Todos nós temos origem na África e pode haver mais diferença entre dois louros que entre um louro e um africano.
A tonalidade da pele não difere geneticamente os seres humanos. Não há duas raças humanas, mas uma só.
Esse é o resultado do mapeamento do genoma humano publicado há algum tempo e comparado ao mapeamento de outros seres vivos.
É um prazer pertencer à comunidade da vida com vermes, moscas, chipanzés e humanos que habitam esse planeta. Provavelmente, sem aqueles seres, que nos transmitiram sua carga genética, não estaríamos aqui. Se houve evolução das espécies, então devemos a eles todos os degraus da evolução.
Mesmo que não tenha havido, somos todos irmãos, parentes, geneticamente irmanados.
Portanto, mais que um preconceito, o que os peruanos fizeram com o Tinga, ou quando os europeus pensam estar ofendendo algum brasileiro ou africano, chamando-os de macaco, é pura ignorância.
Certos ramos das ciências sociais, entretanto, acham interessante manter o conceito interpretativo de raça, não porque existem duas ou três raças humanas, mas porque ele capta a discriminação conveniente para os grupos dominantes que consideram seus semelhantes inferiores por razões de cor.
A polícia que atira nos negros e índios em primeiro, ou o deputado que diz serem "os negros, índios e gays tudo que não presta”, assim revela seu entendimento ignorante e discriminatório em relação aos seus irmãos "gêmeos”. Ele segue o princípio nazista de dividir os seres humanos em raças e afirmar que os "arianos” são superiores aos demais.
Os peruanos, os africanos, os brasileiros, os europeus, todos somos geneticamente os mesmos. Portanto, de alguma forma, todos somos chipanzés.
Roberto Malvezzi possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.