Não Matarás. Em Defesa da Vida

Ao pé da letra, a Bíblia admite expressamente a pena de morte. Surpreendente, não é? Pois a tais textos recorrem os defensores da pena de morte que pretendem legitimar esse instituto penal nos dias de hoje. Mas essa é uma maneira fundamentalista de interpretar o texto bíblico, pois só leva em conta letra e não o espírito que se manifesta através do eixo central da Palavra e da totalidade das Escrituras. O autor chama a atenção que não dá para ler a Bíblia sem considerar que ela sempre acontece encarnada numa cultura determinada. Depois, o Antigo Testamento não é a expressão final e acabada do testemunho da Palavra. Ele desagua na experiência de Cristo, que é, ele próprio, a Palavra final e a medida suprema para tudo o que está contido nas Escrituras. E Cristo proclama, no Novo Testamento, a culpabilidade de todo ser humano. Assim, ninguém está em condições de enunciar julgamento definitivo sobre seu semelhante. Jesus oferece a possibilidade do arrependimento, da volta. É isto que enfatiza este fascículo, concluindo que o condenado é “bode expiatório” de uma sociedade que nele descarrega suas angústias, culpa e violência cotidiana.