Leia a reflexão sobre João 15,1-8, texto de José Pagola.
Boa leitura!
Segundo o relato evangélico de João nas vésperas de sua morte, Jesus revela o seu desejo mais profundo a seus discípulos: “Permanecei em mim”. Conhece a covardia e a mediocridade deles. Em muitos momentos tem-lhes recriminado sua pouca fé. Se não permanecerem vitalmente unidos a ele, não conseguirão subsistir.
As palavras de Jesus não podem ser mais claras e expressivas: “Assim como o ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto, vocês também não poderão dar fruto, se não ficarem unidos a mim”. Se os discípulos não permanecerem firmes naquilo que têm aprendido e vivido junto a ele, sua vida será estéril. Se não viverem do Espírito dele, o que foi iniciado por ele se extinguirá.
Jesus utiliza uma linguagem clara: “Eu sou a videira e vocês são os ramos”. A seiva que vem de Jesus deve correr nos discípulos. Eles jamais devem esquecer isso. Aquele que permanece em mim e eu nele, esse vai dar fruto abundante porque sem mim não podem fazer nada. Separados de Jesus, os discípulos não podem fazer nada.
Jesus não somente lhes pede que permaneçam nele, mas disse-lhes também que “suas palavras permaneçam neles”. Que eles não as esqueçam. Que vivam do seu Evangelho. Essa é a fonte daquilo que hão de beber. Já foi dito em outra ocasião: “As palavras que eu vos digo são espírito e vida” (6,63).
De múltiplas formas, o Espírito do Ressuscitado permanece hoje vivo e operante nas comunidades eclesiais. Mas sua presença invisível e calada toma rasgos visíveis e voz concreta graças à lembrança guardada nos relatos evangélicos por aqueles que o conheceram de perto e o seguiram. Nos evangelhos entramos em contato com sua mensagem, seu estilo de vida e seu projeto do Reino de Deus.
Por isso, nos evangelhos encerra-se a força mais poderosa que possuem as comunidades cristãs para regenerar sua vida. A energia de que necessitamos para recuperar nossa identidade de seguidores de Jesus. O Evangelho de Jesus é a ferramenta pastoral mais importante para renovar hoje a Igreja.
Muitos bons cristãos de nossas comunidades somente conhecem os evangelhos “de segunda mão”. Tudo o que eles sabem sobre Jesus e sua mensagem provém daquilo que eles conseguiram reconstruir a partir das palavras dos predicadores e dos catequistas. Eles vivem sua fé sem ter um contato pessoal com as “palavras de Jesus”.
É difícil imaginar uma nova evangelização sem favorecer para as pessoas um contato mais direto e imediato com os evangelhos. Não há força evangelizadora mais forte do que a experiência de escutar juntos o Evangelho de Jesus a partir de perguntas, dos problemas, dos sofrimentos e das esperanças de nosso tempo.
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos (IHU)
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