A Parábola do Rico Insensato

Domingo XVIII do Tempo Comum
Reflexão sobre Lucas 12, 13-21
Maristela Bonim – CEBI RO

Neste trecho do Evangelho de Lucas, Jesus nos apresenta uma parábola poderosa sobre as armadilhas do egoísmo e da confiança excessiva nas riquezas materiais. Um homem rico, depois de uma colheita abundante, decide construir celeiros maiores para guardar seus bens, dizendo a si mesmo: “Tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe e regala-te.” Mas Deus lhe diz: “Louco! Ainda nesta noite pedirão tua alma; e o que acumulaste, para quem será?”

A essência desta parábola é um alerta contra a vaidade e a ilusão de segurança baseada em bens terrenos. O homem da parábola não é condenado por ser rico, mas por colocar toda a sua confiança no acúmulo de bens, esquecendo-se de Deus e dos outros. Sua vida está centrada no “eu”: meus frutos, meus celeiros, meus bens, minha alma. Ele não pensa em partilhar, não agradece, não reconhece a fragilidade da vida.

Jesus, então, conclui com uma lição fundamental: “Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus.”

Esta parábola nos convida a refletir sobre nossas prioridades. Estamos acumulando para o mundo ou para o Reino? Nossas conquistas materiais têm espaço para a partilha, para a generosidade, para o cuidado com o próximo? Ou estamos construindo celeiros cada vez maiores em nossos corações, deixando Deus do lado de fora?

Ser “rico diante de Deus” significa viver com sabedoria, desapego, compaixão e fé. É compreender que a vida é um dom passageiro e que o verdadeiro tesouro se constrói na eternidade, por meio do amor vivido no presente.

Essa parábola é direta e, ao mesmo tempo, profunda. Ela nos faz refletir sobre várias questões importantes:

  • O que estamos acumulando? Muitas vezes, nos preocupamos tanto com coisas materiais — dinheiro, bens, conforto — que esquecemos o essencial: amar, perdoar, servir e buscar a Deus.
  • Onde está nossa segurança? Este homem se sentia seguro por causa do que possuía. Mas Jesus mostra que a verdadeira segurança não está no que temos, mas em quem somos diante de Deus.
  • Estamos sendo generosos ou egoístas? Ele não pensou em compartilhar. Pensou só em si mesmo. Isso é um alerta para que a nossa fé não seja vivida de forma isolada, mas em comunidade, com solidariedade.

Jesus termina dizendo:
“Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus.”

Perguntas para reflexão:

  1. Em nossa vida diária, o que significa “ser rico diante de Deus”?
  2. Como podemos praticar o desapego e a generosidade hoje?
  3. Que atitudes nos ajudam a lembrar que nossa vida está nas mãos de Deus e não nas coisas materiais?

Uma vez ricamente abençoado por Deus o homem, já rico da parábola, não se pergunta acerca do que deveria fazer com os bens recebidos. Pelo contrário ele se refere aos bens recebidos como sendo “os meus frutos” e se mostra preocupado em preservá-los exclusivamente para si.  Este texto diante de nós faz referência direta aos lucros excessivos da sociedade capitalista em que vivemos e ao conceito de “mais valia” como proposto por Karl Marx onde o esforço coletivo gera a riqueza de uns poucos que os exploram.

Como se vê, o personagem da parábola é um homem voltado somente para si mesmo. Quase todas as suas falas são em primeira pessoa singular (vou fazer; vou derrubar; vou guardar; poderei), além de um uso excessivo de pronomes possessivos (minha; meus), o que revela um egoísmo profundo. Toda a sua confiança é depositada na abundância dos bens. Em seu pensamento não há espaço para Deus e nem para o próximo; ele pensa somente em si e nos bens que possui, e esse é o seu grande pecado. A vida de uma pessoa perde o sentido quando não contempla Deus e o próximo.

 

 

Carrinho de compras
Rolar para cima