Reflexão do Evangelho

Viver para Ver o Reino de Deus e a Glória de Seu Filho Jesus de Nazaré

Domingo II da Quaresma
Lecionário Comum e Lecionário Católico: Lucas 9,28b-36
16 de Março de 2025 

Jesus encontra-se acompanhado pelas três colunas da fé nos Evangelhos: os discípulos Pedro, João e Tiago. E, assim como nas tentações (Lc 4,5), Jesus sobe à montanha agora para rezar. Durante a oração Jesus passa por transformações no seu aspecto facial e nas suas vestes. A este conjunto de acontecimentos e mudanças, convencionou-se chamar, transfiguração: uma mudança na aparência ou na forma, sem que, contudo, mude a essência. Dois homens são vistos pelos três discípulos conversando com Jesus. São as duas colunas da história e da profecia no Primeiro Testamento: o líder do povo no êxodo, Moisés e o profeta Elias, este, a prefiguração de Jesus para Lucas.

É o encontro da história da fé vivida ontem com a fé vivida hoje. É um sinal de que Jesus é o Filho de Deus e  representa e confirma tudo o que os profetas anunciaram. Pedro com a voluptuosidade deslumbrante e tantas vezes atraentemente sedutora que nos invade, capaz de nos levar de um extremo ao outro num passo de mágica, representa também certa tendência humana de se acomodar nos lugares confortáveis. “Mestre, é bom que estejamos aqui; ergamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés, outra para Elias”. (v.33). Muitos sugerem na frase de Moisés, uma alusão à festa das tendas (Dt 16,13). Não obstante, porém, a grandeza daquele momento cercado de mistérios e revelações, em que Deus nos faz vislumbrar a sua glória misteriosa através de seu Filho, e que ultrapassa a própria capacidade humana de compreensão plena.

É um privilégio, uma honra e uma grande responsabilidade, estar ali e viver aquele momento. Pedro parece ter esta consciência. Tanto assim que numa frase um tanto quanto dúbia o texto afirma sobre Pedro, “Não sabia o que dizia” (v. 33). Seja pelo deslumbre causado pela manifestação presenciada por ele, seja pela limitação humana para compreender os mistérios de Deus, ou pelo temor despertado por aquela cena, esta frase nos representa.

Assim como na  história do povo do Êxodo (Ex 40,34-35.38) a nuvem é sinal de teofania, o reencontro com Deus. Assim também como no batismo de Jesus (Lc 3,22), mais uma voz, a voz de Deus, o Pai, ressoou. “Este é o meu Filho bem amado, aquele que me aprouve escolher, Ouvi-o”. (v.5). Ouvir a voz de Deus e ouvir o que diz Jesus nos traz presentes dois tempos: naquele momento é Jesus quem representa o Pai, sendo apresentado e recomendado por Ele. No tempo pós-pascal, serão os discípulos a anunciar Jesus e a proclamar o seu mistério. Hoje somos todos e todas nós, testemunhas chamadas a anunciar o Reino de amor e paz.

João Ferreira Santiago
Teólogo, Poeta e Militante
Coordenador do CEBI-PR
Conselheiro Nacional do CEBI

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