`Por Marcos Aurélio dos Santos*
“Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo.” (Mateus 23:24).
Jesus de Nazaré viveu em um contexto histórico de profunda dominação religiosa. A palestina era controlada por um rigoroso sistema, em um contexto marcado pela opressão da observância e cumprimento extremo das minúcias da lei. Os poderoso da religião se achavam os donos da verdade. Absolutos, inerrantes, inquestionáveis, únicos. Não admitiam novas idéias, eram totalmente fechados a novos diálogo, apedrejadores, detentores da lei. Por isso Jesus denunciou a maneira como eles interpretavam a escritura. Predominava uma interpretação literal, ao pé da letra, em detrimento do amor, da compaixão e da misericórdia, do valor à vida, líderes insensíveis à dignidade humana.
Certa vez, Jesus denunciou sem reservas a hipocrisia religiosa que predominava nos centros de poder. Em sua fala, Jesus resgata a palavra da profecia afirmando que a lei não era maior que a justiça, a misericórdia e a fé ( Mateus 23.23). A crítica de Jesus ao sistema implantado pelos sacerdotes, fariseus e saduceus tinha implicações bastantes profundas. Não se tratava de um mero reformismo, em uma tentativa de fundar uma nova religião. Sua crítica apontava para um rompimento radical com todo tipo de sistema que opromisse o povo, desconstruindo, derrubando os muros do preconceito, do ódio e da exclusão, na construção de um novo caminho.
Hoje não é diferente. Muitos coam mosquitos e engolem camelos. A hipocrisia e a sede de poder cegou o entendimentos de muitos, sobretudo de alguns líderes religiosos. Estes facilmente se escandalizam com a arte crítica, com as novas teologias progressista, com uma igreja que acolhe os pobres, com os que amam o povo, as ruas, becos e vielas, aos que não gostam muito de templos mas de gente. Com estas coisas se escandalizam e fazem confusão, contudo se contradizem em seus posicionamentos.
Os defensores da moral e dos bons costumes não demonstram a mínima indignação com as injustiças aos pequeninos que Deus escolheu para o seu reino, com o feminicidio, a violência aos pobres e negros e LGBTs, a matanças de líderes e povos indígenas, verdadeiros donos da Terra. Prezam pelos valores tradicionais da família, mas fecham os olhos para milhões de famílias famintas e esfarrapadas. Dizem ser a favor da vida, contudo apoiam a violência e a morte. “Bandido bom é bandido morto!”
O caminho de Jesus é diferente. Nele, a vida vale mais do que as minúcias da lei, como disse o subversivo da Galiléia, “O meu julgo é suave e o meu fardo é leve. O caminho de Jesus de Nazaré não gera medo, nem peso, nem exigências insuportáveis. Seu caminho é de misericórdia, libertação, esperança e compaixão.
Jesus de Nazaré, profecia para o nosso tempo.
*Assessor da escola de fé e política padre Sabino e membro do CEBI RN.