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Crianças, Brincadeiras e Bíblia

A Igreja Betesda de Fortaleza (CE) convidou o Cebi para facilitar formação de trabalho bíblico com crianças. E assim, aconteceram dois encontros virtuais, pela plataforma Zoom; um dia 24 de janeiro e outro no dia 26. No primeiro encontro, Klaus mediou diálogos sobre concepções de crianças, criança e infância e adultocentrismo. O segundo encontro, mediado pela Fatinha e Múria, trouxe vivência de entrada em textos bíblicos, como quem convida o grupo a experimentar entrar na cena, perceber o lugar, as características das pessoas, a situação que aparece e o que foi feito para mudá-la. Após a vivência, perguntou-se às pessoas se elas se viam fazendo esse mesmo processo com as crianças. Elas disseram que sim e que tiveram mais ideias no trabalho com as crianças. Diálogos sobre desenhos, músicas, brincadeiras, dramatizações e lápis de cor não faltaram. Bem como, o fazer com as crianças, e não para elas; o escutar, o ver a vida, e a vida das crianças.

Para maior aprofundamento no assunto, partilharemos abaixo o capítulo 3 do PNV 402, com o título: “Crianças, Brincadeiras e Bíblia”. Adquira o material completo clicando AQUI.


Vamos refletir, nesta parte do livro, sobre a importância das brincadeiras com as crianças nos momentos de reflexão sobre a Bíblia. Mas é possível brincar com as crianças quando estamos na catequese, na escola dominical, nos momentos em que se fala da Palavra de Deus? Sim! Brincar com as crianças é também uma maneira de as aproximar da Bíblia.

É importante lembrarmos que quando lemos a Bíblia temos nas mãos um texto que não foi escrito para crianças. No tempo em que as memórias bíblicas foram colocadas como texto, não havia esta preocupação de envolvimento das crianças. Já mencionamos aqui que as crianças não foram sempre consideradas seres importantes no decorrer da história da humanidade. Quando se trata do texto da Bíblia, precisamos lembrar também dessa informação. As pessoas não estavam escrevendo os textos pensando que as crianças teriam contato direto com ele.

Mas em nossas comunidades já fazemos diferente. Usamos a Bíblia com nossas crianças em diferentes momentos. E como fazer para que aquele texto que não foi escrito pensando nas crianças seja próximo delas?

É importante destacar ainda quando tratamos sobre a Bíblia de que o texto bíblico tem um tempo e um lugar. Também essa informação precisa estar presente quando tratamos da Bíblia com as crianças. O texto bíblico está dentro de um contexto, de uma cultura, de um tempo e de um lugar que são bem diferentes de nosso tempo. Precisamos ter isso presente quando organizamos nossas atividades que envolvem crianças e Bíblia.

Vamos, então, refletir um pouco sobre as maneiras de aproximar a Bíblia das crianças, ao mesmo tempo em que brincamos com elas. Na Bíblia vamos encontrar diferentes gêneros textuais, diferentes formas que o texto foi apresentado no decorrer da história. Então é um aspecto muito importante e que pode ajudar bastante em nosso trabalho com as crianças é valorizar os textos narrativos. São os textos onde pequenas histórias são contadas. É possível criar várias atividades com as crianças enquanto tomamos as pequenas histórias que temos na Bíblia.

Se tomamos textos do Primeiro Testamento é importante delimitar os trechos das narrativas que queremos trabalhar, definindo bem qual é o objetivo de uso do texto escolhido. O que queremos com esse texto? Como podemos, brincando com as crianças, trazer essas memórias bíblicas para perto da nossa realidade?

Podemos envolver, nas narrativas escolhidas na Bíblia, conversas que aproximam as crianças da sua própria realidade. Essa é uma metodologia que está a serviço de todo o processo de estudo da Bíblia. No CEBI, na Leitura Popular da Bíblia, partimos sempre da Vida. Quando estamos falando da vida, e pode ser por meio de uma brincadeira, levantamos perguntas importantes.

No segundo Testamento temos alguns textos que poderão aproximar um pouco melhor a criança da Bíblia. Exemplos assim temos nas narrativas em parábolas. As parábolas são pequenas histórias, são narrativas que foram recolhidas nas Comunidades do tempo de Jesus e comunidades seguidoras de Jesus, no primeiro e segundo século da era comum. Essas parábolas foram incluídas nos textos de memória para contribuir na catequese das primeiras comunidades.

