Maceió/AL, 06 de agosto de 2018:
“Ai dos que transformam o direito em veneno e atiram a justiça por terra” (Amós 5,7).
Nestes últimos dias acompanhamos uma situação um tanto quanto problemática e que figura nos quadros políticos e religiosos como armadilha feita por lobos em peles de cordeiros. É o fato de um senador do Espírito Santo que, ao pousar de ecumênico, mas sem comprometimento com qualquer movimento de luta por direitos humanos e projetos sociais e integrativos, tem sua foto estampada em jornal de comunicação social junto com o arcebispo católico de Vitória.
Caberia aí firme denúncia do jogo sórdido deste senador, que carrega as marcas de um político e religioso contrário às práticas em favor da dignidade do povo e, consequentemente, muito distante do Evangelho e da prática libertadora de Jesus. Até aí poderíamos alertar. No entanto, os desdobramentos de tal imagem nos colocaram outro perigo ainda maior: seguindo os princípios do trabalho social e acompanhamentos das ações da Comissão de Justiça e Paz, o então coordenador estadual, em ato profético, informa a renúncia do seu cargo, pois consegue visualizar que há muito mais a se perceber neste jogo perigoso para além da “foto”.
A carta de renúncia do presidente da Comissão Justiça e Paz expõe o grito de que “transformaram o direito em veneno e atiraram a justiça por terra”, como dissera Amós contra o rei Jeroboão II, sua corte e seus sacerdotes (Amasias). A foto estampou os “Amasias e Jeroboãos” de nossos dias, pois a ação seguinte do arcebispo foi de destituir toda a equipe da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória. Tal ação vai contra as dimensões, as diretrizes e os caminhos construídos pela Igreja marcada pelo Concílio Vaticano II. A Doutrina Social da Igreja Católica, as Diretrizes da CNBB e o caminhar impulsionado pelo Papa Francisco foram colocados de lado. Pois melhor a imagem de uma Igreja em aliança com políticos corruptos e aproveitadores do que aliança com o Evangelho, com a Doutrina Social e com uma “Igreja em Saída”.
O CEBI aposta no caminho no qual o Evangelho prevaleça e em que a posição da Igreja Católica de Vitória seja revista e se possa resgatar a Justiça e o Direito para o bem do povo. Que se desfaçam alianças políticas que não visam o bem comum. Destituir uma Comissão de Justiça e Paz, em tempos de muita exploração, opressão, violências e de injustiças é no mínimo, jogar por terra o Evangelho, o Reino e a sua Justiça.
–
Por Direção Nacional do CEBI.