Artigos e Reflexões

Dom Pedro Casaldáliga: uma vida em meio ao pobre – [Pe. José Oscar Beozzo]

Dom Pedro Casaldáliga: uma vida em meio ao pobre – Pe. José Oscar Beozzo
APRESENTAÇÃO

Pe. José Oscar Beozzo[1]

A Catalunha natal de Pedro Casaldáliga y Pla está ganhando o privilégio de ter em mãos, de uma só vez, num único volume, cinco diários de seu filho ilustre escritos ao longo de mais de três décadas de “rebelde fidelidade” e com o sugestivo título, “Uma vida em meio ao pobre”:

– Creo en la justicia y en la esperanza,

– La muerte que da sentido a mi vida,

– En rebelde fidelidad,

– Nicaragua combate y profecia,

– Cuando los dias dan que pensar.

Dom Pedro traz de volta para os seus, que sempre o acompanharam de longe, os caminhos que percorreu, os rios que navegou, os sonhos que sonhou, as lutas que pelejou como um Quixote moderno desafiando moinhos que não são de vento.

Apresenta-se com a mesma veia poética e a mordaz ironia do cavaleiro da Mancha. Sua dama é a mesma de Francisco de Assis, a senhora Pobreza, evangélica e militante, em favor dos pequenos:

“No tener nada,

No llevar nada,

No poder nada,

No pedir nada

No callar nada.

Solamente el Evangelio, como una faca afilada.

Y el llanto y la risa en la mirada.

Y la mano extendida y apretada.

Y la vida, a caballo, dada.

Y este sol y estos ríos y esta tierra comprada,

Para testigos de la Revolución estallada.

Y “mais nada”![2]

Diários, são obras fascinantes e desafiantes. Página após página, o autor nos toma pela mão para segui-lo por sendas e caminhos interiores, por paisagens e eventos, com o olhar novo de quem os experimentou e palmilhou, partilhando frente aos acontecimentos e pessoas, sentimentos e esperanças, lágrimas e preces, ternura e indignação.

“Maldito sea el Latifundio,

Salvo los ojos de sus vacas”[3].

Corria o ano de 1971 já sob a pesada censura e medo dos anos de chumbo da ditadura militar, agravados e exacerbados pelo Ato Institucional no. 5 (13-12-1968) que suspendera o estado de direito e as garantias individuais no país, fechara o congresso e colocara o estado e seu aparelho de repressão em guerra contra a sociedade civil, suas instituições, seus cidadãos e suas liberdades.

Caiu como um raio em céu azul, a corajosa Carta Pastoral “Uma Igreja na Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social” de um desconhecido prelado que já vivia desde 1968 como missionário no norte do Mato Grosso e tomava posse da também ignorada e distante Prelazia de São Felix de Araguaia: 150.000 quilômetros quadrados de campos e matas escassamente povoados e altamente cobiçados, beirando o Rio Araguaia e já lambendo as franjas da floresta amazônica.

A censura militar captou de imediato a força explosiva daquele relato, proibindo sua circulação.

A Carta denunciava os abusos de hoje na estrutura de sempre da terra grilada, concentrada e monopolizada, da desigualdade abissal entre os donos do pedaço e os que sobrevivem de favor em terra alheia; do trabalho escravo e do genocídio indígena.

Sob o manto da modernidade com o “incentivo fiscal” de impostos não recolhidos desde que aplicados na Amazônia, com generosos empréstimos dos bancos oficiais, empresas multinacionais, bancos e montadoras de automóveis apossaram-se com violência da terra de posseiros e indígenas, fazendo ressurgir o velho coronelismo dos interiores do Brasil, com seus capangas e pistoleiros, ausência do estado e da justiça e a conhecida conivência das autoridades no acobertamento de seus crimes.

Despachado por meu bispo de Lins, para não ser preso pelos militares, de volta à Universidade de Louvain, onde me formara em ciências sociais, caiu-me em mãos um exemplar da carta de Dom Pedro Casaldáliga, ainda nos fins de 1971. Li-a de noite, numa tirada só e, na manhã seguinte, pouco sabendo daquele bispo destemido, já estava no apartamento de um jovem casal belga, para a traduzirmos juntos para o francês e divulgá-la mimeografada entre os estudantes, exilados políticos e setores de igreja interessados no Brasil e na América Latina.

A carta entremeava o rigor dos dados estatísticos, com o vívido relato de histórias de vida e eventos que denunciavam a violência do moderno latifúndio das madeireiras, fazendas de gado e grileiros de terra. Resgatava o calvário, mas também a tenaz resistência com lampejos de esperança de índios, posseiros e das nascentes comunidades de base que passaram a encontrar um sólido respaldo na Prelazia e no seu bispo.

A carta retomava também para os dias de hoje, a desassombrada palavra dos profetas e a radical opção de Jesus por pobres e pequenos e por sua libertação.

Era como se ecoasse na Amazônia o grito do profeta Isaías, naqueles sete “ais” com que ameaçava os poderosos de seu tempo:

“Ai dos que juntam casa a casa,

dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais espaço disponível,

até serem eles os únicos moradores da terra” (Is. 5, 8).

A maldição do profeta encontrou eco certeiro na célebre invectiva de Dom Pedro:

“Malditas todas as cercas!”

