As bases do império estão desmoronando e o verniz das armas não escondem mais as rachaduras[1] na estrutura colonialista
Embora as abelhas continuem fazendo mel e os sabiás continuem cantando, vivemos um momento catastrófico para a humanidade. Embora na perspectiva humana o capitalismo revele todo fracasso, o novo Calígula tem um cavalo falantemente relinchante e ídolo da extrema direita insana. Embora as narrativas tenham sido envernizadas de áridas esperanças a crise de 2007 ainda não acabou e o Tio San provará de seu próprio veneno. Embora o império das armas seja grande demais para falir, a Nova Rota da Seda é uma realidade por onde passarão os protagonistas da geopolítica mundial neste século XXI.
E, embora ouçam-se narrativas contraditórias, o império das invasões estará fora da Rota. Enanto 53 dos 54 países da África estão na Rota da Seda, os BRICS e mais 20 países da América Latina serão seus parceiros de Rota. O Dólar em breve não será mais a nossa moeda de troca e tampouco a arma de colonização e o Brasil e a China já negociam em moeda alternativa. Se o império da xenofobia e da neocolonização perder a hegemonia do dólar como moeda mundial, equivalerá a perder uma guerra mundial. Os países do BRICS, enquanto isso, já têm uma reserva de 600 Toneladas de Ouro.
Com o fim da União Soviética em 1991, um visionário avisou: quem dominar a Eurásia, dominará o mundo no século XXI. Embora Putin tenha reconstruído a Rússia, faltava-lhe a “Cereja do Bolo: a Ucrânia, e em grande parte isso explica a aberração da guerra contra a Ucrânia. O império da insensatez não tem o Petróleo que precisa e nem as Terras Férteis/Roxas, as Terras Raras, indispensáveis para o desenvolvimento e a aquisição de novas tecnologias. Os países do BRICS possuem 72% das reservas conhecidas como Terras Raras do Planeta (China 38%; Brasil, 18%; Rússia, 9% e Índia, 6%), enquanto o império das invasões e do financiamento de golpes de estado, tem apenas 2%. Os velhos métodos já não levam aos mesmos resultados e a mentira continua com suas pernas curtas. Para efeito de análise das informações deste texto, uma citação de Will Hutton no livro, O Aviso na Muralha a China o Ocidente no Século XXI. Também serve como dica para a estratégia de desenvolvimento dos países.
A eficiência de mercado e o rigor macroeconômico, desde a revolução conservadora, são atualmente apenas dois dos nove “pilares de competitividade”. Os outros sete são a qualidade das instituições públicas; a qualidade das infra-estruturas; saúde e educação primária; educação avançada e treinamento; disponibilidade tecnológica; sofisticação comercial; e inovação. O Reaganismo e o Thatcherismo, podem-se fazer objeções, nunca dispensaram abertamente esses outros pilares; por outro lado, nenhuma filosofia os enfatizou. Os seguidores de Reagan e Thatcher defendiam que indivíduos, empresários, empresas e administradores devem ser apoderados; os mercados eram mágicos; e o Estado deve, tanto quanto possível, ficar de lado. (HUTTON, 2008, p. 170).
O fracasso do modelo do Reaganismo e do Thatcherismo se revela nos quase um bilhão de pessoas passando fome no mundo. Em 2014 foi destituído o presidente da Ucrânia e botaram Volodymyr Zelenski. A experiência vinda da Europa, embora tenha as “façanhas” de Boris Johnson, cópia piorada de Donald Trump, não trazem boas expectativas. Líderes desequilibrados e de ética questionável que, embora ainda exerçam certo poder, já não exercem hegemonia. O que preocupa é o nível de desinformação de setores da esquerda que caem nas armadilhas da extrema direita e que, por exemplo, culpam o Hamas pela guerra/massacre de Israel contra a Palestina. O ataque de 07 de outubro do Hamas, simplesmente não tinha outra opção. Seria o fim da Palestina.
O império do terror e da guerra nos últimos 100 anos, jamais ganhou uma guerra. Vietnã, Afeganistão, Camboja, etc. são repetidas derrotas. Aprendendo com a história: ninguém derrota um povo com 5 mil anos de história. Vejam o caso de Canudos aqui no Brasil, como exemplo. Teve soldado enfiando baioneta no ventre das mulheres para matar o feto. “Não pode sobreviver ninguém”, essa era a ordem. Canudos foi destruído, mas jamais vencido. Por que o Trump é eleito presidente dos Estados Unidos? A situação do povo norte-americano é muito precária. Os Estados estão à beira do colapso. O poder de compra de um trabalhador dos Estados Unidos hoje é inferior ao que era em 1978. O custo de vida está insuportável! As pessoas estão vendendo sangue para complementar a renda.
Existem 800 mil pessoas em situação de Rua nos Estados Unidos. A globalização desmontou a indústria local e remontá-la em qualquer lugar não é tarefa para um ou dois anos. Os Estados Unidos não têm mais indústria e 35% de seu PIB vem da indústria de armas. A desesperança na população é generalizada o que leva o povo a acreditar em discursos fundamentalistas e arrogantes como o de Donald Trump. Primeiro, acabar com a ineficiência do Estado. Trump está cortando o mínimo de significado que existia. Os agricultores foram o setor que mais votou no Trump. Todos os dias acontecem manifestações nos 50 Estados dos Estados Unidos, e existem 350 milhões de armas circulando nos na sociedade americana. Os Estados Unidos estão enfrentando neste momento um processo de guerra civil que se tenta esconder a qualquer custo. A Primeira Emenda, liberdade de expressão, a pedra de toque para eles, está sendo ferida de morte. Ter uma tatuagem, por exemplo, acreditem, é um dos critérios de deportação. A tatuagem é vista pela segurança como símbolo de gangue.
João Santiago.
Teólogo, Poeta e Militante.
Coordenador Estadual do CEBI-PR.
Membro do Conselho Nacional do CEBI.
Doutorando em Teologia pela PUC-PR.
[1] Resumo do Seminário dos 45 Anos do PT 29 e 30 de março em Curitiba. Com a assessoria do jornalista José Arbex Júnior e do pesquisador Luciano do DIEESE.



