Reflexão do Evangelho

O Reino de Deus é um reino de felicidade

Reflexão do Evangelho de Lucas 6, 17-26

Leia a reflexão sobre Lucas 6, 17-26, texto de Ana Selma

Assim como Deus no Êxodo, Jesus desce, ouve e vê a multidão.

Jesus fala diretamente ao povo marginalizado do seu tempo, povo que teve seus direitos retirados ou não reconhecidos. Fala sobre felicidade, mas de que tipo de felicidade Jesus fala?

Este texto pode nos trazer reflexões a cerca de algumas distorções a respeito do pensamento de Jesus, tais como: é uma felicidade ser pobre pois a recompensa virá depois da morte, que o sofrimento engrandece a alma e que o consolo a todo sofrimento virá em outra vida.

E esse tipo de reflexão equivocada ou mal intencionada desenvolveu uma teologia que não combate a pobreza, muito pelo contrário, responsabiliza a pessoa pobre, colocando sobre ela a culpa pelo não acesso a uma vida com dignidade social, atrela a essas pessoas o castigo divino por pecados que não são delas. Essa teologia se alimenta de uma caridade assistencialista que não busca a superação da pobreza e não busca a justiça social. Sendo que, de fato, as pessoas não são pobres devido ao pecado, mas devido as injustiças sociais.

A existência de pessoas empobrecidas é uma denúncia e um termômetro para nos indicar o nosso comprometimento – ou a falta dele – com o reino de Deus.

Lucas apresenta três categorias de bem-aventurados: as pessoas empobrecidas, as  famintas e as angustiadas. Em contraposição dos três grupos coloca os ricos, os saciados, os que riem.

Ai dos ricos… Toda a riqueza vem do acúmulo, da alienação e da opressão e não da benção divina. Não estamos nos referindo aqui a uma condição digna conquistada com trabalho e essa condição deveria ser de toda pessoa trabalhadora, mas do acumulo de bens e capital oriundo da apropriação do trabalho de outro(a), o ter que, em essência, nega que outras pessoas também tenham. Afinal, não se fica rico trabalhando: toda riqueza é fruto de exploração, expropriação; e não da divisão justa e equânime.

As pessoas passam fome, não porque o país não produz alimentos suficientes. De acordo com a EMBRAPA, o Brasil é o quarto maior produtor de grãos e o maior exportador de carne bovina do mundo. Ainda assim muitos não tem acesso nem a essa fonte de comida, que apesar de abundante, é-lhes negada. A fome de muitos enriquece poucos. Além disso, a realidade de fome parece que não nos causa estranheza, não nos tira o sono.

As pessoas que lutam por direitos humanos, que denunciam essa realidade de exclusão, são perseguidas e mortas, assim como os “antepassados tratavam os profetas”.

Hoje, muitos falam em nome de Jesus, pregam violência, preconceitos, exclusão e morte. Muitos falsos profetas que edificam um reino de morte, brutal. Porém, o Reino de Deus, do filho do Homem é um reino humano e humanizador. Esse reino é consolo para os que sofrem, para os que choram, para os que estão aflitos. O Reino de Deus é um reino de felicidade!

Muitos pregam que este reino é para um outro mundo vindouro, esquecem que o Reino de Deus começa aqui nesse plano, não depois da morte. Ele é construído no dia a dia. O reino se constrói e se concretiza no hoje e no agora.

 

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