“Uma Igreja na Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social” anunciava sem delongas o projeto de vida e o sonho de Igreja e de sociedade que animavam a prelazia e o seu novo bispo:

“Depois de três anos de missão neste norte do Mato Grosso, tentando descobrir os sinais do tempo e do lugar, justamente com outros sacerdotes, religiosos e leigos, na palavra, no silêncio, na dor e na vida do povo -, agora, com motivo de minha sagração episcopal, sinto-me na necessidade e no dever de compartilhar publicamente, como que a nível de Igreja nacional e em termos de consciência pública, a descoberta angustiosa, premente.

Para dar a conhecer esta Igreja às outras Igrejas irmãs, à Igreja. Para pedir e possibilitar, também desde essa Igreja, uma maior comunhão, uma colegialidade mais real, uma mais decidida co-responsabilidade. Talvez também para despertar e chamar respostas e vocações concretas…

Nenhuma igreja pode viver isolada. Toda igreja é universal, na comunhão de uma mesma Esperança e no comum serviço do amor de Cristo que liberta e salva”. Cada parte contribui com os seus dons peculiares para as demais e para toda a Igreja, de modo que a o todo e cada parte crescem por comunicação mútua e pelo esforço comum em ordem a alcançar a plenitude na unidade” (LG 13).

O “momento publicitário” de projetos e realizações que a Amazônia está vivendo, e a opção de prioridade que a própria Igreja do Brasil fez por ela, através da CNBB, justificam também com nova razão esta minha declaração pública.

Se a primeira missão do bispo é ser “profeta” e o “o profeta é aquele que diz a verdade diante de todo um povo”; se ser bispo é ser voz daqueles que não têm voz (Cardeal Marti), eu não poderia, honestamente, ficar de boca calada ao receber a plenitude do serviço sacerdotal”[4].

Na carta, já se encontravam em germe, os clamores e intuições que levariam a Igreja do Brasil a organizar, logo depois, dois de seus organismos que melhor traduziram na prática seu compromisso de igreja solidária com as lutas populares: o Conselho Indigenista Missionário, o CIMI (1972)[5], e a Comissão Pastoral da Terra, a CPT (1975)[6].

“Estamos outra vez em pé de Testemunho,

São Romero da América, pastor e mártir nosso!

Romero de uma Paz, quase impossível, nesta Terra em guerra”[7].

A 11 de outubro de 1976, no povoado de Ribeirão Bonito, o bispo e o missionário jesuíta Pe. João Bosco Penido Burnier acudiram à cadeia local de onde se ouviam os gritos de duas mulheres presas, dona Margarida Barbosa e Dona Santana. A primeira estava sendo espancada e torturada e a segunda, ainda de resguardo pela criança recém-nascida fora violentada por soldados da Polícia Militar de Mato Grosso.

Quando intervieram em favor daquelas mulheres, o bispo e o padre foram ofendidos e insultados. O padre recebeu um soco e uma coronhada no rosto e um tiro de bala dum-dum na cabeça, pois alto e corpulento tinha mais cara de bispo do que o franzino Pedro Casaldáliga.

Levado agonizante para Goiânia, Pe. Burnier faleceu no dia seguinte, 12 de outubro, data fatídica para os povos indígenas do continente e dia feliz para Espanha e Europa que iniciaram em 1492 a colonização destas terras[8].

A data enlaça duas ardentes preocupações do bispo Casaldáliga: a Memória dos Mártires e a Pátria Grande Latino-americana:

“América India todavía

— madre en la Libertad y en la Sabiduría!

América, ayer española

— romántica novia!

América Libre Nueva mañana

— hermana!” [9].

Ali em Ribeirão Bonito, terminada a missa de sétimo dia, o povo indignado destruiu e queimou a delegacia de polícia, local de espancamentos, injustiças e barbaridades a serviço dos poderosos contra os pequenos do lugar. Sobre as ruínas, plantaram uma cruz, a Cruz da Libertação, e depois ergueram uma capela. Mais tarde foi levantado o Santuário dos Mártires da Caminhada, com painéis de Cerezo Barredo[10], lembrando aquele martírio e os milhares de outros que ensangüentaram a “Nossa América” nas décadas de 70 e 80, incluindo o do Arcebispo de El Salvador, Dom Oscar Romero, junto com tantos delegados da Palavra, tantos indígenas guatemaltecos como o pai e outros familiares de Rigoberta Menchú, religiosas e religiosos, catequistas e mães de família.

Esses martírios não cessaram de todo. Repetem-se cada vez que vozes se levantam em favor da justiça, dos pobres e mesmo do meio ambiente, como vimos há pouco, com o covarde assassinato em Anapu, no sul do Pará, da missionária norte-americana, nacionalizada brasileira, Ir. Dorothy Stang, já de cabeça toda branca, sorriso sereno e largo, nos seus 73 anos de vida entregada em ministério de justiça e de paz.[11]. Ela colocou-se na defesa dos lavradores assentados em projeto de manejo sustentável da floresta amazônica, contra o interesse de madeireiras e grileiros de terra.

A Romaria dos Mártires da Caminhada, realizada a julho de cada ano, tornou-se uma referência nacional e internacional, buscando responder à advertência de Casaldáliga:

“Eu venho dizendo há muito

que um Povo ou uma Igreja que esqueçam seus mártires

não merecem sobreviver”.

