Reunidos(as) pelo estudo da Bíblia em Leitura Popular, 30 pessoas participaram da segunda edição do DABAR, que ocorreu na cidade de São Leopoldo, RS, na sede do CEBI Nacional. A formação iniciou no dia 10 de julho quando os estudantes puderam ter aulas com diferentes professores, se reunir em grupos para trabalhos e debates, além de estudar na biblioteca da Escola Superior em Teologia (EST), parceira do CEBI para a realização do curso, e também localizada na cidade.
“Nós aprendemos a leitura sob a ótica da doutrina”
A frase iniciou os trabalhos com a turma do DABAR na sede da EST. Para João Renato Pull, Frei franciscano que atua na Comunidade Evangelizadora de Progresso, em Lajeado, a fala do professor Luiz Dietrich marcou pois trouxe logo uma provocação ao grupo: que leitura da Bíblia nós fazemos até chegar aqui?
Frei João Renato, parte da turma de estudantes, percebeu “uma necessidade de aprender as coisas sob uma nova ótica”. “Isso é muito necessário!”, pontua ele. “Se vai acontecer aqui no DABAR, eu não sei, mas aqui nós temos uma porta de entrada para estes assuntos, para poder pesquisar e se aprofundar”, resume.
“Se eu não estudar, eu vou mofar. Você tem que buscar fermento para levedar teu cérebro, tua memória, teus sentimentos, tuas ideias, as imagens, isso tudo tem que andar pra frente, tem que mexer”
Frei João Renato Pull
O interesse pela formação veio como uma realização pessoal, mas também pensando na motivação do trabalho nas Paróquias da comunidade em que atua. Segundo o Frei, a palavra interesse significa inter(entre) esse(ser,estar), vem do latim e quer dizer “estar por dentro”. Foi o que ele veio buscar no DABAR. “Estar por dentro da vida do povo, da comunidade, dos trabalhadores, dos doentes, a vida das crianças, dos jovens, dos adolescentes. Tem que estar por dentro, tem que saber alguma coisa, porque se alguém vem me perguntar, eu preciso ao menos dar uma pequena palavra. Eu não preciso saber tudo, mas pelo menos poder dar um ânimo, uma motivação para essa pessoa seguir adiante, e ir com gosto, ir com sabor pela vida afora”, define o religioso franciscano.
Do calor da Bahia ao frio do sul
Caroline Santos Teixeira, professora, conhece o CEBI desde 2004, participa de grupos na Bahia, e acompanha as publicações de novos livros sobre Leitura Popular. Das aulas da primeira semana destaca o tema da “questão do exílio e pós-exílio”. “Foi muito interessante para perceber como as histórias foram colocadas na Bíblia, como foram construídas e a ordem em que isso aconteceu na história”, analisa Caroline.
O tema de pesquisa para a conclusão do curso ela já tem definido: “religiosidade feminina na primeira aliança”, e diz estar realizando uma bibliografia sobre a Teologia Feminista. Além disso, Carol, como ficou conhecida pela turma do DABAR, vem desenvolvendo o trabalho de reunir um pequeno grupo de meninas para falar sobre feminismo na escola onde leciona, e pretende levar a questão da leitura bíblica também para elas.
Outra baiana interessada pela religiosidade pela ótica das mulheres é Camila do Nascimento Santos, de Ubaitaba, região sul da Bahia. Camila participou do primeiro grupo do CEBI aos 17 anos. Hoje, com 29, ela destaca que o diferencial desse curso é a “forma sistematizada na qual o conteúdo se dá, porque os encontros são diferente, aqui é algo mais acadêmico. Então esse conhecimento sistematizado, junto com um professor que vive aquilo, é algo que nos passa segurança, porque você vê que o discurso e a prática estão em consonância”, destaca a estudante que planeja “pesquisar a questão das mulheres e da resistência no antigo testamento”.
“Aqui a gente encontra chão”
Maria dos Anjos de Moraes Neves colabora há 35 anos no CEBI da Paraíba. Conheceu e conviveu com a irmã Agostinha, uma das fundadoras do Centro. Depois de todos esses anos de caminhada e harmonia com a Leitura Popular, Maria dos Anjos veio em busca de saber um pouco mais junto aos colegas e professores do curso. “Estou gostando muito, gosto do tema da exegese”, declara ela. “Eu era jovem ainda quando comecei a entrar na formação do CEBI, nos trabalhos, a minha história se mistura com a história do CEBI”, lembra. Participar do DABAR era uma realização que ela vinha deixando passar, deixando para depois. Felizmente, Maria dos Anjos veio para agregar ao grupo com a sua força e história de luta junto ao CEBI.
“Se você for, eu vou”
Maria Evane de Azevedo Pereira, ou Vaninha, como prefere ser chamada, é de Campina Grande na Paraíba, nordeste do Brasil. Veio junto com Maria dos Anjos, uma convenceu a outra na base do “se você for, eu vou”, e elas vieram.
Vaninha sempre quis fazer o curso mas só agora, depois de aposentada, conseguiu tirar tempo para estudar. O objetivo dela é fazer especialização em Assessoria Bíblica, aprender mais para continuar desenvolvendo o trabalho de Leitura Popular com jovens e adultos na Paraíba.
“Cada grupo é uma experiência nova. As pessoas se surpreendem com essa maneira de estudar a Bíblia, de conhecer a história. O CEBI na Paraíba cresce a cada dia com novas turmas que surgem para podermos ajudar. Nossa ênfase é nos jovens”
Maria Evane de Azevedo Pereira, CEBI Paraíba, DABAR
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Fonte: CEBI Publicações.