Caminho, Casa e Mesa: O Discipulado nas Comunidades de Jesus

Domingo XXII do Tempo Comum
Reflexão sobre Lucas 14,1.7-14
Pe. Eduardo Alencar Lustosa – CEBI TO

Lucas faz questão de apresentar Jesus aceitando convites para comer. Gosta de apresentar Jesus como viajante pelo caminho e hóspede. A mesa é o lugar de comunhão e amizade. No 1º Testamento, o banquete é sinal de que os tempos messiânicos do reinado de Deus teriam chegado.

Na casa de um fariseu, de modo surpreendente, e, segundo nossos critérios, um tanto indelicado, Jesus ensina algumas regras de boas maneiras:

  1. Aos convidados, ensina a não procurar o primeiro lugar, para que o dono da casa possa apontar o lugar mais aequado;
  2. Ao anfitrião, ensina a não convidar as pessoas de bem, mas os que não podem retribuir, pois só assim demonstram gratuidade.

Em outros termos, Jesus ensina a saber receber de graça e sobre dar sem intenções calculista. O sentido profundo dessa lição se revelará na ultima Ceia (22,24-27), em que o anfitrião é o Servo, que dá até a própria vida.

Olhemos o Contesto da perícope:

O anfitrião é um chefe do fariseu. A casa está cheia de seus correligionários, não muito bem intencionados (14,2). Para começar, Jesus aborda o litigioso assunto do repouso sabático, defendendo uma opinião bastante liberal (14,3-6).

Em 14,7, onde começa o texto, critica, com uma parábola, a atividade dos fariseus, que prezam ser publicamente honrados por sua virtude, também nos banquetes, onde gostam de ocupar os primeiros lugares (Af. Lc 11,43). Alguém que ocupa logo o primeiro lugar num banquete já não pode ser convidado pelo anfitrião para subir a um lugar melhor; só pode ser rebaixado se aparecer alguma pessoa mais importante. É melhor ocupar o ultimo lugar, para poder receber o convite de subir mais. Alguém pode achar que isso é esperteza. Mas o que Jesus quer dizer é que, no reino de Deus, a gente deve adotar uma posição de receptividade, de auto-suficiência.

Na mesma sequência, Jesus dá outra lição relacionada com o banquete, porém dirigida ao anfitrião:

Não se deve convidar os que podem convidar de volta, mas os que não tem condições para isso. Só assim nos mostraremos verdadeiros filhos e filhas do Pai, que nos deu de graça.

No intimo de seu coração caro leitor (a), responda estas perguntas, relacionadas aos banquetes das comemorações de sua cidade, de sua comunidade, de suas festas, de suas quermesses:

. A quem é enviado o convite para participar do banquete?

. Quem senta a mesa?

. Qual a lógica da organização das mesas?

. Em qual das mesas há lugar com o nome reservado?

. Quem cozinha?

. Quem serve a mesa?

. Quem fica observando pela janela ou com disfarce em meio aos convidados para o panquete?

Jesus convida a não buscar lugares de honra, a não entrar no jogo de competição. Essa atividade revela o desejo de ser mais, de exercer o poder do privilegio sobre outras pessoas. A competição gera divisões, ciúmes, invejas.

Jesus das comunidades lucanas está sempre a caminho, entrando nas casas, sentando à mesa para refeições. Estas comunidades guardam-nos seu projeto de discipulado: o Caminho de Jesus é o Caminho da comunidade. A Casa é a comunidade que vai se formando ao longo do caminho. A Mesa torna-se o lugar para apreender e viver a proposta de relações novas com Jesus.

Caminho, Casa, Mesa de Jesus… Ainda hoje, o Caminho, a Casa e a Mesa continuam nos desafiando para fazer acontecer o Banquete do reino. Onde os primeiros e privilegiados convidados são os últimos.

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