Reflexão do Evangelho

Aprendendo a ler os sinais por trás das palavras e acontecimentos

Domingo III da Quaresma
Lecionário Comum e Lecionário Católico: Lucas 13,1-9
23 de Março de 2025 

Por, Sebastião Catequista. CEBI PE.

Caro amigo/a leitor/a: Saudações fraternas de Paz e Bem!

Hoje, na escuta do evangelho de Lucas 13,1-9, o Senhor nos ensina como olhar os fatos da vida cotidiana e através deles nos remeter as coisas que realmente importam.

Chega até Jesus a notícia da violência que o rei Herodes fez aos galileus, misturando seu sangue ao dos sacríficos que eram oferecidos no templo. O texto não faz especulações sobre a motivação e o modo como a violência foi executada, apenas diz do essencial: “misturou o sangue” com o sacrifício. Para o povo, eles foram vítimas de seus próprios erros e pecados – uma fatalidade dentro de uma concepção da teologia da retribuição, e por isso foram notificar a Jesus, queriam saber sua opinião além da do senso comum. Juntamente a essa notícia, Jesus acrescenta uma outra que estava ainda latente na memória do povo: o acidente com a torre de Siloé que matou dezoito galileus. Em ambos os casos o senso comum julgava como culpados as vítimas e que mereciam tal castigo pelos pecados dos quais não se mencionam no texto especificamente, mas Jesus tem outra forma de pensar: ler nas entrelinhas desses acontecimentos o modo de ser e agir de Deus e de Israel. Ele, Deus, é um Deus paciente e bondoso que ainda dá para o povo um tempo escatológico de graça. Eis a novidade!

Israel é o povo de Deus, o povo da aliança e dos profetas. Tem um compromisso ético com Deus. Espera o Messias e o Reino. Mas não está atento aos sinais e a presença de Deus que já está em seu meio pela ação de Jesus e que espera pelos frutos. Para nós ouvintes e leitoras desse texto é importante perceber como Jesus faz uma outra leitura diferente do senso comum de seus ouvintes – é o que mostra a parábola em seguida: a figueira parasita.

A figueira é Israel, esse não está produzindo frutos que mostre o reino acontecendo, mas pelo contrário, está fechado, e como parasita só recebe e nada dá em troca. É chegada a hora do acerto de contas, mas o contrário do que muitos pensam, Deus ainda dá um tempo – o tempo da graça da conversão e reconciliação. É o que faz crer a parábola que Jesus conta em seguida. À figueira parasita ainda é dada mais um tempo – o tempo da graça – para que frutifique. Esta é a leitura de Jesus: Deus ainda está dando um novo tempo para Israel. É o tempo da graça!

Ao ler esse texto nos reportamos ao nosso tempo. Entre tantos acontecimentos e notícias que aparecem nas redes sociais, como estamos fazendo a leitura de seu sentido e significado? Em que as notícias que circulam pelos nossos celulares nos ajudam a criar um postura ética e um compromisso pela vida digna, justa, fraterna, solidária, acolhedora, aberta ao novo, sensível as causas dos excluídos, sensível as dores do planeta que nos tem afetados a todos indistintamente nessa nossa casa comum? Quais critérios estamos usando para ler nas entrelinhas a “vontade de Deus” que cobra de nós frutos de santidade? Quais vozes proféticas estamos escutando e que profecia anunciam? Elas têm nos ajudado a viver uma religião da liberdade, da vida ou do medo, da indiferença, da intolerância e do fechamento em nossos “templos” emocionais justificados por narrativas religiosas que nos alienam do compromisso com o Deus da Vida e do Reino fraterno, solidário, justo, acolhedor, e promotor da vida em plenitude?

Rezemos, oremos, invoquemos o Espírito para que nos dê discernimento nesta hora e que o texto de hoje, seja para nossa vivência um fio condutor que nos alerta para sabermos ler nas entrelinhas do nosso hoje, a vontade de Deus. Boa meditação para você!

Sebastião Catequista. Catequista, leigo, missionário, agente de pastoral, membro do CEBI PE, é assessor atuante na catequese, nas missões populares, nas escolas bíblicas, e movimentos populares. É natural e residente na cidade e diocese de Caruaru-PE.

 

 

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