Fábio Pereira Feitosa*
O ano era 2013, quando o mundo foi pego de surpresa com a renúncia do Papa Bento XVI e a consequente escolha de seu sucessor, o então Cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio, agora Papa Francisco. Estes dois eventos surpreenderam não só o mundo católico, considerando a atipicidade dos mesmos, afinal, não é todos os dias que um Papa deixa o seu cargo (o último foi Gregório XII em 1415) e tem como sucessor um Cardeal vindo da América Latina.
O pontificado de Francisco já entrou para a história, considerando ser ele o primeiro sucessor de Pedro de origem latino-americana e o primeiro a substituir um Papa ainda vivo. Contudo, estas não foram as únicas novidades trazidas por ele, outra inovação é a escolha de seu nome, algo novo no léxico papal, o que gerou espanto e curiosidade naqueles que acompanhavam o emocionante anúncio e apresentação do novo Bispo de Roma.
Diante do nome escolhido pelo novo sucessor de São Pedro, alguns questionamentos foram levantados acerca do que tal escolha representaria para a Igreja, tais como: Seria o retorno efetivo à uma Igreja pobre para os pobres? Significaria uma Igreja mais engajada com as questões ambientais? Esse nome poderia ainda representar de forma concreta o retorno ao aggiornamento iniciado por João XXIII? Ou quem sabe ainda, a escolha deste nome representaria todas estas questões e ainda outras que poderiam ser sintetizadas em uma frase dita a um outro Francisco: “Reconstrói a minha Igreja!”.
O Papa Francisco desde os primeiros momentos de seu pontificado deu sinais claros de que a Igreja estaria entrando em uma nova fase, ou melhor, ela estaria retornando aos caminhos do Aggiornamento, das diretrizes conciliares, que são profundamente evangélicas e por ter tido a coragem profética de encampar tal missão, o Papa Francisco é constantemente atacado por diferentes setores, estes sem dúvidas não conseguem perceber a importância de tal missão, estando ela em plena consonância com o Mistério da Encarnação.
A reconstrução da Igreja que implica em um retorno às suas origens evangélicas, já foi encampada recentemente por Papas como João XXIII e Paulo VI, agora é a vez de Francisco.
O Papa Francisco desde os primeiros momentos de seu pontificado evidenciou que a Igreja estaria retornando às suas origens evangélicas, tal afirmação é percebida por meios de gestos concretos do Bispo de Roma, sendo estes pautados pela simplicidade, sobriedade e diálogo fraterno com o mundo e com o cuidado preferencial pelos mais pobres.
A reconstrução da Igreja nada mais é que um retorno autentico às suas origens evangélicas, por isso tão criticada por seus opositores. Tal retorno possui diferentes implicações, sendo a mais significativa uma Igreja em constante estado de saída. Nós enquanto cristãos construtores do Reino, devemos atualizar o “Ide” dito por Jesus aos seus discípulos e como tal irmos de fato ao encontro dos que hoje estão nas periferias físicas e existências do mundo para evangelizar e assim sermos fiéis ao Cristo.
A Igreja em saída deve ir ao encontro dos excluídos e buscar restituir-lhes a dignidade de filhos de Deus, que em virtude de um sistema de exclusão acabam sendo incorporados a uma nova e triste categoria a dos “sobrantes”. Esta categoria simplesmente é composta por aqueles que acabam escapando pelo ralo da atual sociedade, nega-se assim a sua primazia de ser humano.
O Papa Francisco, pode ser visto como um modelo de abertura à docilidade e à ação do Espírito Santo, assim, ele consegue estar atento aos sinais dos tempos e aos clamores do povo e desta forma ele nos convida a sermos agentes ativos na reconstrução da Igreja.
Religioso de São Vicente de Paulo. Formado em História e desenvolve pesquisas sobre História da Igreja e sobre História da Vida Religiosa Consagrada.