Domingo XXVII do Tempo Comum
Reflexão sobre Lucas 17,5-10
Félix Lopes Lima – CEBI/MA
O anúncio do Evangelho de Jesus, proclamado nas nossas celebrações, quase que invariavelmente, começa com a expressão: “naquele tempo”. Uma boa ajuda para a contextualização. Uma vez que as boas reflexões nos remetem a dois tempos, o tempo do texto e o tempo de quem reflete e de quem ouve. Nunca esquecendo a contextualização da época do texto; os conflitos da época, de quem interessa, quem aparece nos escritos; e da realidade presente que o texto pretende iluminar – o hoje. É relevante o contexto sociopolítico e religioso, do texto e do presente.
Para melhor compreensão, consideramos dividir o texto em duas partes: vv 5-6 e vv7-10.
Na primeira parte, os companheiros e companheiras de Jesus pedem que Ele lhes aumente a fé. Naquela época, os apóstolos ainda não haviam libertado-se das amarras da Lei, era difícil desapegar-se dos preconceitos judaicos. Fé para eles estava muito ligada às obras da Lei. O que Jesus os ensinava era que a fé deveria ser praticada em defesa da vida. Tiago diz que a fé sem obras é morta. Ele não se refere a obras da Lei, fala numa fé que esteja sempre em defesa da vida. É neste contexto que discípulos e discipulas pedem a Jesus que lhes aumente fé. O Mestre lhes diz que mesmo com a fé, pequenina como um grão de mostarda, eles podem ordenar àquela amoreira que se transplante para o meio do mar, que ela obedece. Não é a exibição da fé que conta, é a qualidade. A semente de mostarda, minúscula, contém tudo que é necessário para uma perfeita germinação, dá origem a uma hortaliça frondosa, onde até os passarinhos fazem seus ninhos (fé em defesa da vida).
Aquele ambiente sócio político e religioso, quando Jesus empreendia junto aos seus a caminhada para Jerusalém, para o gesto final da sua vida na Terra, era eivado de exploração e exclusão social.
Jesus, com a parábola do grão de mostarda, apontava pra um ambiente social sem exploração daquela gente, pelo Império e pelo Templo. Todos deveriam caminhar para uma terra sem males, sem explorador e sem explorados. Isto vem desde o anúncio do Seu Projeto – (Lc 4, 18-19).
Caminhando para a conclusão. Jesus serve-se do pedido dos seus amigos e amigas para ensinar que a fé não precisa ser exibida, como faziam os fariseus, com a prática da Lei. O empregado deveria se comportar como tal, porém trabalhar por uma vida mais digna. Quanto aos ricos exploradores, eles também deveriam proporcionar vida digna a seus empregados. Também deveriam ser grãos de mostarda.
O nosso dever de pessoas cristãs, hoje, nos cobra que sejamos humildes e respeitosas, como empregadas ou empregadoras.
Deveremos ser todas e todos, grãos de mostarda.