Nos 25 anos do martírio do Pe. João Bosco, ele explicitava o sentido do santuário e da romaria:

“Nesse santuário, único em seu gênero, ecumenicamente acolhedor do testemunho de todos aqueles e aquelas que vêm dando sua vida pela Causa maior de Deus, que é também a Causa maior da própria Humanidade”.

“Maria de la Esperanza,

Porque diste a luz la Vida”[12].

Três dias de ônibus, primeiro pelo asfalto e depois por estradas poeirentas levaram-me de Lins, em São Paulo, a São Felix do Araguaia, no Mato Grosso, para uma semana de estudos com os agentes de pastoral da prelazia.

Na chegada, recebeu-me o bispo, à porta de sua casa simples, igual a todas as outras daquela ponta de rua de terra. Caminhava com sua inseparável havaiana, o mesmo chinelo de dedo dos pobres de sua prelazia, camisa branca flutuando fora das calças, sorriso largo e acolhedor por detrás das lentas grossas de quem gastou a vista lendo demais, à luz de lamparinas e lampiões.

Foi logo tirar água do poço para que me lavasse e correu à cozinha fritar um ovo e esquentar um arroz. Precisei insistir para ajudar a lavar o prato, o copo e a frigideira.

A cama que recebi na casa apertada, era ao lado da sua, no seu próprio quarto. Deitava-se cedo, pois a luz bruxuleante e incerta da lamparina cansava logo os olhos. Acordava-se também cedo, ao canto dos galos, antes de o sol nascer.

A vida cercada de ameaças de morte e por pistoleiros rondando sua casa não alteravam a rotina e a serenidade do bispo: A porta que dava para a rua na frente e a outra, para o quintal atrás, seguiam sempre abertas, sem grades nem portões e as janelas bem escancaradas, para que entrassem o ar da madrugada, a luz do dia, o canto dos pássaros e o perfume das frutas amadurecidas.

Cegos, coxos, passantes madrugadores entravam, sem pedir licença para dizer bom dia e saudar o bispo sentado à mesa da copa-cozinha, interrompendo sua oração, leitura ou escrita.

Crianças corriam para o quintal bem cedo, antes que outros o fizessem, para catar no chão as frutas caídas de um frondoso pé de jambo e escapavam velozes com sua preciosa coleta.

Não foi difícil flagrar o bispo lavando sua própria roupa e deixando-a de molho numa pequena bacia.

Bem antes da onda feminista e da atenção a relações de gênero equânimes e justas, em São Felix do Araguaia, os trabalhos domésticos não sobrecarregavam as irmãs que viviam na casa do bispo, nem outras mulheres da equipe pastoral.

Varrer e limpar a casa, cozinhar e lavar pratos e panelas, lavar e passar a roupa eram tarefas irmãmente divididas entre todos e todas da casa, sem privilégios para alguns ou sobrecarga para outras.

Casaldáliga vive com igual paixão e coerência as grandes lutas libertárias na esfera econômica, social, política e cultural e as pequenas-grandes revoluções do quotidiano, reinventando, numa sociedade hierarquizada e machista, relações de igualdade e de fraternidade, de sororidade e ternura, “fraternura”, como gosta de inventar Leonardo Boff, na sua incansável busca para dar um nome ao rosto materno de Deus e a relações atravessadas por reciprocidade e cuidado, carinho e desvelo entre as pessoas.

Não é, pois, estranho que tantas Marias, comadres e meninas-moças, dirigentes de comunidades, puxadeiras de terço, rezas e novenas, benzedeiras, parteiras, mães, avós e valentes lutadoras compareçam nas páginas de seus diários e nos versos de suas poesias, ao lado da Maria de Nazaré, mãe de Jesus e fiel companheira na caminhada do povo.

… América Ameríndia, ainda na Paixão,

um dia tua morte, terá Ressurreição.

Os pobres desta terra queremos inventar

essa Terra-sem-males, que vem cada manhã[13].

Na vida do povo, alegrias e tristezas, pequenas vitórias e inevitáveis tropeços, lágrimas e risos convertem-se em apelo a Deus, em prece de louvor, lamentação ou intercessão. A natureza toda, na intuição certeira do salmista, narra as maravilhas de Deus: “Os céus contam a glória de Deus e o firmamento proclama a obra de suas mãos” (Sl 19, 2).

Pedro Casaldáliga, em sintonia com estas preces do povo e da natureza, nesses anos todos, no Brasil ou na Nicarágua, nas cidades ou corrutelas do sertão, nos santuários ou nos encontros de CEBs, ajudou-nos a todos a rezar melhor e mais bonito[14].

Mestre na arte de conversar com Deus, brindou-nos preces poéticas e proféticas, com o vigor e a beleza dos antigos salmos, vertidos na linguagem e na sensibilidade de hoje.

Saiu em busca também de uma liturgia afinada com as raízes do povo, renovada, mas igualmente viva e inculturada.

A “Missa da Terra Sem Males”, com versos seus e de Pedro Tierra, sacudiu as abóbadas da Catedral de São Paulo, no dia 22 de abril de 1979, arrastada pelo ritmo e o canto vigoroso de músicas de povos indígenas do continente, numa concelebração que reuniu 40 bispos em torno do altar, com muito fervor e esperança. Martín Coplas, argentino de ascendência quéchua e aymara, musicou o longo poema de penitência e ressurreição, de memória e compromisso, fazendo falar de novo “as flautas dos Andes emudecidas e o amedrontado tambor do coração do seu povo”, como comentou Pedro Casaldáliga[15].

