Domingo XIII Tempo Comum
Lucas 7,1-10
João Ferreira Santiago
Estamos diante de um dos episódios mais contundentes revelados nos Evangelhos sobre as ações de Jesus. Os elementos que o constituem são, por si só, demasiado fortes e centrais na vida de fé cristã. A manifestação da fé do centurião, no contexto do acontecimento, um estrangeiro, pagão, oficial do exército romano, pedindo a Jesus a cura de um membro de sua equipe, um soldado, que está doente, não raro, traduzido como servo ou até mesmo como escravo. Consideremos que se trata, na prática, de soldados cuja função é oprimir e reprimir o povo pobre das colônias romanas.
Vê-se que o centurião nem sequer conhecia Jesus. Apena tinha ouvido falar sobre Jesus. Observe-se em tempo, a humildade do centurião que nem sequer ousou falar diretamente com Jesus, enviando-lhe alguns anciãos judeus rogando-lhe pela cura de seu escravo. Os judeus enviados conheciam bem o centurião, pois fizeram muitos elogios, apontando suas virtudes: “Ele merece ser atendido, pois ama a nossa nação, edificou a sinagoga” (v. 4), argumentos que apontam para um comportamento de fé. Reafirmando a sua humildade e a sua fé na ação misericordiosa de Jesus, o centurião vendo que Jesus se aproximava de sua casa, deu mais um exemplo de grande fé.
Enviou agora alguns amigos para dizerem a Jesus: “Senhor, não te dês a esse trabalho, pois eu não sou digno de que entres no meu teto. É por isso também que eu não me julguei autorizado a ir ter contigo; mas dize uma palavra e seja o meu servo curado. Pois até eu, que sou um subalterno, tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: ‘vai’ e ele vai, e a outro digo: ‘vem’ e ele vem, e ao meu escravo: ‘faz isto’ e ele o faz”. (v.v. 6-8). Diante do reconhecimento da autoridade e da liberdade de Jesus, o centurião age com humildade e revela a sua pequenez. A expressão, “até eu” revela este fato. A expressão, “Até eu que sou subordinado”, mostra que ele reconhece a autoridade de Jesus, diante das autoridades terrenas, e diante de Deus, assim como a sua liberdade no agir.
A frase mais impressionante do centurião, ao ponto de impressionar Jesus, encontra um lugar de grande importância na liturgia, no coração da Celebração Eucarística. Nós a dizemos assim, como resposta da Assembleia: “Senhor, eu não digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra sereis salvo”. É extraordinária esta afirmação. A atitude do centurião é tão autêntica e provoca tamanha admiração em Jesus, que Ele afirma: “Eu vos digo, mesmo em Israel não encontrei tamanha fé”. (v. 9). Por fim, para coroar este milagre recebido por alguém que verdadeiramente se encontrou com Jesus, o texto afirma: “E ao chegarem de volta, os enviados encontraram o escravo em boa saúde”. (v. 10). Em que consiste afinal a fé revelada pelo centurião? Em reconhecer e aceitar a autoridade de Jesus. Que assim seja com cada um e com cada uma de nós. Amém!
João Ferreira Santiago.
Teólogo Poeta e Militante.
Coordenador do CEBI-PR
Conselheiro Nacional do CEBI.
Doutorando em Teologia pela PUC-PR.


