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‘Todas as mortes de indígenas têm de ficar na conta dos ruralistas e do Estado brasileiro’

A questão indígena se mostra cada vez mais urgente e perpassa todos os setores do debate político, social, econômico e ambiental da atualidade brasileira. Uma série de conflitos envolvendo o direito à terra dos povos indígenas e a necessidade de expansão dos barões do agronegócio tem resultado em uma constante episódios de extrema violência, com captura, tortura, estupro e assassinato de líderes indígenas como “resposta” às lutas pela retomada das terras.

Atualmente, os conflitos no Mato Grosso do Sul têm mais destaque nas páginas da imprensa do Sul e Sudeste do país, mas as contradições estão presentes em todo o território. Para fazer uma análise e oferecer uma contextualização a respeito desse debate, entrevistamos Sônia Guajajara, importante liderança indígena no Maranhão. “Todos esses conflitos, ameaças e mortes têm de ficar na conta dos ruralistas e também do Estado brasileiro, que não cumpre o direito, que não pratica a sua Constituição”, afirmou.

Quanto ao lado institucional, Sônia se coloca de maneira ponderada, comemora os avanços e critica os pontos incertos. Por exemplo, em relação à aprovação da PEC 71, que prevê o pagamento de indenização aos ocupantes das terras indígenas para sua posterior demarcação, considera um avanço como legislação, mas é crítica quanto a sua execução, levando em conta a conjuntura de crise econômica.

“Quando se libera a terra com pagamento de indenização parece um avanço, uma conquista, e poderia ser. Mas acontece que com essa crise financeira que vivemos aqui no país, de onde o Estado vai tirar dinheiro para pagar indenizações?”, indagou.

Sônia ainda avaliou o novo processo de luta dos povos indígenas pela retomada das suas terras. Para ela, é importante o protagonismo dos povos indígenas no processo. “Muitas terras que tiveram suas portarias declaratórias também conseguiram por conta da mobilização dos povos. Sabemos que isso não está de acordo com a lei, nem que é a atitude mais correta, mas no momento a própria necessidade exige que os povos se mobilizem”, declarou.

 

Confira a entrevista completa aqui.

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