Domingo XXVIII do Tempo Comum
Reflexão sobre Lucas 17,11-19
Alex Sandro – CEBI/MT
- A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela divisa entre Samaria e Galiléia.
- Ao entrar num povoado, dez leprosos dirigiram-se a ele. Ficaram a certa distância
- e gritaram em alta voz: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós! “
- Ao vê-los, ele disse: “Vão mostrar-se aos sacerdotes”. Enquanto eles iam, foram purificados.
- Um deles, quando viu que estava curado, voltou, louvando a Deus em alta voz.
- Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. Este era samaritano.
- Jesus perguntou: “Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove?
- Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro? “
- Então ele lhe disse: “Levante-se e vá; a sua fé o salvou”.
O texto de hoje nos faz refletir sobre vários pontos importantes das experiências humanas sobre fé e preconceito. Apesar de curto, há uma reflexão profunda e significativa a ser feita, sobre as incapacidades humanas de acolhimento, para diversas situações em que as pessoas se encontram e que por assim estarem se tornam marginalizadas.
Jesus, a caminho de Jerusalém, encontrou dez leprosos. Nos colocando neste cenário, o que nos vem em mente sobre a atitude do povo da época em relação a estas pessoas?
A atitude “normal” era a de exclusão e abandono. Deveriam ficar sempre isolados socialmente em leprosários ou colônias, e nestes lugares deveriam ficar até a morte, devido à ausência de tratamento e o medo do contágio. Além disso, para a época, essas pessoas eram consideradas impuras e pecadoras. A doença, que era incurável e desfigurante, gerava preconceito, os pacientes eram excluídos de cidades, proibidos de atividade comum, como trabalho, casamento, ou seja, o básico de uma existência, sendo sua vida marcada até mesmo pela exclusão familiar e pela dependência da caridade.
Interessante notar onde Jesus se encontra no momento que é procurado pelos “leprosos”, um lugar extremamente neutro, ou seja, nem na Galiléia, onde moravam os “escolhidos”, nem Samaria, onde o povo era rejeitado e vistos como não-judeus. Todavia, é preciso lembrar que os leprosos eram banidos, logo, todos os 10 se encontravam em situação de igualdade, e a todos fora oferecida a mesma possibilidade de cura.
Algo relevante é que mesmo precisando da cura de Jesus, se colocaram distantes, devido ao preconceito que sofriam, e isso também traz uma reflexão importante acerca de até quanto podemos nos distanciar da fé, por causa das ações de outras pessoas. É nítido que o preconceito é umas das principais causas da marginalidade, se não a maior, nós mesmos, muitas vezes, somos agentes de exclusão. Quantas vezes já passou por alguém na rua que te fala algo e você nem se quer ouviu o que ela disse? Por normalizar as pessoas em situação de rua? Entre várias outras situações, e com atitudes assim, não permitimos a transformação da vida das pessoas e não lhe damos o direito básico de serem ouvidas e ajudadas.
Estes no caso ainda tiveram a coragem de gritar clamando a Jesus por sua cura e Ele os ouviu e os curou.
Mas quem voltou para agradecer?
O samaritano! Que era estrangeiro e considerado pagão, os outros, que certamente eram judeus, não regressaram, não tiveram gratidão pela cura. Trazendo essa reflexão para os dias atuais, a gente se identifica mais com quem? Quantas vez agradecemos as graças alcançadas?
Nos vemos numa sociedade dinâmica e complexa, onde tudo se justifica pela falta de tempo, mas precisamos entender que do mesmo modo que conseguimos tempo para pedir a Jesus algo, de igual maneira temos que destinar tempo para o louvor a Deus.
Lembro que, quando criança, éramos ensinados que sempre que fossemos orar para Deus, deveríamos primeiro agradecer todas as bençãos e depois pedir. Mas, infelizmente, costumamos ter uma postura egoísta, assim como os 9 que não voltaram, nós também, muitas vezes, queremos que Deus olhe por nós, cuide de nós e nos dê tudo que pedimos. Mas e a contrapartida? Deus não espera que fiquemos em casa apenas louvando Ele, o tempo todo, mas sim que aproveitemos a graça alcançada e saíamos para as ruas pregando a boa nova e acolhendo os marginalizados. Que sejamos exemplos de fé e compaixão, isto é extremamente necessário para a transformação da sociedade.
Voltando a leitura, ela se encerra com Jesus dizendo “Levante-se e vá; a sua fé o salvou”, Jesus repete isso com frequência para que a gente entenda a importância de termos Fé, em Hebreus 11:6 diz, “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dEle se aproxima precisa crer que Ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.”
Diante de tantas considerações importantes, o que fica acerca do texto? Ele nos convida a vivenciar a fé verdadeira, o Amor de Deus e a compaixão. Nos inspira a sempre ter gratidão a Deus e não só nos preocuparmos em esperar algo em troca, nos convida a repensar nossas ações relacionadas as nossas doenças da alma e nos convida a acreditar que tudo podemos quando a fé é a nossa força.


