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Reflexão Sobre a Sexta-Feira Santa

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Dando continuidade as reflexões para a semana santa, os textos propostos para a sexta-feira da paixão são:
Isaias 52, 13 – 53,12
Salmo 22
Hebreus 10,16-25
João 18,1 – 19,42

A comunidade do Discípulo amado nos leva a refletir nestes dois capítulos, primeiro sobre a prisão de Jesus e depois sobre a tortura, a crucifixão e morte de Jesus.

O texto sobre a prisão de Jesus começa dizendo que ele foi a um jardim, lugar para onde ele costumava ir com os seus discípulos e discipulas.

São textos densos, mas começa num lugar bem significativo: o jardim. No livro do Gênesis, sobre a criação, o mundo começa num jardim, Jesus é preso num jardim, após sua ressurreição, Madalena o encontra num jardim e até o confunde com um jardineiro e no centro da Jerusalém Celeste, no livro do Apocalipse, tem um grande jardim.

No momento de sua prisão, Jesus pergunta: A quem procurais? E essa pergunta ecoa na leitura e reflexão deste capítulo.

No jardim não sentem frio, porém depois da prisão de Jesus, o frio vem, sentem frio. Possivelmente um frio não no corpo, mas na alma.

E esse frio percorre também o nosso corpo e nossa alma quando olhamos a nossa realidade, sobretudo de periferia, é impossível este texto não fazer eco e não enxergar essa realidade nos jovens, principalmente negros de nossas favelas, morros e periferias. Estas juventudes que são presas, na maioria das vezes, por serem pobres, pois no Brasil há uma criminalização da pobreza. Então, para muitos desses jovens, o único crime foi terem nascidos pobres. E essas prisões, seguidas de torturas, são espetaculadas nos programas policialescos de televisão, onde são humilhadas, desdenhadas, desumanizadas e tudo isso vira audiência nos programas de tvs.

E assim como Jesus que teve sua mãe, sua tia Maria de Cleofas e Maria Madalena aos pés da cruz, quem estão com jovens, chorando por eles, buscando seus direitos e sua humanidade são suas mães, irmãs e esposas. São as mulheres. São as discípulas amadas que sustentam as mães destes jovens e as que são presas junto com eles. Pois, quase sempre, “as mães puxam prisão junto com seus filhos”

Os jardins serão refletidos na ressurreição, porém, que nesta sexta-feira possamos refletir sobre o que levou Jesus a crucifixão. Um sistema religioso opressor e excludente que legitimava o sistema político daquela época. E hoje? Jesus continua sendo crucificado nos corpos de tantos e tantas pessoas marginalizadas pelo estado opressor, excludente e assassino.

E Jesus continua a perguntar: A quem buscais?

Que possamos encontrar Jesus, onde ele verdadeiramente está.

Ana Selma – CEBI CE

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