por Marcos Aurélio dos Santos*
Nos últimos dias tem surgido uma onda de violência e ódio que permeia pelos quatro cantos do Brasil. Um dos episódios que deixou os brasileiros horrorizados e perplexos foi o caso do professor de Capoeira e militante de cultura negra, Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos. Romualdo foi assassinado por um eleitor do candidato fascista Jair Bolsonaro em um bar, após uma discussão sobre política, fato que nos traz também profunda tristeza e indignação pelo fato da perda de uma vida, de um ativista negro que lutou pelos direitos dos pobres e excluídos.
O discurso de ódio e exaltação à violência e tortura de Jair Bolsonaro está refletindo de forma assustadora entre seus eleitores.
Temos também o caso recente da funcionária pública do Recife, Paula Pinheiro de 37 anos, vítima de espancamento em um bar por uma eleitora descontrolada e violenta do Capitão Opressor. Dentre muitos outros casos, como o de Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, e a morte de líderes do MST e quilombolas, há também a violência proliferada nas redes sociais, em um seguimento multiplicador e fiel ao discurso do candidato fascista. São palavras de excitação à violência, reproduzidas por milhões, cheias de preconceito e ódio, o que nos remete ao movimento nazista de Hitler na Alemanha, que exterminou 6 milhões de Judeus.
Mas o que tem deixado muitos de nós perplexos é o apoio de milhões que se dizem “cristãos”, mas declaram apoio e voto a um candidato que defende a tortura, a violência, o racismo e a segregação dos pobres. Por isso, é preciso perguntar: que “evangelho” está sendo pregado para essas pessoas? Qual a visão de espiritualidade cristã desse seguimento?
Ao longo dos séculos, o que a igreja institucional com sua doutrina tem ensinado aos seus membros? A que caminho isso os tem levado? São perguntas importantes e urgentes diante de uma conjuntura política onde há uma séria ameaça de um desenfreado crescimento do fascismo em nosso pais, e isso com o apoio de líderes cristãos de diversos seguimentos religiosos.
Jesus de Nazaré venceu a violência, o ódio e a tortura. Jesus ensinou a seus discípulos que o amor vence tudo! Nosso Senhor e Mestre nunca apoiou a postura reacionária de seus opositores. Jesus sempre respondia com amor e doçura aos ataques de violência verbal dos Fariseus, mesmo dizendo a verdade sobre eles, chamando-os de raça de víboras (Mateus: 23.33); ou ainda quando os comparou a sepulcros caiados por causa da hipocrisia deles (Mateus: 23.27). Jesus teve que dizer essas verdades aos fascistas religiosos de sua época não como uma reação negativa ao ódio, mas porque os amava.
Para Jesus de Nazaré, o amor sempre vencerá o ódio.
Jesus foi um preso político vítima de violência, prisão, tortura e morte. Jesus se opôs ao sistema opressor do império Romano e não comungou com o projeto político perverso e corrupto de Caifás. Denunciou a exploração e manipulação no templo, acolheu os pobres, doentes, mulheres e crianças, estes, as maiores vítimas do sistema de opressão de seu tempo que estava sob o domínio do poder militar de Roma. Denunciou o sistema econômico assistencialista que mantinha os pobres em condição segregacional, que preservava a continuidade de um círculo de escravismo sob pena de impostos injustos. Tudo isso e por muitas outras questões políticas levaram Jesus a condenação sob acusação de herege subversivo, inimigo dos Judeus e do estado de Roma. Jesus de Nazaré foi julgado pelos dois poderes e condenado a morte de Cruz.
Jesus venceu o ódio, a tortura e a morte na Cruz. Por isso, a morte e ressurreição do Cristo é a promoção da vida, Jesus revigora a força dos cansados, levanta os caídos e promove a paz, esperança, amor e perdão. Em Jesus, há um novo amanhecer que supera todo o preconceito e ódio. Em tempos tão sombrios em que vive o nosso país, é preciso acreditar que o amor vencerá o ódio, que o acolhimento fraterno vai superar a tortura, que o bem vai vencer a violência, que a vida vai vencer a morte.
Para muitos cristãos, é preciso repensar a fé no seguimento de Jesus, devemos buscar uma espiritualidade que exalte o amor, a misericórdia, a paixão e o serviço. Só o amor vence o ódio que permeia em nosso Brasil.
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