No dizer de Pedro Tierra: “A Missa da Terra-sem-males começou a brotar sobre a pedra das ruínas de São Miguel no Rio Grande do Sul, Terra de fronteira entre a América espanhola e portuguesa, estas duas Américas que são uma só. América dividida pelo fogo dos conquistadores. O templo semi-destruído de São Miguel é um monumento testemunho do massacre do Povo Guarani, testemunho da resistência e da grandeza dos Povos Indígenas de toda a América. As pedras escurecidas pelo fogo e pelos séculos narram com seu terrível silêncio a passagem dos bandeirantes, a devastadora passagem dos exércitos de Portugal e Espanha. A própria História da Resistência dos Povos Indígenas aos conquistadores gestou no sangue esta Missa da Terra-sem-males. A marcha dos Povos indígenas do Continente, buscando seu próprio rosto, sua identidade, arrancou dos massacres sepultados pela história oficial toda a força de sua esperança num Continente libertado”[16].

Casaldáliga lembra que a inspiração primeira foi de uma missa “missioneira” em torno às Missões dos Sete Povos Guarani no Rio Grande do Sul: “Assim me pedia o irmão marista Antônio Cechin, gaúcho “arrependido”, revisador da História “mal-contada”, cronista apaixonado da caminhada do Povo, catequista da Libertação, também perseguido no “Templo e no Pretório”[17]. Terminou por converter-se numa missa dos Povos Indígenas todos do continente. “[…] tão diversificados em sua cultura e em suas realizações, foram reduzidos, pelos Povos Conquistadores, à categoria anônima e arrasada de “Índios”. Conhecidos como Índios apenas, como Índios foram depredados e confinados aos manuais e às vitrinas. Sua Memória, então, devia ser celebrada numa só Missa, una e comum, um Sangue só e uma igual Esperança: a Missa Ameríndia”[18].

Esse abraço aos povos indígenas do continente foi cultivado e aprofundado no fiel e diuturno pastoreio do povo Tapirapé, à beira do rio do mesmo nome e hoje espalhado em novas aldeias pelas suas terras reconquistadas e no acompanhamento, nem sempre fácil, do povo Carajá, por suas aldeias encarapitadas nos altos barrancos e ilhas do rio Araguaia ou ainda do povo Javaé, na Ilha do Bananal.

As Irmãzinhas de Jesus precederam Dom Pedro na atenção ao povo Tapirapé, onde chegaram muito jovens da França no longínquo 1952, tropeçando no português e sem saber uma palavra sequer de Tapirapé. Elas souberam inventar o silencioso caminho da inculturação solidária. Dom Pedro e o CIMI acrescentaram depois a luta pela demarcação das terras dos Tapirapés e Luís e Eunice o desafio de implantar uma educação bilíngüe, colocando por escrito memória e história, dicionário e gramática daquele valente povo tupi perdido e isolado num mar de povos do tronco macro-gê.

A paixão e compaixão solidária com lutas do povo negro em sua saga de fugas e rebeldia, produziram a outra grande celebração da libertação, a Missa dos Quilombos, com música do cantor e compositor negro Milton do Nascimento.

Na sua apresentação, escreveu Dom Pedro:

“Em nome de um deus supostamente branco e colonizador, que nações cristãs têm adorado como se fosse o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, milhões de Negros vêm sendo submetidos, durante séculos, à escravidão, ao desespero e à morte. No Brasil, na América, na África mãe, no Mundo.

Deportados, como “peças”, da ancestral Aruanda, encheram de mão de obra barata os canaviais e as minas e encheram as senzalas de indivíduos desaculturados, clandestinos, inviáveis. (Enchem ainda de sub-gente -para os brancos senhores e as brancas madames e a lei dos brancos- as cozinhas, os cais, os bordéis, as favelas, as baixadas, os xadrezes).

Mas um dia, uma noite, surgiram os Quilombos, e entre todos eles, o Sinai Negro de Palmares, e nasceu, de Palmares, o Moisés Negro, Zumbi. E a liberdade impossível e a identidade proibida floresceram, “em nome do Deus de todos os nomes”, “que fez toda carne, a preta e a branca, vermelhas no sangue”.

Vindos “do fundo da terra”, “da carne do açoite”, “do exílio da vida”, os Negros resolveram forçar “os novos Albores” e reconquistar Palmares e voltar à Aruanda”[19].

A missa foi celebrada pela primeira vez pelo Arcebispo negro da Paraíba, Dom José Maria Pires, acompanhado por Dom Helder Camara, na esplanada defronte ao Convento do Carmo no Recife, onde fora espetada, para escárnio dos escravos, a cabeça de seu chefe, Zumbi dos Palmares. Por setenta anos resistira o Quilombo às investidas de capitães do mato, às tropas baianas, pernambucanas e portuguesas, até ser derrotado, em 1695, pelos índios e mamelucos do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho.

