Em breve teremos eleições presidenciais, e, como em toda eleição, escancaram o abismo entre homens e mulheres quando o assunto é representatividade na política.
No Brasil, fomos autorizadas a votar em 1932, mas até hoje – mesmo após uma presidenta – nosso imaginário político ainda nos remete a um grupo de homens brancos e engravatados decidindo o futuro do país. E o triste é que é verdade: no Congresso somos menos de 10% dos deputados; no Senado, 16%; apenas um dos 27 estados é governado por uma mulher e nossa primeira presidenta foi cassada através de um golpe parlamentar.
Ocupamos uma das piores posições no ranking mundial de igualdade de gênero na política – só a queda de Dilma nos custou 22 posições, o que tem implicações diretas em nossas vidas, como fica cada vez mais claro no Brasil.
Se não estamos no Poder, não temos ninguém lutando por nossas pautas.
Somos grandes nas ruas, mas minorias em espaços de decisão. Elegemos o Congresso mais conservador desde a ditadura e agora estamos penando para não perder direitos básicos como o acesso ao aborto legal e a métodos contraceptivos. Esse mesmo Congresso teve força e apoio suficiente para derrubar a presidenta eleita e substituí-la por um grupo conservador e retrógrado.
Não dá para enfatizar mais: nosso voto é poderoso e influencia nossa vida nos anos seguintes.
Nós precisamos urgentemente estar no Poder para poder ver as nossas pautas representadas, para vetar avanços conservadores, para segurar o que nos resta de democracia. Precisamos de pessoas comprometidas com os direitos humanos, que legislem a favor das mulheres, dos negros, indígenas, pessoas com deficiência, LGBT.
Precisamos mudar o imaginário de que política é para homens ricos e poderosos. Vote em uma mulher.
Nem sempre isso vai ser possível, e pensando nas próximas eleições, ainda nem sabemos quantas mulheres estarão concorrendo (no momento, apenas Manuela d’Ávila, como candidata do PCdoB, e Sônia Guajajara, como vice de Guilherme Boulos pelo PSOL). Ainda assim, com baixa representatividade, é preciso que se pense no interesse das mulheres dentro da política. Nesse caso, exclua da lista aqueles que abertamente se colocam contra nós (como os cariocas Flávio Bolsonaro e Pedro Paulo, esse último com um caso de agressão à mulher em seu currículo).
No legislativo é ainda mais importante votar em mulheres, como as eleições de 2014 deixaram bem claro. Pesquise, priorize, decida. Nosso futuro é precioso demais para deixarmos nas mãos de qualquer um.