Nas terras goianas de Anápolis, do Jongo de Iracema, nos dias 05 a 07 de junho de 2015, ocorreu o Seminário com a temática da justiça socioambiental. E para marcar sua presença nessa terra as 45 pessoas participantes do seminário armaram a tenda dos grupos, movimentos e entidades comprometidas com a promoção de um mundo mais justo e solidário.
Vindos/as dos estados de Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Distrito Federal e de Goiás e das Igrejas Católica Apostólica Romana, Metodista e Presbiteriana Independente, bem como do Espiritismo Kardecista, da Umbanda e do Candomblé, os participantes contaram com a facilitação de Cleuton Cesar Ripol de Freitas, advogado do MST e professor de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Valmor da Silva, biblista e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC).
Cleuton apresentou expressões que estão intrinsecamente ligadas à ideia da justiça socioambiental, dentre elas: conflitos e racismo ambiental. Destacou alguns aspectos da lei da biodiversidade e da PEC 215, além de apresentar as diferenças do sistema de justiça e o sistema normativo. Ressaltou a necessidade de empoderar as lideranças das comunidades populares, pois, há setores do capitalismo, como o agronegócio, que possuem um extenso conhecimento legal, inclusive são exímios conhecedores das “brechas da lei”. Para este facilitador, que é operador do direito, a justiça é monocromática (branca), ocidental, masculina, europeia e cristã.
Já o biblista Valmor elencou os diversos textos bíblicos do primeiro e segundo testamento que contém elementos para pensar a justiça socioambiental. Nos textos do primeiro testamento Valmir destacou a como o povo hebreu compreendia a ideia de justiça, além disso, diferenciou essa concepção hebreia das concepções filosóficas de Aristóteles e Tomás de Aquino. A partir da exegese de vários textos bíblicos conclui a ideia de justiça de Deus com o texto de Oséias 2, 23-25.
O encontro encerrou-se provocando aos/as participantes a se envolverem em ações que promovam a justiça socioambiental, bem como produzir material para as comunidades e igrejas para discutirem a temática a partir das realidades locais.
Texto: Nelson Gonçalves Filho
Confira alguns depoimentos:
“O tema sobre Justiça Socioambiental é amplo e complexo, pois quando se fala em socioambiental temos que pensar desde as nossas práticas cotidianas até a “Casa Comum”, relacionada com realidades referentes a etnia, gênero e geração, por exemplo. O tema me fez questionar as minhas práticas cotidianas, me fez ver tudo com um olhar de Deus e me fez perguntar: Enquanto CEBI o que iremos fazer diante dessa realidade tão ampla e complexa? (Ismaelita/TO).
“Eu achei muito proveitoso. Gostei das duas abordagens, tanto das reflexões sobre Justiça Socioambiental, quanto da parte bíblica. Os trabalhos em grupo foram ótimos porque provocam debate, a gente conversa e conhece a realidade do outro, vê que as lutas são parecidas e se fortalece” (Nayara/MS, 28 anos).
“Para mim foi diferente. Eu estou muito contente de estar com pessoas de outras igrejas. Na verdade, é tudo muito novo para mim. Eu nunca tinha participado de uma realidade assim e de certa forma, eu estou me sentindo muito inquieta para fazer alguma coisa “lá fora”. Mexeu comigo” (Luana/TO, 21 anos).
“A temática é fundamental aqui no Brasil e na nossa Região, caracterizada pelo Cerrado, que tem uma importância fundamental por causa da hidrografia. Os trabalhos em si foram reveladores, no sentido de que é possível sim trabalhar a Bíblia com a temática da Justiça Socioambiental. Um aspecto relacionado à conjuntura é que é necessária uma luta constante de compromisso com a transformação social. Ficou claro para nós que não há luta por Justiça Ambiental e pela Justiça como um todo, se ela não for Socioambiental”. (Ariel/MS, 28 anos).
“Foi muito importante. É um tema complexo. Por isso, o seminário não conseguiu dar conta de tudo; foi um aperitivo. Então é preciso aprofundar nos Estados. Mas, podemos dizer que o nosso compromisso foi iluminado, à Luz da Palavra, com a dimensão da Justiça Socioambiental” (Nelson/MT, 29 anos).
Depoimentos coletados no contexto do Seminário Regional do CEBI Centro-Oeste. Dias: 05 a 07 de junho de 2015. Local: Anápolis/GO.
Confira algumas imagens: