No atual contexto mundial, particularmente no Brasil, o fascismo, o conservadorismo, e o fundamentalismo avançam e reafirmam o racismo, a hierarquia social “natural”, e a militarização da política.
A CESE, organização ecumênica que atua na promoção, defesa e garantia de direitos, identifica e reconhece a existência do racismo individual, institucional e estrutural na construção histórica do Estado e da sociedade brasileira e que esse racismo é gerador de injustiças contra a população negra.
O processo de colonização e escravização ocorrida em todo o mundo, baseava-se na superioridade branca, na violência, no acúmulo de riquezas, expropriação da cultura dos povos colonizados, desumanização de negros e negras. A história de rebeliões, revoltas, guerras, manifestações fazem parte da luta dos movimentos negros em defesa da vida, da liberdade, dos direitos civis, humanos e democráticos duramente conquistados nesta trajetória, mas até então, ainda pouco ou nada efetivados.
Os componentes classe, raça e gênero são os pilares das profundas desigualdades existentes no Brasil e fundamentam o racismo na sociedade.
Negros e negras do campo e da cidade vivem “desde sempre” em estado de conflito com o estado e sua efetiva política de segurança pública por um lado, e ausência de políticas de enfrentamento às desigualdades sociais e econômicas. A pandemia do covid 19 deu visibilidade as reais condições de vida da população negra. Quem não tem acesso a agua e saneamento básico fundamentais para o enfrentamento ao vírus? Quem são os/as desempregados/as, subempregados/as ou trabalhadores/as informais? Quem acessa o sucateado sistema público de saúde? Quem chora a morte dos seus filhos/as, irmãos/as, companheiros/as?
Quem são as vítimas das ditas “balas perdidas”, “confronto com a polícia” ou se sobreviver a tudo isso, quem é a maioria da população carcerária? É a política da morte – necropolítica, quando se nega a humanidade do outro, e materializa-se nas agressões e mortes. Segundo dados recentemente divulgados pelo UNICEF, de cada mil adolescentes brasileiros, quatro vão ser assassinados antes de completar 19 anos. Se nada for feito, serão 43 mil brasileiros entre os 12 e os 18 anos mortos de 2015 a 2021, três vezes mais negros do que brancos. Entre os jovens, de 15 a 29, nos próximos 23 minutos, uma vida negra será perdida e um futuro cancelado: Davi Fiúza, Ágatha Félix, João Pedro, George Floyd, e tantos outros e outras são vítimas do racismo estrutural. E o que dizer de Miguel Otávio, morreu ao cair de um prédio de luxo no Recife, enquanto estava aos cuidados da patroa, branca? A desumanização, o desprezo pelas vidas negras, a percepção de que algumas vidas valem mais que outras também ficam nítidos nesse caso.
E é neste estado de “naturalização da violência” contra a população negra que movimentos e organizações negras e antirracistas empunham e implementam campanhas, mobilizações, articulações de denúncias e defesa da vida. Especialmente nesse momento de crise política e sanitária, é preciso avançar na desconstrução da invisibilidade, na denúncia e na prática do antirracismo. O racismo não é “um problema dos negros”! É uma questão de poder e privilégios de brancos e brancas! É responsabilidade da sociedade, a construção diária de outras formas de relação sociais, de enfrentamento ao racismo e suas consequências! É necessário o compromisso na afirmação de direitos, da democracia e implementação das políticas públicas afirmativas e desmantelamento da militarização da política. É preciso radicalidade na prática antirracista!
A CESE longo de uma trajetória de quase 50 anos, sempre apoiou movimentos, organizações e grupos populares da população negra, dando sua contribuição para fortalecer a luta antirracista no país. E compreendendo que, é fundamental a práxis, a CESE apresenta a sua Política Institucional de Equidade Racial. Acesse aqui:
CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA!
MULHERES NEGRAS CONTRA O RACISMO, VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER
PAREM DE NOS MATAR!
VIDAS NEGRAS IMPORTAM