Recebemos notícias da presença de forças do Estado do Paraná participando e apoiando esse massacre, o que nos causa muita insegurança. Esperamos que os líderes políticos, os órgãos públicos e a justiça esclareçam essas execuções e punam exemplarmente os culpados, evitando que este caso se estenda por tempo indeterminado, como ocorre com o Massacre de Carajás, que celebra 20 anos sem que a justiça tenha sido feita.
Lamentamos a falta de diálogo e a lentidão com que essas questões sociais são acompanhadas pelo poder público. Repudiamos toda manifestação de violência e da criminalização dos movimentos sociais que tem ceifados seus líderes prematuramente pelo aumento da violência a eles dirigida como aponta o Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos – Direitos Humanos no Brasil 2015.
Como cristãos comprometidos com a justiça e a paz social, fundamentada no respeito às pessoas e as instituições democráticas e populares, comprometidos com o diálogo e com os direitos humanos universais, e, acima de tudo, com o amor fraternal, solidário e profético do Senhor da Vida, reconhecemos que atos como esse sofrido pelas famílias acampadas em Quedas do Iguaçu, fortalecerão ainda mais a luta por cidadania, dignidade no caminho da construção de uma nova sociedade quando a vida será mais importante que o patrimônio e o ser humano mais importante do que o lucro.
Naudal Alves Gomes
Bispo da Diocese Anglicana do Paraná
Comissão de Incidência Pública da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil