“Você jamais voltará a falar em público”.
Essas foram as palavras que ouvi, após o meu divórcio.
Confesso que diante das circunstâncias na qual fui colocada como a “culpada”, eu acabei acreditando nisso, até que me lembrei das promessas de Deus, que não dependente das opiniões, julgamentos humanos ou dos homens.
Passei três anos depois do divórcio com essa frase na minha mente:
“Ninguém dará o microfone para você falar”.
E fiquei questionando o motivo do porque eu não teria mais credibilidade para voltar a falar para jovens, mulheres, qualquer pessoa que fosse.
Tudo isso por que eu agora sou uma ex-esposa de pastor? Porque agora sou uma Orientadora Sexual? Porque sou uma mulher, não uso gravata ou não estou mais na liderança de uma igreja?
Será que o título de “líder”, de “missionária” que tinha, era mais importante do que “filha de Deus”?
E porque então ele que também (no caso do meu ex que é pastor) mesmo depois de divorciado pode pregar, pastorear, ensinar? E eu, quanto mulher, não posso nem voltar a falar em público?
Alguém me explique o motivo de que ele pode continuar falando, ministrando e eu não posso mais voltar a falar dentro de uma igreja?
Por que sou mulher?
Por que sou uma cristã, uma mulher que é formada e falo sobre Sexualidade?
Até hoje não entendo os motivos, mas entendo que há um Deus que governa a minha história. Um Deus que disse que eu não seria reconhecida por títulos, mas pelo meu nome: Cláudia.
Depois de três anos chorando em silêncio pelas madrugadas, sendo sentenciada, julgada pelos homens como a ‘errada’, a ‘louca’, como ‘não mais filha de Deus’.
Depois de três anos me escondendo, com vergonha, com culpa, resolvi enxugar as minhas lágrimas, tomar impulso e trazer a memória as promessas de Deus.
Hoje, como Orientadora Sexual falo para jovens de faculdade, escolas, levando com muita graça, assuntos que os pais não abordam com seus filhos.
Quem disse mesmo que eu não voltaria a falar em público?
Não é uma instituição, não são homens com gravatas que decidem a história ou põe limite a ela.
Eles fecharam as portas da igreja e disseram que ele pode, ele tem o direito de continuar na instituição. Mas eu não. Eles podem fechar as portas da igreja, mas não dos corações e muito menos as portas e janelas que Deus quiser abrir para mim.
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Fonte: Texto de Claudia Carvalho, bacharel em Teologia pela EST de São Leopoldo, Especialista em terapia Familiar e em Gênero e Sexualidade. Atualmente é Sexóloga e palestrante da área como Orientadora Sexual. Publicado no blog Evangélicas pela Igualdade de Gênero, 06/10/2017.