De novo é importante lembrar que não se fazia, nas primeiras comunidades, catequese com crianças. Porém, podemos fazer a releitura dos textos na perspectiva da criança. Por isso destacamos a importância de encontrar formas de recontar o texto. No CEBI temos, na série Palavra na Vida, quatro livros com propostas de trabalhar com as crianças a partir de contos: “Fé e Contos: Leitura Bíblica com crianças”. Esse material apresenta uma proposta de trabalhar a Bíblia com crianças, utilizando os contos. Essa é uma maneira interessante de trazer para próximo da criança o texto da Bíblia. A partir dessa metodologia, aprendemos que é possível fazer reconto, fazer releitura do texto a partir da realidade da criança que estamos lidando.

Estamos então refletindo que para aproximar a Bíblia das crianças é muito importante usar a linguagem e a experiência da brincadeira. Fato curioso é que na Bíblia temos cenários que aproximam as brincadeiras da profecia. A profecia de Zacarias retrata bem essa imagem quando narra: “As praças da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão” (Zacarias 8,5).

Outra imagem profética associada às crianças brincando para se retratar um mundo de justiça, paz, solidariedade e não violência, está em Isaías 11,8: “A criança de peito brincará sobre a toca da cobra, e o já desmamado meterá a mão no ninho da serpente”. Brincar é um ato profético! Possui um significado muito forte de resistência.

Bem… Vamos trabalhar com a Bíblia de uma forma lúdica, ou seja, de uma maneira divertida, interessante, curiosa, sempre a partir da realidade da criança.

Essa maneira de trazer a Bíblia para próximo da criança, brincando, vai nos possibilitar abrir um diálogo com as crianças. Não dá para querer que a criança tome gosto pela palavra de Deus que está na Bíblia se só trazemos o texto bíblico para perto dela com palavras duras, com formas autoritárias de falar de Deus, com entendimento de um Deus que é vingativo, que fica vigiando as crianças, que fica controlando a sua vida, sua conversa, sua fala e até a sua brincadeira.

Se a nossa linguagem, quando tratamos de aproximar a Bíblia das crianças, for autoritária, legalista e opressora, não teremos as crianças tendo gosto por lidar com o texto da Bíblia. Por isso, a importância de aproximarmos a Bíblia por meio das brincadeiras. E é importante reafirmar que não vamos encontrar brincadeiras na Bíblia. Como já falamos, os textos bíblicos são memórias das comunidades que foram registradas num tempo em que não havia uma preocupação com a criançada.

Nesse sentido, o nosso exercício se torna ainda mais importante e mais interessante. Nós, facilitadoras e facilitadores do trabalho com crianças, precisamos nos apropriar do texto bíblico, buscando o sentido de cada texto, conhecendo os diferentes contextos de seu surgimento, de seu registro. Precisamos de proximidade com a Bíblia para que possamos fazer com as crianças essa aproximação mais livre, alegre, libertadora.

Outra coisa importante é que nem sempre precisamos ter a Bíblia quando lidamos com as brincadeiras das crianças. A conversa que vai seguir após a brincadeira, a reflexão que vamos construindo nas nossas rodas com as crianças, possibilitarão que a mensagem que está na Bíblia chegue perto das crianças. Às vezes, uma frase, um versículo, uma palavra, pode aproximar a criança da Bíblia.

Vamos tomar o exemplo das parábolas. As parábolas de Jesus são narrativas, pequenas histórias com um objetivo específico. Foram escritas a partir da realidade daquelas comunidades que produziram essa memória, para também deixar uma mensagem, provocar conversas, provocar reflexão. Mas podemos tomar as parábolas que trazem elementos da realidade e com elas usar várias estratégias de brincar, também aliar isso com a linguagem artística. Por exemplo, nas parábolas nós temos elementos da realidade, que nem sempre são elementos que as crianças têm acesso, lembrando também que a maioria das parábolas de Jesus foram produzidas no ambiente rural e falam de semente, de plantio, de terreno, de plantações.

Então, quando tratarmos de parábolas precisamos trabalhar os elementos presentes, também como é que as crianças lidam com os elementos que estão na parábola, que são reais, que são da vida do povo que as produziu.

A brincadeira pode sempre ser uma possibilidade de iniciar a reflexão. Por meio da brincadeira, é possível iniciar o processo de conversa sobre a nossa vida em comunidade, sobre o nosso pertencimento nesse caminho do seguimento de Jesus. Vamos, assim, criando um ambiente para que as crianças se sintam à vontade e, dependendo do momento e do objetivo do encontro, podemos partilhar também a palavra que está na Bíblia.

Autoria:
Múria Carrijo Viana é Educadora Popular, apaixonada pela Leitura Popular da Bíblia. Facilitadora de trabalho bíblico com Crianças e Adolescentes.
Maria de Fátima Castelan é Educadora Popular. Facilitadora de Leitura Popular da Bíblia, no CEBI-ES. Engajada nas lutas populares em defesa da vida das crianças, adolescentes, juventudes e das mulheres.

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