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Para onde o mundo caminha

Em todos os continentes, atualmente, essa questão toma importância maior do que em outros tempos. Sentimos na pele o aquecimento global chegar em forma de um calor maior até então inédito. Quase todo o Brasil passou da intoxicação pela fumaça das queimadas para chuvas que se tornam torrenciais e provocam ciclones para os quais nossas cidades não estão preparadas. Prognósticos pessimistas que antes eram previstos para daqui a 30 anos se anteciparam. Começamos a pagar caro os efeitos de uma sociedade dominada pela ambição humana e pelo desrespeito ao conjunto da humanidade e ao sistema da Vida no planeta Terra.

Não se trata apenas de desequilíbrios ecológicos. A realidade mostra que ecologia ambiental sem tratar da justiça social e política se torna mero exercício de jardinagem. No próximo ano, em Belém, PA, o Brasil vai sediar a conferência sobre mudanças climáticas (COP 30). No entanto, ao mesmo tempo que as autoridades do governo preparam esse evento diplomático, sofremos com queimadas e a destruição dos nossos biomas, em uma extensão que, nem nos tempos do governo que fazia do ódio à humanidade e à Mãe Terra sua principal política, tínhamos visto.

A realidade é mais difícil do que nunca. Em diversos continentes, as indústrias de armas e o império das nações ricas mantêm nos países pobres mais de 50 guerras e conflitos. Populações mais pobres se matam entre si, para favorecer os interesses do governo dos Estados Unidos e de países ricos da Europa e também da China sobre o petróleo e as riquezas minerais que esses territórios podem lhes fornecer. No Brasil, não temos guerra declarada. No entanto, ainda se mantém discussão sobre o Marco Temporal que ameaça o direito dos povos indígenas. Cada dia, o massacre sobre as comunidades indígenas, negras e de periferia aumenta. Tudo isso revela que a colonização e o escravagismo continuam fortes e dominantes.

Para onde vai o mundo dependerá muito de nossas opções sociais e políticas, manifestadas nas eleições municipais deste ano. Em muitas cidades, no domingo, 27 de outubro, ocorrerá o segundo turno. Em São Paulo, votar em Boulos ou em Nunes, não é apenas questão de simpatia ou mesmo de opção partidária. Em São Paulo e em todas as cidades que terão segundo turno, mesmo que não tenham consciência disso, as pessoas votarão no tipo de caminho que, nos próximos anos, a humanidade e o mundo tomarão.

Já há mais de 20 anos, a Carta da Terra dizia claramente:

“A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. (…) O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes”.

Desde o final dos anos 1960, na América Latina e outros continentes, aumenta o número de pessoas que percebem as limitações do modelo de desenvolvimento ainda vigente e afirmam: Se algo se desenvolve de modo injusto, quanto mais desenvolvimento, pior. Propõem, então Libertação integral. O Conselho Mundial de Igrejas que reúne 350 Igrejas cristãs tem proposto: Paz, Justiça e Cuidado com a Mãe Terra e a natureza. Graças a Deus, as mais diversas religiões e caminhos espirituais compreendem cada vez mais que, de um modo ou de outro, todas têm como vocação ajudar a humanidade a cumprir sua vocação de guardiã da Vida no planeta Terra e testemunhar o Amor Divino que nos faz ser irmãs e irmãos, na comunidade de todos os seres vivos.

Irmão Marcelo Barros

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