Domingo II do Tempo Comum
Lecionário Comum e Católico: JO 2, 1-11
19 de Janeiro de 2025
A leitura do Evangelho deste domingo retoma o primeiro sinal de Jesus, a transformação da água em vinho na festa de casamento.
As Bodas de Caná, como é popularmente conhecido é um texto bíblico muito importante para a tradição cristã, pois possibilita reflexões importantes sobre a ação de Jesus, de seus discípulos e o papel de Maria, mãe de Jesus, durante a revelação de seu filho.
Esta narrativa é exclusiva do Evangelho segundo a comunidade joanina, inaugurando os sinais públicos de Jesus. Deste texto, muitas reflexões são possíveis, aqui trarei algumas como contribuição para sua reflexão dominical. Elas não estão em nenhuma ordem específica, as separei apenas para conseguirmos olhar alguns aspectos do texto que parecem importantes para nossa espiritualidade.
O primeiro destaque que me ocorre é o aspecto caminhante de Jesus e seus discípulos. O texto é uma sequência da caminhada feita por Jesus e alguns discípulos em sua terra. É interessante observar como a comunidade de João faz questão de destacar que o primeiro sinal de Jesus é feito no caminho, durante sua caminhada migratória pela região da Galileia.
O segundo destaque é o cumprimento do rito, Jesus usa as talhas para purificação, pede que sejam abastecidas e destina o vinho a ser servido para que o mestre-sala o prove antes de servir aos convidados. É interessante observar que sutilmente Jesus retoma o significado das talhas de purificação. No templo, elas deveriam ser utilizadas para purificar e reestabelecer a graça. Aqui Jesus utiliza as talhas e os/as serventes daquela festa para reestabelecer a alegria e por consequência a graça naquele casamento. Este gesto me faz pensar que é pelas mãos dos mais simples que a graça messiânica de Jesus passa. A graça não vem das autoridades e dos cargos elevados, ela vem no caminho, durante as celebrações da vida e pelas mãos do povo.
Um terceiro aspecto importante neste texto é a dimensão temporal. O texto inicia afirmando que é o terceiro dia. Num olhar literal é a continuidade da contagem dando sequência ao chamado aos discípulos que Jesus está fazendo na Galileia, mas pode também ser compreendido como uma alusão à ressurreição, pois como sabemos o Evangelho é escrito muito tempo depois de todos os fatos terem sido vivenciados. Escrever que este grande milagre aconteceu no terceiro dia não é fato do acaso, serviu para aquela comunidade e serve também para nós hoje como uma oportunidade de afirmar que os/as seguidores e seguidoras de Jesus terão vinho novo na festa. Nos ajuda a pensar que, estando Jesus presente nas festas de nossas vidas, a abundância e a alegria da festa se manterão presente.
Um quarto e último ponto para fazermos ecoar deste texto é o papel de Maria. Maria também estava na festa. Seria ela uma das serventes? Seria ela uma convidada? Seria ela parente dos noivos? Não teremos certeza da real condição de Maria naquela festa, mas podemos afirmar que ela estava lá atenta às necessidades das pessoas que ali celebravam. Maria coloca-se no problema da falta de vinho fazendo o mesmo com Jesus. O diálogo afrontoso de Jesus em relação ao pedido de sua mãe é muito interessante, revelando que Jesus tem consciência de sua missão. Contudo, sua mãe Maria também demonstra segurança missionária orientado aos/às serventes que façam o que ele disser. Como uma mãe sábia que sabe que o filho vai obedecê-la. Uma reflexão teológica utilizará deste texto para afirmar que Maria antecipa a graça e a presença de Jesus na história. Sinceramente não tenho segurança para afirmar que o trecho “ainda não chegou minha hora” é a demonstração de Maria antecipa a ação de Jesus. O que consigo compreender neste momento é que a presença de Maria é fundamental para que o vinho novo aconteça, a festa continue e a graça se manifeste. Neste sentido, vale dizer:
Que sejamos como Maria, atentos e atentas às necessidades das pessoas que estão próximas a nós.
Que sejamos como Jesus, dispostos a fazer o que for preciso para que a graça aconteça e a alegria permaneça nos ambientes onde estivermos.
Que sejamos como os discípulos e serventes, atentos e atentas aos acontecimentos que promovem alegria e saibamos anuncia-los a outras pessoas para promover a alegria.
Queridos/as irmãos e irmãs, que durante esta semana sejamos nós os/as propagadores e propagadoras de esperança que o mundo tanto necessita.
Hudson Silva Rodrigues
CEBI – Planalto Central