Domingo, 12 de maio de 2025, Dia das Mães, chove no Rio de janeiro, a temperatura abaixou, um novo papa foi eleito, mas a minha memória afetiva com relação à Francisco, continua vívida e cheia de afetuosidade. Não sou católica. Nasci numa família protestante, metodista de terceira geração, e ecumênica, adjetivo que fazia parte do nosso substrato metodista. Mas, mesmo ecumênica, sempre olhei para o papado com críticas e distanciamento, numa perspectiva institucional, pois entendia (e entendo) a igreja numa robustez de patriarcado, riqueza, moralidade e acolhimento seletivo, sem lugar para os LGBTQIAP+, sem lugar para os divergentes, enfim, posturas excludentes que vem sendo repetidas e mantidas historicamente em nome de uma moralidade adoecida e excludente, em nome de Deus-pai.
Mas aí chega o Jorge Mario Bergoglio, o Francisco, nosso hermano sagaz, inteligente, bem-humorado, com uma espiritualidade livre (espiritualidade tem que ser livre!), uma coragem invejável de se expor e de nunca omitir e nem mentir sobre sua história e sobre as coisas que pensa sobre a igreja, com humanidade e liberdade de servir. Isso é profundamente espiritual. Só um ser pleno de espiritualidade tem liberdade de se despojar e romper com amarras, sejam emocionais, institucionais ou cotidianas.
Francisco optou por um papado com gosto de povo, de minorias, de afeto, longe da pompa e circunstância que o cargo exige, optou pela justiça aos pobres e minorias, optou por enfrentar o lado engessado burocrático da igreja ao mudar as regras para anulação de casamentos, ao abrir a porta do Vaticano para (algumas) mulheres, afastar cardeais envolvidos em corrupção e o melhor, sorriu. Sorriu muito e abraçou tanto ou mais, católicas sem vergonha de ser católicas que depositavam no Francisco uma fé libertária e autêntica, bem tipo ‘sem medo de ser feliz’. Que bonito! Deus é amor. Deus é humor.
Francisco me fez entender, no sentido pleno, o que é santidade: Ser santo é ser vivo para Deus. Ser santo é serviço pra Deus.
Pastora Rute Noemi



