“Sabemos que o triste episódio é, lamentavelmente, apenas mais um capítulo dessa guerra longa, injusta e desigual entre latifundiários de uma das regiões de maior concentração de terras do país e seus habitantes primeiros”, dizem os acadêmicos.
Eles exigem que o governo do estado e o governo federal descubram as identidades de todos os fazendeiros que participara da ação “violenta e covarde”, bem como seus mandantes, e que os responsáveis sejam punidos no rigor da lei.
“Exigimos, ainda, que o Ministério da Justiça e o Governo Federal concluam imediatamente o processo de demarcação, garantindo a terra àqueles que original e tradicionalmente a ocuparam, como determina a Constituição”.
Abaixo, a íntegra da carta:
Moção de Repúdio
Os Professores da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Paranaíba vêm a público declarar seus mais veementes protestos à ação dos fazendeiros que atacaram de forma tão violenta quanto covarde famílias de indígenas GuaraniKaiowá nas proximidades do município de Caarapó – MS, no último dia 14.
O ataque, repentino, resultou no assassinato do jovem Clodiode Aguileu Rodrigues, de 20 anos, além de uma dezena de feridos, dentre eles crianças.
Sabemos que o triste episódio é, lamentavelmente, apenas mais um capítulo dessa guerra longa, injusta e desigual entre latifundiários de uma das regiões de maior concentração de terras do país e seus habitantes primeiros.
É inadmissível que se perpetue o genocídio praticado contra os povos indígenas. Resolver definitivamente este interminável processo é responsabilidade do Estado.
Exigimos, nesse sentido, que o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul e o Governo Federal não poupem esforços na investigação da identidade de todos os que participaram da ação, bem como seus mandantes. E que os responsáveis sejam devidamente punidos de acordo com o que manda a Lei.
Exigimos, ainda, que o Ministério da Justiça e o Governo Federal concluam imediatamente o processo de demarcação, garantindo a terra àqueles que original e tradicionalmente a ocuparam, como determina a Constituição.
Paranaíba, 16 de junho de 2016.