cisternas e estarão envolvidas em ações de formação e mobilização da ASA, que são multiplicadas nas comunidades e acabam envolvendo outras famílias.
O coordenador do P1MC, Rafael Neves, conta que o trabalho da ASA é pautado pela mobilização e formação social. Nesse sentido, as famílias que são mobilizadas através dos Programas da ASA são capacitadas em um processo que visa seu protagonismo social acerca das políticas públicas. “Abordamos os direitos que devem ser cobrados, mas também os deveres que devem ser cumpridos em respeito aos demais cidadãos. Se a cisterna é um direito conquistado por um lado, por outro, os cuidados com a mesma, e com a água nela armazenada, é responsabilidade da família que a conquistou”, avalia.
Sergipe – Nos cursos de Gestão de Recursos Hídricos (GRH) do P1MC, as famílias receberam orientações de agentes de saúde. Uma parceria entre a ASA Sergipe e a Secretaria Estadual de Saúde vem garantindo a distribuição de materiais informativos como folder e cartaz, além de rodas de conversa nas Comissões Municipais e agentes de saúde.
“A cisterna é um grande reservatório para a vida, mas também tem que ser tomadas precauções. O suspiro por onde sai a água excedente da cisterna, orientamos que se use um pano fechando, pois há um tampão com furos que pode servir de entrada para o mosquito”, explica o coordenador do P1MC da organização Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC), Gildo Alves de Oliveira.
O agricultor e técnico em agropecuária, José Antônio dos Santos, de 53 anos, foi um dos agricultores do assentamento Joseli Nunes, que fica no município de Carira (SE), que participou de curso sobre cuidados com a cisterna. “Foi um curso especial pra gente pela necessidade que o país está tendo. Aprendemos coletivamente como se prevenir para que o mosquito da dengue não se multiplique. O curso explicou como evitar que o reservatório fique exposto. Nossa cisterna é bem lacrada e não tem como o mosquito nem respirar”, disse.
A agricultora Josefa Santana, de 47 anos, também participou das capacitações no assentamento. “Foram dois dias de curso onde a gente aprendeu a deixar a cisterna tampada, vidros emborcados, vasilhas cobertas, pneus sem água dentro. É mais um cuidado com a saúde da gente”, conta.
Alagoas – No município de Minador do Negrão, em Alagoas, as famílias que conquistaram a tecnologia social do P1+2, e representantes do poder público municipal participaram da reunião para o combate ao mosquito. Na comunidade Jiquiri, o Cdecma, organização da ASA Alagoas, apresentou vídeos, slides, esclareceu os participantes sobre formas de prevenir e combater os focos do mosquito nas residências e na comunidade e ensinou as famílias receitas de repelentes naturais. O Cdecma contou com o apoio de um agente de endemia que falou sobre medidas de prevenção da proliferação do mosquito. “A reunião foi muito importante porque levou a gente a refletir sobre o combate ao mosquito da dengue, que está causando muito mal à população. Nós discutimos e vimos exemplos de como nos prevenir e nos livrarmos do mosquito e cuidar da cisterna. Vendo nossas casas, primeiramente, e alertarmos nossos vizinhos para eliminarmos qualquer criadouro do mosquito”, disse a agricultora Maria José da comunidade Jiquiri.
As famílias estão atentas em manter a limpeza das calhas, usar blusas e calças compridas pela manhã e ao final da tarde, deixar sempre objetos virados de boca para baixo, lixo fechado, evitar entulhos dentro e fora da propriedade e usar repelentes naturais.
Bahia – O tema da Campanha da Fraternidade 2016 “Casa Comum, Nossa Responsabilidade” serviu de inspiração para a organização Centro Comunitário da Paróquia São Pedro promover encontros com as famílias agricultoras sobre a importância de provocar o poder público para a criação de políticas públicas que garantam o direito ao saneamento básico.
As famílias que residem em áreas com falta de saneamento são as mais suscetíveis a ter a doença. “São encontros paroquiais com presença de agentes de pastorais, comunitários e comissões. Iremos também realizar palestras nas escolas e nos núcleos rurais”, explica Robério Aires. Está programada também uma mobilização para o dia 22 de março (Dia Mundial da Água), no município de Aracatu, para chamar atenção de todos e todas para o compromisso na luta contra o mosquito.
Minas Gerais – A organização Cáritas Diocesana de Araçuaí debate com cada família para combater o avanço do mosquito nas comunidades. Durante as visitas de intercâmbio de experiências entre famílias são divulgadas as informações e os cuidados básicos com a cisterna e a água armazenada. Na semana de 15 a 19 de fevereiro participaram também de mobilização na área urbana da cidade de Araçuaí convidando a comunidade para se unir a essa causa.
Pernambuco – A organização Diaconia aborda o tema nas capacitações com as Comissões Municipais e nos cursos de Gestão de Recursos Hídricos (GRH). “Além disso, em cada comunidade participamos de momentos com os agentes comunitários de saúde, com sensibilização e entrega de material”, conta o coordenador de Unidade Territorial da Diaconia, Leonardo Freitas.
Ceará – No município de Crateús, as famílias participaram de palestras com agentes de saúde, abordaram os cuidados nas capacitações de Sistema Simplificado de Manejo da Água (Sisma) doo P1+2 e receberam folderes a partir de atividades organizadas pela Fetraece (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará).