Por: Jussiana Silva dos Santos[1]
Confesso Senhor que nesse ofertório
Queria depositar a desilusão
O choro estampado em cada canto do mundo
Que há um ano é notícia na minha televisão
Confesso que no altar deixaria
A angústia que invade o meu coração
Ao ver os órfãos da Covid gemerem baixinho
Sem terem um abraço, um aperto de mão
Sim meu Deus, queria entregar-Te
A dor do viúvo, da viúva e do netinho
A ausência que machuca, a saudade que corrói
Quando já não se pode dar e receber aquele carinho
Mas Deus como ofertar desesperança
Para quem sempre me deu luz?
Como entregar morte
Para quem me ofereceu a vida em Jesus?
Por isso Senhor, hoje quero ofertar
A última gota de força que resolvi guardar
O sorriso escondido atrás das máscaras
E a capacidade que tenho de esperançar…
Recebe então paizinho querido
O que oferto com amor
Transforma essa gota em um oceano
E a esperança em uma linda flor!
Ilustração : SUZART “Eu sou flor e lágrima”
[1] Presbítera na IPU de Muritiba (cidade serrara do recôncavo baiano).
Publicado no blog Teologando na Serra: http://teologandonaserra.blogspot.com/2021/03/ofertorio.html?m=1