O Bom Pastor nos Chama Pelo Nome: Escutar, Seguir e Cuidar em Tempos de Esperança e Resistência

O Evangelho deste 4º domingo da Páscoa – João 10,27-30 – está inserido num contexto onde Jesus, é questionado pelas autoridades religiosas judaicas sobre sua identidade e ensinamentos. Era a Festa da Dedicação do templo. As autoridades religiosas não acreditam nele, logo não são suas ovelhas. Então, Jesus afirma ser o Bom Pastor e descreve a relação que tem com as suas ovelhas.

Este trecho enfatiza a relação íntima entre Jesus e seus seguidores, destacando que as ovelhas ouvem a sua voz, são conhecidas por ele e seguem-no. Jesus afirma também que dá a vida eterna a estas ovelhas, que nunca perecerão e que ninguém as pode arrancar da sua mão.

– Ouvem: não apenas por ouvir, mas escutam e prestam atenção em sua voz, mas indica o acolher e guardar no coração as propostas que Jesus faz.

– Ouvem e vão atrás d’Ele: Aquelas pessoas que escutam a voz de Jesus, acolhem as suas propostas e vão atrás d’Ele, estão unidos a Jesus de uma forma especial.

– Unidos a Jesus elas são conhecidas por Ele e seguem-no: conhecer significa proximidade, intimidade, familiaridade. Ao segui-lo, demonstram que verdadeiramente estão unidos a Jesus, mas antes são conhecidas pelo Pastor.

– As ovelhas que aceitam fazer d’Ele a sua grande referência, Jesus dá-lhes vida verdadeira e definitiva (“Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer”). O Bom Pastor garante que as ovelhas serão sempre recriadas, renovadas, fortalecidas, protegidas, alimentadas em pastos verdejantes e fontes de água pura. Nunca se perderão e não se afastarão d’Ele nem na morte.

– Em sintonia com o primeiro testamento onde Deus prometeu que cuidaria de cada uma das ovelhas que os maus pastores deixaram perder, Jesus agora vai continuar cuidando de cada uma das ovelhas que os líderes religiosos estavam abandonando e deixando de lado para cuidar dos seus próprios interesses. Ele continua assim a missão que recebeu de seu Pai.

– As lideranças religiosas não acreditam n’Ele, mas Ele e o Pai são um.  As ovelhas que acreditam no Pai, acredita também n’Ele e quem acredita n’Ele, acredita também no Pai e não serão abandonadas à própria sorte. Elas o seguem, elas o amam, elas o obedecem, elas fazem a vontade do Pai e também a sua vontade.

– O texto de hoje não traz o passo seguinte, mas a atitude das lideranças religiosas, depois de compreender totalmente a fala de Jesus é apanhar pedras para apedrejá-lo. Eles não acreditam, não aceitam a pessoa e nem a missão de Jesus.

 

Contexto Detalhado:

Jesus como o Bom Pastor:

Jesus usa a metáfora do pastor e das ovelhas para se apresentar como aquele que cuida, guia e protege seus seguidores.

Relação Intima:

Jesus afirma que suas ovelhas ouvem sua voz, o conhecem e o seguem, indicando uma relação pessoal e de confiança.

Salvação e Segurança:

Jesus garante a vida eterna às suas ovelhas, assegurando que elas não serão perdidas e que ninguém as pode arrancar da sua mão.

Unidade com o Pai:

Jesus afirma que ele e o Pai são um, reforçando a sua divindade e o seu poder sobre a salvação das ovelhas.

Embate com as Autoridades:

Este trecho é parte de um contexto mais amplo, onde Jesus está em confronto com as autoridades religiosas judaicas, que não reconhecem sua autoridade e a sua relação com as ovelhas.

 

Qual a relação deste texto com os nossos dias?

Até que ponto realmente nós acreditamos em Jesus, o Bom Pastor? Escutar a sua voz em nossos dias significa deixar a vontade d’Ele prevalecer sobre a nossa vontade. É verdadeiramente colocar em prática a sua palavra, nos colocando a serviço das ovelhas que ainda hoje continuam a procura de um pastor zeloso. Já são muitas irmãs e irmãos que se colocam do lado dos pobres, dos excluídos, dos migrantes, das mulheres, das crianças abandonadas e dos idosos. Porém, ainda há muitos outros que necessitam de atenção, cuidado e carinho.

Os pastores e pastoras de hoje representam Jesus Cristo, o Bom Pastor ou se preocupam apenas com os seus interesses pessoais? Precisamos aprender a discernir quais são as lideranças religiosas que em nossos dias estão preocupadas realmente com os sofrimentos das ovelhas. No mundo atual tem muitas ovelhas de boa-fé que se deixam levar muitas vezes por lobos vestidos de cordeiros, que se apresentam no dia a dia, ou nas redes sociais, ou ainda nos momentos de maior desespero das pessoas para sugar o resto de sua dignidade e vida. Não deixemos que morra a profecia.

Onde e em quem temos depositado nossa esperança? – Precisamos nos perguntar. Como peregrinos de esperança não podemos nos deixar levar por pretensos “salvadores da pátria”, que não são capazes de salvar nem a si mesmos, quanto mais aos outros. A razão da nossa esperança está no Bom Pastor, Jesus Cristo que foi enviado ao mundo não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio d’Ele.

Qual tem sido o lugar da mulher, mãe biológica, afetiva ou não, ou simplesmente mulher em nossa vida? Lembremos de todas as mulheres que nos deram a vida e de todas que exercem o papel de pastoras nas famílias, nas comunidades, nas igrejas, na sociedade e no mundo do trabalho e não recebem o devido respeito à sua dignidade. Nos coloquemos ao lado das mulheres que ainda continuam perdendo a sua vida, simplesmente pelo fato de serem mulheres. Denunciemos aqueles ainda hoje apedrejam, matam, espancam, oprimem suas namoradas e ex. suas companheiras ou ex., suas mulheres ou ex., simplesmente porque elas não aceitam mais o sofrimento a que são submetidas por homens machistas, fracotes que são induzidos por uma sociedade patriarcal como a nossa.

Jesus, o Bom Pastor, quer a vida de cada uma das suas ovelhas. O Bom Pastor chama a cada uma pelo nome. Ele é a nossa segurança, o nosso norte; Caminho, Verdade e Vida. Escutemos a sua voz e sigamos os seus passos agora, para um dia podermos entrar com Ele no banquete da eternidade, onde o Pai, ansiosamente nos aguarda, pois a mesa do Banquete Eterno já está preparada. O Bom Pastor mesmo será o altar, sacerdote e o cordeiro e vai nos servir.

Pe. Manoel David Neto
CEBI-ES

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