A frase do ex-ministro da Justiça, quase ministro da Transparência e atualmente deputado federal, Osmar Serraglio, ficou famosa. “Terra não enche barriga de ninguém”, disse o então ministro da Justiça aos indígenas que reivindicavam a demarcação de suas terras. Os fatos mostram que o titular da cadeira que protegia Rocha Loures – o suplente e assessor de Temer filmado com a mala de dinheiro – não falava a verdade.
Da chacina de Pau d’Arco – que completa uma semana – às suspeitas de recebimento de propinas de frigoríficos que rondam o próprio Serraglio – é a questão da terra que enche bolsos e esvazia barrigas pelo Brasil adentro.
As famílias que receberam em Redenção os corpos putrefatos de seus parentes assassinados pela polícia também sabem de que lado estão os governantes do país. Tem muito boi em Redenção, município do sudeste do Pará, próximo à Floresta do Araguaia. As terras públicas são disputadas a tapa por madeireiros, pecuaristas e mineradoras, embora já tenham dono – devendo ser destinadas à Reforma Agrária e Preservação Ambiental de acordo com a Constituição.
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É conhecida a relação entre desmatamento, grilagem de terras e violência na Amazônia. De acordo com a CPT, 36 pessoas já morreram por conflitos agrários neste ano. A pecuária é a principal causa do desmatamento da Amazônia.
como provenientes dessas áreas pelo Ibama, 90% foram compradas pela JBS.
Um dos frigoríficos da JBS embargados pela Carne Fria fica exatamente ali, em Redenção. Na mesma semana da chacina no Pará, o Senado aprovou uma MP que reduz a área de proteção da Floresta Nacional do Jamanxim e do Parque Nacional de Jamanxim, consideradas essenciais para deter o desmatamento em torno da BR-163, a rodovia Cuiabá-Santarém.
Os grileiros comemoraram. Para eles, a terra enche barriga também.