Fidel voltou a dialogar com o episcopado e o povo cubano a manifestar publicamente sua fé cristã, inclusive militantes do Partido Comunista. Suprimiu-se o "ateísmo cientifico” dos currículos escolares.
Esse processo favoreceu a visita de João Paulo II à ilha, em 1998. Houve muita pressão da Casa Branca para que o papa não efetuasse a viagem e, se a fizesse, condenasse o socialismo. João Paulo II foi, visitou todas as dioceses, criou vínculos de amizade com Fidel, condenou o bloqueio imposto pelos EUA, e ainda elogiou os avanços da Revolução nos campos da saúde e da educação.
Bento XVI visitou a Ilha em março de 2012, por ocasião dos 400 anos de aparição da Virgem da Caridade do Cobre. Também condenou o bloqueio e pediu mais liberdade religiosa, em especial a reabertura das escolas católicas. Hoje, são excelentes as relações entre Igreja Católica e Revolução.
É em função dessa promissora engenharia política que o papa Francisco interveio para favorecer a reaproximação de EUA e Cuba. O bloqueio tem um custo social excessivamente pesado para a Ilha. Foi com alivio que os cubanos viram Obama, na TV, em 17 de dezembro de 2014, admitir que o bloqueio "não funcionou”. Resta saber, como me disse Fidel em janeiro deste ano, se isso significa "apenas uma mudança de métodos ou implica também mudança de objetivos.”
Francisco foi acolhido pela "caliente” solidariedade cubana que, atualmente, se estende por mais de 100 países que contam com os serviços de seus médicos e professores. Desembarcou em Havana no momento em que Cuba passa por importantes mudanças, de modo a adaptar sua economia aos novos parceiros fora do bloco socialista.
Todo esse processo é visto, pela população, com esperança e cautela. Esperança de que a Ilha receba investimentos expressivos e dobre o número de três milhões de turistas que a visitam anualmente, trazendo mais divisas. Cautela porque, como me declarou um amigo cubano, "será o choque do tsunami consumista com a austeridade cubana.”
Só o tempo revelará o novo perfil do único país socialista da história do Ocidente.