Artigo de Marcelo Barros para esta semana, confira:
Nesse domingo 20, as Igrejas cristãs concluíram os 50 dias da celebração anual da Páscoa com a memória do dia no qual, conforme a tradição cristã, a ressurreição de Jesus deu como fruto a vinda do Espírito Santo como presença permanente de Deus nas pessoas e no mundo.
A partir de então, pode-se crer em Deus como Amor presente e atuante nas pessoas e nas relações entre todos os seres. Cada vez mais os cientistas aceitam que, por trás da evolução cósmica e convergente do universo, existe uma inteligência amorosa que dá vida e consistência a tudo. Para a tradição judaica e cristã, esse Amor que fecunda o universo se chama Deus. É Amor que cria amor em nós e no mundo. Na Bíblia, o termo espírito é feminino (ruah). Deus é mãe carinhosa que nos educa, conforta e fortalece nas lutas da vida.
Pentecostes
Na abertura das celebrações de Pentecostes, as Igrejas antigas cantam uma palavra do livro da Sabedoria: “O Espírito do Senhor, o universo todo encheu. Tudo abarca em seu saber e tudo enlaça em seu amor. Aleluia, aleluia”. Isso significa que todo o universo está cheio da energia amorosa de Deus. Os seres vivos testemunham que o amor divino é único, mas se manifesta de formas diversas na natureza e nas pessoas. Assim, o próprio Deus assume a diversidade como algo que é seu e através da qual ele se manifesta para nós.
Nesses dias, a ONU comemora duas datas nas quais se acentua a importância da diversidade. Nessa segunda-feira, 21 de maio, a cada ano, se comemora o Dia Mundial das Diversidades Culturais. Na terça-feira, 22, a ONU nos convida a refletir sobre a Diversidade biológica ou biodiversidade. Embora sejam comemorações independentes, as duas datas revelam a importância do respeito às diversidades. Na primeira comemoração, se trata das diversidades culturais e humanas. Na segunda, a preocupação é a diversidade biológica. Atualmente, os cientistas estão de acordo: o próprio fenômeno da vida acontece como uma rede de relações entre células diferentes e entre organismos diversos. Para se manter e se desenvolver, a vida precisa da biodiversidade. Quando, em nome do lucro, os proprietários de terra fazem monocultura e transformam imensas paisagens de terra em plantações de cana de açúcar, de soja ou, pior ainda, de pasto para o gado, é a própria vida que é ameaçada. O agronegócio troca a vida para todos pelo lucro para poucos.
Do lado da fé, a festa cristã de Pentecostes lembra que a primeira manifestação do Espírito de Deus aos discípulos de Jesus foi torná-los capazes de se comunicarem com pessoas de diferentes idiomas e formarem uma unidade a partir da diversidade cultural e étnica (Atos 2).
Por muito tempo, as Igrejas pensavam que a proposta divina da unidade excluía quaisquer diferenças entre si. Todos tinham de pensar igual, agir na mesma linha e dizer uma palavra única. No século III, o bispo Cipriano de Cartago já advertia: “A unidade abole as divisões, mas respeita as diferenças”. E a cada ano, para preparar essa festa do Espírito que os cristãos celebram nesse domingo, várias Igrejas diferentes se unem em orações pela unidade dos cristãos. Compreendem que se trata de unidade de fé e de amor na diversidade das instituições e das formas de ser cristãos. Nada de uniformidade. Como é a realidade do universo: os astros se relacionam e se harmonizam na grande diversidade cósmica.
Na situação social e política atual, diversos movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos, ligados aos interesses do povo mais pobre se juntam em uma grande frente de esquerda. Querem deter a onda do Fascismo, cada vez mais defendido e apregoado por grandes meios de comunicação e pelas elites brasileiras. Ao ouvir notícias contraditórias, há pessoas que ficam sem saber o que pensar. Alguns se perguntam de que lado devem se colocar. Um bom critério é ver de que lado estão os movimentos sociais e as pessoas e grupos mais ligados aos pequenos e deserdados da sociedade. Como disse Jesus no evangelho: “Pai, eu te dou graças porque escondeste tuas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 10, 25 ss).
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