Espiritualidades

Jesus de Nazaré: Simplicidade, Profecia e Compaixão Libertadora

Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima.” (Mt. 21.7).

A entrada de Jesus em Jerusalém montado em uma jumentinha emprestada foi um anúncio profético do Messias Libertador. Isto de forma simbólica. Cumpre-se a profecia de Zacarias:

Eis que teu rei vem a ti. Manso e montado numa jumenta, e num jumentinho, filhote de um animal de carga” ( Zc. 9,9).

Este evento que tem como personagem principal o Rei manso e pobre, e que foi marcado por coisas simples; A jumentinha que era o animal usado pelos pobres para viagens e serviços, típico dos camponeses, os ramos extraídos das árvores e vestes usadas como tapete nas ruas empoeiradas para a chegada do Deus pobre. O público que esperava sua entrada na cidade não eram os da elite de Jerusalém, mas em geral o povo. Um ato profético que escancara a simplicidade do Jesus de Nazaré que radicalmente denuncia a ostentação dos poderosos da Palestina.

Sua entrada como Rei e Messias libertador vai além de uma perspectiva espiritualista e reducionista. Ela tem também aponta para uma dimensão política. Sua chegada causou um grande incômodo aos poderes que dominavam a Palestina. Incômodos no mínimo desagradáveis à Roma, o centro do poder dominante que em conluio com os religiosos de Jerusalém tomaram o estado de direito sob pena de opressão ao povo.

O caminho de Jesus trouxe fé, esperança e amor para um povo oprimido. Jesus decidiu em meio à injustiça e opressão ficar ao lado dos pobres. Isso causou a ira dos poderosos e por essa razão era uma ameaça ao sistema político, religioso e econômico da época. Esse seguimento de Jesus de Nazaré não surge como um reformismo do sistema, mas um rompimento, uma quebra de paradigmas para a construção de um novo a partir do Reino de Deus. Isto custou-lhe prisão, tortura cruel romana e morte de cruz.

É chegando o Reino de Deus. O Deus libertador! Jesus faz opção pelos pobres e traz a boa notícia. Um novo tempo de refrigério, fraternidade, partilha, compaixão e misericórdia. O Reino do servo sofredor se faz presente entre o povo, não apenas em palavras, mas na encarnação do amor de Deus demonstrados em atos compaixão. Jesus caminha com o povo como o Deus humano, que entra na história, que decide interagir na vida das pessoas. Em meio ao sofrimento e dor, traz a viva esperança e um novo tempo.

Como igreja de Jesus temos buscado viver o Jesus dos pobres? O servo sofredor que caminha entre o povo e com o povo? Temos nos posicionado contra todo tipo de opressão e ostentação instaurados nos sistemas dominantes? Que possamos buscar e viver o Jesus de Nazaré, o Deus encarnado que amou o mundo, que veio trazer as boas novas de libertação.

Fonte: Texto de Marcos Aurélio dos Santos, publicado em www.teologiaevida.com.br.

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