Por Marcos Aurélio dos Santos*
Em uma busca constante de conhecer Deus, vários pensadores cristãos como também de outros grupos religiosos têm construído ou reproduzido várias teologias. É importante dizer que em cada cultura e contexto histórico, teólogos e teólogas, por meio da práxis, estudos, reflexões e pesquisas, contribuíram para o surgimento de diversas teologias, com ensinamentos diversos sobre Deus, e por isso, é um equívoco achar que há uma “teologia suprema”, detentora da verdade sobre Deus, única e infalível. Tal pensamento não encontra sustentação lógica, se levarmos em conta que Deus é diverso e plural, que não se limita a um pensamento restrito às pequeninas intenções dos soberbos.
As teologias fundamentalistas tem sérias dificuldades de reconhecer a importância, ou até mesmo a existência de outras teologias, isso ocorre nas diversas religiões, como no cristianismo, islamismo, hinduísmo e etc. Baseadas no fundamento de que só há uma verdade sobre Deus, rejeitam o relativismo, o diálogo e respeito às outras teologias, sobretudo se posicionam como únicas e verdadeiras, sob alegação de que Deus rejeita as demais teologias, limitando Deus a um retrocesso, sempre olhando para trás, numa tentativa de manter Deus distante das culturas, história e do contexto de nossos dias.
Toda teologia deve ser dialogal e libertadora, isto por uma simples razão: o Deus é libertador, Ele quer ouvir e responder a todos, Ele ama o seu povo, é o Deus que caminha em meio ao pluralismo e diversidade. Deus não se limita a uma linha reta, alinhando-se a um pequeno grupo particular e exclusivo. As teologias não devem ser reproduzidas sob uma imposição hierárquica imperialista, mas construídas a partir da vida, da realidade e contexto de cada povo, na prática, nos caminhos utópicos da libertação.
A teologia é feita com pé no chão, na poeira da estrada, de maneira concreta, sem artificialidade, na realidade de hoje, na vida, no contexto em que vivemos, a teologia não é apenas um exercício intelectual para acúmulo de informação e conhecimento, o escritório é apenas o lugar para organizar as ideias e escrevê-las, urge uma prática concreta, sobretudo a partir dos pobres, no exemplo claro do subversivo da Galileia, que fez teologia com o povo. Uma teologia libertadora ouve a voz de Deus e do povo, das comunidades, não se fecha em seu pequeno mundo, mas ao contrário, deve estar sempre aberta para ouvir e dialogar também com as diversas teologias, levando sempre em conta a vida, a história e o contexto dos dias atuais.
**Marcos Aurélio Dos Santos, Membro do cebi RN.