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Ver, rever, transver: caminhos para superar a violência contra as juventudes

Jovens de diversos cantos do Brasil se reúnem, nos dias 29 e 30 de abril e 1º de maio, em busca de caminhos rumo à superação das diferentes formas de violência contra as juventudes.
Durante o Seminário Nacional sobre Juventudes e Superação da Violência, promovido pelo CEBI, em Brasília, o grupo deixa-se iluminar pela poesia de Manoel de Barros, no esforço de “transver o mundo”:

A expressão reta não sonha.
Não use o traço acostumado.
A Força de um artista vem das suas derrotas.
Só a alma atormentada pode trazer para vós um formato de pássaro.
Arte não tem pensa.
O olho vê,
lembrança revê,
e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.

Seminario Nacional

As potencialidades estão em nossos corpos

O primeiro dia do seminário foi dedicado à análise das diferentes formas de violência sofridas pelas juventudes. De maneira coletiva, as experiências foram agrupadas em cinco blocos:

  • violências do sistema capitalista (incluindo as violências do hidro e do agronegócio);
  • extermínio da juventude negra;
  • diferentes formas de violência contra a mulher jovem;
  • violências homofóbicas, transfobia, etc;
  • violências contra jovens no sistema escolar.

Trabalhadas e discutidas nos pequenos grupos, as temáticas retornaram à plenária em forma de poesia, canção e teatro. O acento da partilha, no entanto, esteve nas possibilidades: da mesma forma que a violência deixa marcas em nossos corpos, também em nossos corpos estão as potencialidades de superação.
A busca de outros imaginários da divindade foi bastante apontada como forma de superação de violências muitas vezes “autorizadas”. Nosso esforço deve ser cada vez maior em apresentar um rosto divino mais acolhedor e menos violento. Precisamos dar eco à voz da juventude negra: a religião não pode legitimar discursos violentos de “combate à droga” que camuflam o extermínio de jovens negros de periferia. É preciso seguir acreditando em formação diferenciada e libertadora para educadores/as. Em nosso esforço de minar as mazelas do capitalismo, precisamos fortalecer nosso apoio às lutas dos sem terra e dos povos indígenas, além reforçar as mídias alternativas. Como cantou Chico Buarque, podemos:

Sonhar… Mais um sonho impossível
Lutar… Quando é fácil ceder
Vencer… O inimigo invencível
Negar… Quando a regra é vender
Sofrer… A tortura implacável
Romper… A incabível prisão
Voar … Num limite improvável
(…)
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.

O evento reúne 35 pessoas de 20 estados brasileiros. Há jovens de tradição luterana (IELB), católica (ICAR), anglicana (IEAB), batista, da umbanda e do candomblé. A facilitação está sob a responsabilidade de Vanildes Gonçalves dos Santos (DF), Daniel Santos Souza (SP) e Joaquim Alberto Andrade Silva (DF).

O segundo dia será dedicado à perspectiva bíblica. No terceiro dia, o grupo apontará ações para as realidades locais e para a caminhada nacional do CEBI.

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