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Qual é o maior mandamento da lei? [Fábio Antunes do Nascimento]

Leia o artigo enviado pelo Pe. Fábio Nascimento, agente de Pastoral, mestrando em Teologia Pastoral, Presbitero Diocesano e colunista do CEBI.

Boa meditação!

A introdução do Evangelho apresenta a intenção dos fariseus ao fazer uma pergunta a Jesus. Não se trata de buscar uma resposta, mas a intenção capciosa de colocar Jesus numa situação difícil. Afinal de contas, os letrados mestres da Lei e fariseus conheciam muito bem a resposta. Como profundos conhecedores da Sagrada Escritura eles sabiam que a síntese de toda a lei e dos Profetas é o mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Amar com todo entendimento

Os mestres da Lei e fariseus tinham uma profunda devoção pelas Escrituras. Desde muito cedo, na infância, eram preparados para conhecer toda a lei e os profetas. Seu método de ensino baseava-se na memorização, assim o nível de excelência de conhecimento para um mestre da Lei judeu estava em sua capacidade de recitar trechos da Lei e dos Profetas. A prática de Jesus e sua vivência da lei vai representar o largo caminho que os entendidos do judaísmo não alcançarão percorrer: passar da letra para a vida, do entendimento para o coração e a alma.

Amar com todo o coração

Jesus recebeu a instrução religiosa sobre a Lei e os profetas, mas a compreensão que Jesus teve dessa lei não se restringiu a uma teoria, ou seja, só um entendimento ou conceito. Sua ideia das letras da lei, a partir da experiência da vida do seu povo e sua profunda comunhão com o Pai, permitiram a Jesus entender o sentido mais profundo da lei em seu coração.

Como Deus mesmo quis que a aliança fosse recordada: que estivesse escrita não em tábuas, mas no próprio coração… Amar a Deus com todo o coração significa sentir no próprio coração os sentimentos de Deus. Para os judeus o coração é o centro das decisões humanas, ou seja, quando dizemos que Jesus ama a Deus com todo seu coração, dizemos que Jesus faz tudo como os mesmos sentimentos e vontades de Deus.

Amar a Deus com toda a tua alma

A alma coincide com o espírito que é o que anima, o que move a pessoa. Quando dizemos que devemos amar a Deus com toda a alma, significa que todas as nossas ações devem ser um reflexo do próprio Deus, é o próprio espírito de Deus que nos guia.

“Não oprima nem maltrate o estrangeiro por quê também fostes estrangeiro no Egito. Em verdade todos somos estrangeiros” (Êxodo 22,20). Nesse Versículo da primeira leitura encontramos uma das maneiras de concretizar a lei de Deus expressando que ela está no nosso coração e em nossa alma.

Acolher, não maltratar, assistir e amar o estrangeiro é cumprir a lei de Deus. Nesse sentido, o estrangeiro representa a categoria de pessoa marginalizada, que hoje poderíamos aplicar a tantas categorias de pessoas que estão abandonadas ou excluídas.

Pensemos, por exemplo, nos/as migrantes e refugiados/as, os/as homossexuais, nos/as moradores de rua, nos homens e mulheres prostituídos e traficados, e os/as escravizados/as. Esses e tantos outros são o próximo a quem a lei ordena que amemos como a nós mesmos.

Quão longe estamos de cumprir a lei? Ao que parece, estamos distante, pois o cenário que vemos é de crescimento de fundamentalismos religiosos, preconceitos de gênero, racismo, segregação social, de defesa de armamentos e penas de morte.

Quem diz amar a Deus mas não vê e não ama o irmão, é mentiroso.

Fonte: Texto de Fabio Antunes do Nascimento, enviado por email, 27/10/2017. As opiniões e ideias expostas são de responsabilidade do autor.

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