Durante o mês de outubro, Mercedes de Budalles e Célio Amaro, ambos do CEBI-GO, estão em Moçambique, na África, representando o CEBI. Eles embarcaram para um trabalho de troca de experiências, formação bíblica com lideranças locais e também para diálogos com professores/as e estudantes de uma escola popular.
O objetivo da integração é partilhar “um pouco da nossa experiência com a leitura popular da Bíblia e também aprender com nossos irmãos e nossas irmãs de Moçambique”, afirma Célio.
Em meio a uma programação intensa, que conta com diferentes encontros nas regiões de Nampula (centro-norte) e Cabo Delgado (norte), Célio e Mercedes vão enviando notícias:
“Chegamos bem a Mecuburi, no dia 04 de outubro. Fomos conhecer o projeto da Escola Familiar Rural, Muito apaixonante e desafiante. A realidade das escolas aqui é de doer o coração…”
“Hoje já é dia 17 de outubro, trabalhamos com lideranças da Paróquia Católica de Cristo Rei, em Metoro. Um dia de muitas partilhas de saberes, estudos de textos bíblicos e descobertas. Somos 24 participantes. O jeito do povo cantar e celebrar é contagiante. A gente sente Deus falando em tantas línguas e sons.”
No dia 21 de outubro, Mercedes e Célio estiveram em Namuno, província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. No encontro, organizado em parceria com a diocese Católica de Pemba, participaram 45 pessoas. As comunidades católicas de Namuno contam com a colaboração dois padres brasileiros: Eriberto e Pedrinho Secreti, que por muitos anos foi articulador do CEBI em Rondônia.
Integração
A relação entre o CEBI e as comunidades de Moçambique já dura mais de 20 anos. Ainda no ano de 2006, em um seminário de avaliação sobre a relação entre o CEBI, o ISER-Assessoria e outras entidades com presença em Moçambique, depois de partilharem a história de seu povo, os representantes moçambicanos foram indagados sobre o que as Igrejas de Moçambique esperam do Brasil. Romão Joaquim Capossa, um dos participantes, de maneira profética, afirmou: “que vocês simplesmente nos ajudem a sermos mais moçambicanos e mais africanos”.
A fala de Romão (integrante da Igreja Católica), confirmada por Carlos Matsinhe e Elias Muholove, ambos da Igreja Anglicana, reforçou a escolha que o CEBI já havia feito: evitar toda e qualquer forma de neocolonialismo, mesmo em nome da Leitura Transformadora da Bíblia. Assim tem sido a presença do CEBI…
- durante anos colaborou no Seminário Unido de Ricatla, entidade de formação teológica que congrega estudantes de seis a oito igrejas protestantes;
- também de onde nasceu a Rede Emaús, experiência autóctone de leitura libertadora da Bíblia, a Rede Emaús vive momentos de fragilidade, depois de vários anos de boa caminhada.
Ainda assim, o CEBI continua apostando na ampliação de uma teia de grupos de leitura bíblica com rosto moçambicano, que possa servir cada vez mais da busca pela superação das dificuldades daquele povo a partir de suas próprias iniciativas.
Moçambique é um país em que as Igrejas possuem importante papel, seja no enfrentamento da pobreza ou no permanente esforço de recuperação de suas tradições. Uma cultura rica e diversa, com tantos idiomas (são 28!), que acabou sendo sufocada em função de tantos anos do colonialismo português. O CEBI busca, neste contexto, ajudar a problematizar temas como violência contra a mulher e o machismo, por exemplo. E aprende, cotidianamente, a ler a Bíblia a partir da experiência da negritude.
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Fonte: CEBI Comunicação. Colaboraram Edmilson Schinelo, Secretário de Articulação do CEBI Nacional, e Célio Amaro, do CEBI-GO. 23/10/2017.
Fotos: Enviadas por Célio Amaro desde Moçambique, via WhatsApp.