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CEBI-MS: O que temos a aprender com os povos indígenas de Dourados?

No dia 25 de fevereiro de 2018 o grupo do CEBI-MS esteve junto com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e membros da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil de Campo Grande, visitando áreas de retomada indígena na região de Dourados e Douradina.

As histórias de vida

Pela manhã estivemos no Tekohá Apykaí, onde Damiana encontra-se com sua família resistindo às margens da rodovia, completando quase dois anos do seu despejo. Uma mulher guerreira que é um exemplo de força e resistência, que busca força em seus ancestrais para resistir aos ataques à sua família.

Seu Bonifácio, cacique do Tekohá Pacurity, há 32 anos na retomada onde seus antepassados viveram e com muita sabedoria e lucidez, nos deu uma verdadeira aula de história, contando toda sua trajetória de luta, como era a organização dos povos kaiowá antes de terem suas terras invadidas e como foi ser expulsos de seu território na época da colonização de Dourados. Sendo hoje um exemplo para as gerações que vivem na comunidade e que lutam pela construção da Casa de Reza, local que tem um papel tão importante na vida da comunidade.

Pudemos acompanhar como está o andamento do projeto “Casas de Reza”, articulado pelo Cebi, e que tem a alegria de estar podendo contar agora com apoio da Igreja Anglicana.

Outra realidade que conhecemos foi a da Reserva Jaguapiru, onde fomos recebidos por seu Getúlio, uma liderança que, juntamente com sua companheira Dona Alda, recebe pessoas da região para tratamentos de saúde com plantas medicinais. Mesmo com a urbanização das reservas eles resistem mantendo os ensinamentos e as tradições de seus ancestrais. Tanto no tratamento de doenças, como na sua fé.

Retomadas

Em Douradina visitamos duas áreas de retomadas que hoje vivem de sua própria produção, Itay e Guirá Kamby, onde fomos recebidos por seus caciques, Seu Joel e Elizeu. São duas áreas vizinhas que já enfrentaram ordens de despejos várias vezes e hoje vivem resistindo, mas com alegria de poderem estar plantando na sua terra e tirando dela a sobrevivência das famílias. Preparam-se para fazer a Benção do Milho que será na próxima lua cheia, um momento de agradecer a Nhanderú pela terra e produção dos alimentos e plantas tradicionais.

Ver a realidade as quais estão submetidos aqueles seres humanos é uma experiência muito sofrida, mas enriquecedora. Todos traziam em seus olhares a luz da resistência, nas suas vozes soava a melodia da esperança.

Eles têm muito a nos ensinar e nós muito a aprender. De fato, a cultura se transforma, afinal somos seres humanos em eterna transformação, mas a fé que carregam é uma riqueza inabalável. E é na fé que está a força para a luta e a esperança da vitória, não só deles, mas de todos nós.

Fonte: Textode Marisa Motta Zimermann e Vera Lúcia Ferreira Pereira, ambas do CEBI Dourados.

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