Sobre o sentido da Missa e sua militante utopia escreveu Casaldáliga:

“Pedro Tierra e eu, já emprestamos nossa palavra, iradamente fraterna, à Causa dos Povos Indígenas, com a “Missa da Terra sem males”. Emprestamos agora a mesma palavra à Causa do Povo Negro, com esta Missa dos Quilombos.

Está na hora de cantar o Quilombo que vem vindo: está na hora de celebrar a Missa dos Quilombos, em rebelde esperança, com todos “os Negros da África, os Afros da América, os Negros do Mundo, na Aliança com todos os Pobres da Terra“[20].

Não tardou a intervenção da Congregação para os Sacramentos e o Culto Divino proibindo a celebração das duas missas, alegando que

“[…] a celebração eucarística deve ser somente memorial da morte e ressurreição do Senhor e não reivindicação de qualquer grupo humano e racial”[21].

Muitos bispos brasileiros argumentaram junto a Roma, para que fosse levantada a proibição, mostrando que mais da metade da população brasileira era de origem africana e que ser tornara urgente o processo de inculturação tanto da liturgia, como da teologia e da prática pastoral da Igreja do Brasil.

Roma seguiu inflexível na sua negativa, julgando insuficientes os argumentos encaminhados pela Comissão de Liturgia da CNBB, para justificar a celebração da Missa dos Quilombos:

[…] embora seja apreciado o zelo de arrependimento e de reparação que quer exprimir, não pode fazer este Dicastério desistir de emitir um julgamento e de não permitir para o futuro atos semelhantes à chamada ‘Missa dos Quilombos’”[22].

A proibição de que fosse celebrada a missa, não impediu que o canto de abertura da Missa dos Quilombos, “Estamos chegando…” fosse incorporado à liturgia das comunidades, país afora, por conta da beleza de sua letra e da força de sua musicalidade e ritmo:

“Estamos chegando do fundo da terra,
estamos chegando do ventre da noite,
da carne do açoite nós somos,
viemos lembrar”.

Sua louvação a Maria, Nega Mariama, tornou-se invocação obrigatória de encontros e celebrações:

“- Mariama,
Iya, Iya, ô,
Mãe do Bom Senhor!

Maria Mulata,
Maria daquela
colônia favela,
que foi Nazaré.

Morena formosa,
Mater dolorosa,
Sinhá vitoriosa,
Rosário dos pretos mistérios da Fé.

[…] Mucama Senhora e Mãe do Senhor

Canta sobre o Morro tua Profecia,
que derruba os ricos e os grandes, Maria.

Ergue os submetidos, marca os renegados.
samba na alegria dos pés congregados.

Encoraja os gritos, acende os olhares,
ajunta os escravos em novos Palmares.

Desce novamente às redes da vida
do teu Povo Negro, Negra Aparecida!!!” [23].

Por seu lado, despida da celebração eucarística, a Missa da Terra-sem-males foi alegre e festivamente cantada por indígenas de mais de trinta povos e por milhares de vozes dos representantes das CEBs de todo o Brasil, por convidados da América Latina e Caribe e pelo povo do lugar, na memorável noite de abertura do X Intereclesial das CEBs, em Ilhéus na Bahia, em julho de 2000. No final, u’a mãe de santo, o bispo local e uma pastora evangélica dançaram felizes no alto do palco da celebração e juntos abençoaram e despediram a assembléia.

Em Santo Ângelo, RS, no local de uma das reduções dos Sete Povos, há quatro anos atrás, dezenas de corais de igrejas luteranas, católicas e batistas do Rio Grande do Sul reuniram-se para cantar, diante de uma grande multidão emocionada, a Missa da Terra-sem Males. A celebração eucarística foi encerrada com o canto e dança de crianças guarani daquela região.

As duas missas, na força do seu texto e na beleza de sua música, continuam alimentando aquele compromisso maior de Jesus e dos seus discípulos, no serviço de uma libertação inculturada daqueles e daquelas que, em nosso continente, são os preferidos de Deus.

“Ai Nicarágua, Nicaraguita,

La flor más linda de mi querer …”

Corria o mês de fevereiro de 1980. No TUCA, o grande salão de atos da PUC de São Paulo, ainda marcado em suas paredes pelo fogo ateado pela repressão militar, em represália à universidade, aos estudantes e ao seu grão chanceler, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, estava apinhado de gente ocupando todos os espaços.

A Associação de Teólogos do Terceiro Mundo (ASETT) realizava no quadro do Congresso Internacional Ecumênico de Teologia, uma noite de homenagem à Nicarágua, com a presença do seu novo presidente, Daniel Ortega, da comandante Monica Baltodano, do franciscano Uriel Molina e de um jovem guerrilheiro saído de uma comunidade cristã de Manágua. Este tirou seu blusão de campanha e o entregou a Pedro Casaldáliga que imediatamente o envergou, declarando-o sacramento do seu compromisso com o povo e as comunidades da Nicarágua e sua revolução.

O bispo selava ali, para escândalo de fariseus e timoratos, seu entranhado compromisso com Nicarágua e logo depois El Salvador e toda a América Central, convulsionadas em lutas libertárias, feroz repressão interna e sanguinosa guerra de baixa intensidade promovida noite e dia pelo império. Quando o Congresso dos Estados Unidos proibiu a venda de armas na região, a CIA organizou o corredor por onde continuavam chegando clandestinamente, via Irã, armamentos e munições norte-americanas para os “Contra” na Nicarágua.

