Falar do «Espírito Santo» é falar do que podemos experimentar de Deus em nós. O «Espírito» é Deus atuando nas nossas vidas: a força, a luz, o alento, a paz, o consolo, o fogo que podemos experimentar em nós mesmos e cuja origem final está em Deus, fonte de toda a vida.
Esta ação de Deus em nós produz-se quase sempre de forma discreta, silenciosa e tranquila; o próprio crente só intui uma presença quase imperceptível. Por vezes, porém, invade-nos a certeza, a alegria transbordante e a confiança total: Deus existe, ama-nos, tudo é possível, até mesmo a vida eterna.
O sinal mais claro da ação do Espírito é a vida. Deus está ali onde a vida desperta e cresce, onde se comunica e expande. O Espírito Santo é sempre «dador de vida»: dilata o coração, ressuscita o que está morto em nós, desperta o adormecido, põe em movimento o que tinha ficado bloqueado. De Deus estamos sempre recebendo uma nova energia para a vida.
Esta ação recriadora de Deus não se reduz apenas a experiências íntimas da alma. Penetra em todas as dimensões da pessoa. Desperta os nossos sentidos, vivifica o corpo e reaviva a nossa capacidade de amar. Para dizer brevemente, o Espírito conduz a pessoa a viver tudo de forma diferente: desde uma verdade mais profunda, desde uma maior confiança, de um amor mais desinteressado.
Para muitos, a experiência fundamental é o amor de Deus, e dizem-no de uma forma simples: «Deus me ama!» Essa experiência restaura a sua dignidade indestrutível, dá-lhes força para se erguerem da humilhação ou do desânimo, ajuda-os a encontrar o melhor de si mesmos.
Outros não pronunciam a palavra «Deus», mas experimentam uma confiança fundamental que os faz amar a vida apesar de tudo, enfrentar os problemas com ânimo, procurar sempre o bem de todos. Ninguém vive privado do Espírito de Deus. Está em todos eles atraindo o nosso ser para a vida. Acolhemos o Espírito Santo quando acolhemos a vida. Esta é uma das mensagens mais básicas da festa cristã do Pentecostes.
José Antônio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez