O Cebi de Santa Catariana realizou um seminário na cidade de Lages para discutir as relações de gênero.
O encontro aconteceu entre os dias 01 e 02 de abril e reuniu as sub regiões do Estado. Quem facilitou o encontro foi Sirlei Gasparetto, professora na Universidade Comunitária de Chapecó.
Depois de uma breve apresentação sobre as atividades do Cebi, feita por José do Nascimento, aconteceu a oração inicial. O grupo foi conduzido a relatar seus sonhos tecendo coletivamente uma rede com fita. Uma grande rede feita de sonhos “cebianos” foi construída.
Memória
A data do encontro marcava também a memória de Irmã Jandira Betton, falecida por conta de um acidente há 16 anos. Ela é considerada uma das “parteiras do Cebi” em Santa Catarina.
“Quem luta não morre jamais”, lembra Sirlei que convida o grupo a proclamar “Jandira, presente!”
Sirlei trabalha a questão de gênero observando a história do patriarcado e do capitalismo. “Para estudar gênero é preciso compreender a escolha que a humanidade fez de se conduzir por estas duas pontas”, explica. Para isso fez um mergulho nas principais ondas do feminismo e alertou sobre a necessidade do conflito.
“Conflito indica libertação, na vida de fé, o que foi a experiência de Jesus? Ele assumiu posicionamentos”, completa a facilitadora do encontro.
A partir destas colocações, ela indica que a ressurreição é a certeza de que o caminho da luta é a escolha certa. Assim é necessário abrir as janelas das Igrejas e globalizar a esperança. Ela ressalta também que quando se fala em relações patriarcais é preciso considerar três dimensões: Classe, Gênero e Raça.
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Saberes compartilhados
Assim, Sirlei também partilha que o Cebi é o espaço onde “podemos ser o que somos” e trabalhar coletivamente a construção de saberes. Por isso a necessidade de buscar na Bíblia questões que diminuem a existência da mulher, e trabalhar contextualmente com trechos que ressaltem a importância e poder que ela tem. Outro exercício que fez foi trazer falas importantes do Papa Francisco, que promovem a igualdade.
Diante de toda exposição de violência e exclusão nas relações de gênero, Sirlei pauta o grupo com o seguinte questionamento: “Numa sociedade excludente como a nossa, alguém optaria por ser homossexual?”, se referindo às opressões (físicas, emocionais, psicológicas, coercitivas) de gênero, que recaem sobre as mulheres, as mulheres homossexuais, e aos LGBTs como um todo.
Diante de todas as colocações do encontro, ficou muito forte para o grupo que o conhecimento compromete, e o questionamento importante é: como o Cebi atua nos mais diversos espaços de exclusão social? “Não tem jeito de mudar sem conflito, é inerente à vida e as relações, o Cebi dentro deste universo é um processo com raízes no passado e avança para um pensamento crítico”, observa Sirlei.
Entre as músicas que remetem as mazelas da humanidade, mas que também animam a caminhada, o encontro se encerra e deixa clara a necessidade da discussão das relações de Gênero, e o Cebi Santa Catarina se compromete em retomar a temática num próximo encontro.
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Fonte: Texto de Lizandra Carpes, CEBI-SC.