No seu diário “En rebelde fidelidad” anotou Dom Pedro no dia 12 de março de 1980:

“Durante el mes de febrero he participado de la Asamblea General de la CNBB, en Itaici, y, en São Paulo, del Congreso Internacional Ecuménico de Teología, el CIET.

En la asamblea episcopal hemos lanzado un importante documento: «Igreja e problemas da terra». El documento más preciso y comprometido, socialmente, que la CNBB, como un todo, haya producido.

El congreso de teología ha sido para mí una experiencia extraordinaria, única en su género. Por la convivencia de América Latina, Asia y África en una sola aspiración liberadora. Por el encuentro de personas entrañables. Una inmensa lista de nombres mayores y muy queridos. Por el hecho Nicaragua, tan vivo en el congreso. Por los indios, negros y asiáticos que reclamaban su identidad y aportaban los dones de su espíritu, mártir y contemplativo. Por la confrontación de los teólogos con unas bases críticas. Por el clima de oración que vivimos en aquellos días. Y por el documento final que marca muy certeramente unas líneas mayores para la pastoral y para la espiritualidad de la liberación.

El Vaticano -más concretamente el cardenal Baggio- y el Celam no se dieron muy bien con el Congreso. El cardenal de Sao Paulo, Don Pablo Evaristo, asumió el congreso con libertad y dignidad.

El ecumenismo fue una vivencia fuerte en el CIET. Y creció en mí el deseo, la necesidad vital de urgir siempre el ecumenismo.

Me hice muchas anotaciones en el congreso. Darían para un libro. Pergeñé muchos poemas, al calor de tantos testimonios y de tantas clarividencias. Los voy a reunir en un manojo de cantares, confidencias y gritos de la flauta criolla”[24].

A partir daquele momento, Dom Pedro, na linha de uma colegialidade que o fazia sentir-se co-responsável pelo caminhar de toda a Igreja passou a consagrar a cada ano um tempo de visita pastoral às comunidades cristãs golpeadas pela guerra em Nicarágua e noutros países da América Central.

O impacto de suas visitas à Nicarágua, as missas com as mães de filhos caídos em combate e que sacerdotes contrários à revolução se recusavam a celebrar, a dor de tanto sangue e lágrimas levou Pedro Casaldáliga a jejuar por anos seguidos, a cada sexta-feira, até que a paz voltasse à região.

Sua situação se complicou depois da rumorosa visita do Papa à Nicarágua e o desencontro entre este e o povo na missa multitudinária celebrada em Manágua. Foi instado a ir a Roma para sua visita “ad limina” e a suspender suas viagens à América Central.

Escreveu a João Paulo II antes de sua obrigada visita a Roma:

“Sei do sofrimento do senhor em sua viagem à Nicarágua. Mesmo assim, sinto-me no dever de confiar-lhe a impressão – que muitos compartilham – de que seus assessores e a atitude do senhor não contribuíram para que essa viagem, extremamente crítica e necessária por outra parte, fosse mais feliz e sobretudo mais evangelizadora. Ficou uma ferida no coração de muitos nicaragüenses e de muitos latino-americanos, como ficou no coração do senhor.

No ano passado, estive na Nicarágua. Foi a minha primeira saída do Brasil, depois de dezessete anos de permanência neste país. Pela amizade que tenho, há tempos, com muitos nicaragüenses, por contatos pessoais ou por carta, senti que deveria me fazer presente, como pessoa humana e como bispo da Igreja, numa hora de agressão político-militar gravíssima e de profundo sofrimento interno.

Não pretendi substituir o episcopado local, nem significar-lhe menor estima. Achei, entretanto, que poderia e até deveria ajudar aquele povo e aquela Igreja. Assim o escrevi aos senhores bispos da Nicarágua, tão logo ali cheguei. Tentei conversar pessoalmente com alguns deles, mas não fui recebido. A hierarquia nicaragüense está abertamente de um lado; de outro, há milhares de cristãos aos quais se deve também a Igreja.

Penso sinceramente que a nossa Igreja – eu me sinto Igreja da Nicarágua também, como cristão e como bispo da Igreja – não está dando oficialmente, naquele sofrido país e com repercussões negativas para toda a América Central, o Caribe e a América Latina, o testemunho que deveria dar: condenando a agressão, propugnando a autodeterminação daqueles povos, consolando as mães dos caídos e celebrando, na esperança, a morte violenta de tantos irmãos, católicos em sua maioria”[25].

E com corajoso desassombro, o pequeno bispo do interior perdido da Amazônia brasileira, continuou interpelando o Papa, naqueles anos duros de guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética, que se transformava em guerra quente nos vários quadrantes do mundo, onde as duas superpotências se afrontavam ideológica e militarmente, incluindo a Polônia de Woityla e do Sindicato Solidariedade:

“Só com o socialismo e o sandinismo, não pode a Igreja dialogar criticamente, sim, como criticamente deve dialogar com a realidade humana? Poderá a Igreja deixar de dialogar com a História? Dialogou com o Império Romano, com o feudalismo e vem dialogando à vontade com a burguesia e com o capitalismo, muitas vezes acriticamente, como a avaliação histórica posterior veio a reconhecer. Não dialoga com a administração Reagan? O império norte-americano merece mais consideração da Igreja do que o processo doloroso com que a pequena Nicarágua pretende ser ela, por fim, arriscando e até errando, mas sendo ela?

O perigo do comunismo não justifica nossa omissão ou nossa conivência com o capitalismo”[26].

Os Diários vão levar o leitor por todos os combates e sonhos de mais de três décadas que agitaram de modo particular o Brasil e a América Latina, as comunidades de base e as Igrejas e tantos homens e mulheres de boa vontade, amantes da justiça e da paz e que encontram em Pedro Casaldáliga um fiel companheiro de suas inquietações e buscas.

Seu coração grande e generoso, aberto ao vasto mundo, continuou sempre ancorado nas curvas do Rio Araguaia e no humilde serviço humano e pastoral do povo miúdo e lutador da sua prelazia, modelo de uma igreja de comunidades, de muitos ministérios não ordenados acolhidos e incentivados.

A Folha da Prelazia, a Alvorada, assim como as Circulares do Bispo Casaldáliga são sempre aguardadas por aqueles e aquelas que dentro e fora do país, esperam uma palavra certeira em meio a horas incertas, uma luz em meio a acontecimentos contraditórios, um raio de esperança e ânimo em momentos de cansaço e desalento.

Quem vai se esquecer consignas tão lúcidas e claras, como “Globalizar a solidariedade”, “Caminhar com uma Esperança Militante; “Humanizar a humanidade”.

Acerca de Jesus, perguntou incrédulo Natanael: “Pode de Nazaré sair alguma coisa boa”? (Jo 1, 46). Muitos seriam tentados a arriscar a mesma pergunta acerca de São Felix do Araguaia e surpresos constatariam quantas coisas boas tiveram lá a sua origem e inspiração ou encontraram apoio e incentivo: das comunidades eclesiais de base à teologia da libertação, da solidariedade continental à Agenda Latino-americana, da espiritualidade libertadora à grande mobilização dos 500 anos; dos movimentos de articulação dos povos indígenas ao movimento afro-americano.

Obrigado Dom Pedro Casaldáliga por ter registrado nas páginas do seu diário, como Dom Helder Camara, em suas cartas à Família Mecejanense e Recifense[27], seu itinerário interior em constante diálogo com a vida e a história de nossos dias. O senhor deixou que o Espírito o guiasse, que o Evangelho o inspirasse, não pecando nem por omissão, nem por covardia e colocando sempre a justiça e a solidariedade com os pequenos, como luzes para os seus passos e para o caminhar de tantos de nós que aprendemos a conhecê-lo, a respeitá-lo, a admirá-lo e a segui-lo.

Que as palavras de Alceu Amoroso Lima, prefaciando sua Antologia Retirante e comparando-o a José de Anchieta, sirvam de fecho a esta apresentação:

“E todos esses poemas aflorados do fundo de uma vida de total renúncia e sacrifício, em que a Beleza nasce do Amor e da Verdade, são alimentados pela Fé em Deus e na Liberdade, como o diz escrevendo à sua Mãe na remota Catalunha:

‘Se me batizas, outra vez, um dia,

com a água dos soluços e da memória,

com o fogo da morte e da glória…

diz a Deus e ao mundo

que me puseste

o nome

de Pedro-Liberdade’”[28].

[1] José Oscar Beozzo, com formação em filosofia, teologia, ciências sociais e história social, é vigário da paróquia São benedito, em Lins, membro da Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina (CEHILA) e coordenador Geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação popular (CESEEP).

[2] CASALDÁLIGA, Dom Pedro, Antologia Retirante – Poemas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 170

[3] Alabanzas y maldiciones del 3 de marzo en Santa Terezinha del Mato Grosso. Ibidem, p. 176

[4] CASALDALIGA, Pedro, Uma Igreja na Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social (10-10-1971). In SEDOC 4/955, nov. 1972.

[5] Os princípios que fundamentam a ação do CIMI são: – o respeito à alteridade indígena em sua pluralidade étnico-cultural e histórica e a valorização dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas;
– o protagonismo dos povos indígenas sendo o CIMI um aliado nas lutas pela garantia dos direitos históricos;
– a opção e o compromisso com a causa indígena dentro de uma perspectiva mais ampla de uma sociedade democrática, justa, solidária, pluriétnica e pluricultural. In “Quem somos?”, www.cimi.org.br.

[6] A Comissão Pastoral da Terra (CPT) nasceu em junho de 1975, durante o Encontro de Pastoral da Amazônia, convocado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e realizado em Goiânia (GO). Inicialmente a CPT desenvolveu junto aos trabalhadores e trabalhadoras da terra um serviço pastoral. Na definição de Ivo Poletto, que foi o primeiro secretário da entidade, “os verdadeiros pais e mães da CPT são os peões, os posseiros, os índios, os migrantes, as mulheres e homens que lutam pela sua liberdade e dignidade numa terra livre da dominação da propriedade capitalista”. “O nascimento da CPT” in <www.cptnac.com.br>

[7] CASALDÁLIGA, Pedro, Na Procura do Reino. Antologia de Textos: 1968-1988. São Paulo: FTD, 1988, pp. 251-252.

[8] Cfr. CNBB, Comunicação Pastoral ao Povo de Deus. Documento 08 . São Paulo: Paulinas, 1976, p. 3

[9] CASALDÁLIGA, Dom Pedro, Antologia Retirante – Poemas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 158.

[10] Sobre este e outros murais de Cerezo pintados nas Igrejas da Prelazia, veja, Cerezo BARREDO & Pedro CASALDÁLIGA, Murais da Libertação: na Prelazia de São Félix do Araguaia, MT, Brasil. São Paulo: Loyola, 2005.

[11] Dorothy Stang, nascida nos Estados Unidos a 7 de junho de 1931 e assassinada a 12 de Fevereiro de 2005, era religiosa da Congregação Notre Dame de Namur e trabalhava na CPT no sul do Pará.

[12] CASALDÁLIGA, Antologia Retirante, o.cit. p. 146.

[13] CASALDÁLIGA, Pedro, Pedro TIERRA, Martin COPLAS. Fotos de Cláudia ANDUJAR. Missa da Terra sem Males. Rio de Janeiro: Tempo e Presença Editora e São Paulo: CEDI, 1980, p. 5.

[14] Veja CASALDÁLIGA, Pedro, Orações da Caminhada. Campinas: Verus Editora, 2005.

[15] Ibidem, p. 12

[16] TIERRA, Pedro, A Missa da Resistência Indígena, in CASALDÁLIGA, o.cit. p. 21.

[17] CASALDÁLIGA, Pedro, Memória e Compromisso, in CASALDÁLIGA, o.cit. p. 10

[18] Ibidem, p. 11.

[19] Apresentação in Missa dos Quilombos. Texto Pedro CASALDÁLIDA, Pedro, Pedro TIERRA, música, Milton NASCIMENTO. Disco Longplay Philips. São Paulo, 1982.

[20] Apresentação, ibidem.

[21] Carta da Congregação para os Sacramentos e o Culto Divino a D. Ivo Lorscheiter – Roma 2 de março de 1982, n. 1649/81” in COMUNICADO MENSAL DA CNBB, n. 354, março 1982, P. 265.

[22] Ibidem, p. 258.

[23] X – Louvação Mariana, in CASALDÁLIGA, Missa dos Quilombos, o.cit.

[24] CASALDALIGA, Pedro, En rebelde fidelidad – diario de PEDRO CASALDALIGA 1977/1983. Desclée de Brouwer, p. 18.

[25] CASALDÁLIDA, Pedro, A João Paulo II, in Cartas Marcadas. São Paulo: Paulus, 2005, pp. 18-19

[26] Ibidem, p. 19.

[27] Desde a abertura do Concílio Vaticano II, pelo Papa João XXIII, a 11 de outubro de 1962, Dom Helder Camara, então arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário geral da CNBB, começou a escrever, a cada noite, uma carta circular a um grupo de auxiliares e amigas. Batizou o grupo de “Família São Joaquim”, do nome do palácio arquidiocesano do Rio de Janeiro e residência do Cardeal Dom Jaime Câmara, onde funcionava a sede da CNBB, desde sua fundação em 1952. Mais tarde, as/os destinatários ganharam o nome de “Família Mecejanense”, tirado do bairro Mecejana de Fortaleza CE, onde nascera Dom Helder. A partir de março de 1964, quando foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife, PE, tomou o nome de “Familia Mecejanense – Recifense”. O epistolário começou como “Circulares conciliares” e prosseguiu como “Circulares interconciliares”. Terminado o Concílio, continuaram as circulares a ser escritas, enquanto perdurou o pastoreio oficial de Dom Helder, ou seja, até o dia da aceitação de sua renúncia à sé episcopal de Olinda e Recife em 1965. Dessas Circulares, 4 volumes, somando treze tomos, já foram publicados pela CEPE (Companhia Editora de Pernambuco): Volume I – Circulares Conciliares (Tomo I: 13/14 outubro de 1962 a março de 1964; II: 12 de setembro a 22/23 de novembro de1964: III: 10/11 de setembro a 7/8 de dezembro de 1965); Volume II – Circulares Interconciliares (Tomo I: 11/12 abril 1964 a 9/10 setembro 1965; II: 23/24 novembro 1964 a 17/18 de abril 1965; III: 18 a 19 de abril a 31 de agosto/1º. de setembro de 1965); Volume III – Circulares Pós-conciliares (Tomo I: 9/10 de dezembro de 1965 a 30/31 de maio de 1966; II: 31 de maio/1º. de junho a 26/27 de dezembro de 1966; III: 31 de dezembro de 1966/1º. de janeiro de 1967 a 29/30 de junho de 1967); Volume IV – Circulares Pós-Conciliares (Tomo I: de 5/6 de agosto de 1967 a 13/14 de fevereiro de 1968; II: 25/26 de fevereiro a 30/31 de dezembro de 1968; III: 31 de dezembro de 1968/1º.de janeiro de 1969 a 4/5 de julho de 1969; IV: 5/6 de julho de 1969 a 24/25 de janeiro de 1970).

[28] ATHAYDE, Tristão, De Anchieta a Casaldáliga, in CASALDÁLIGA, Antologia Retirante, o.cit., pp. 11-12.

 

artigo publicado no site do CESEEP : https://ceseep.org.br/dom-pedro-casaldaliga-uma-vida-em-meio-ao-pobre-pe-jose-oscar-beozzo/

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