A Boa Nova deste domingo é um texto que não foi bem recebido pelos ouvidos de muitas irmãs e irmãos da época de Jesus. E, certamente, são poucas as diferenças que hoje ainda encontramos em muitas comunidades, mais de dois mil anos depois. Quais seriam as razões individuais e comunitárias para a não aceitação dos ensinamentos de Jesus? Talvez saibamos responder ou, quem sabe, nem façamos ideia dos motivos para tal rejeição.
Jesus chega em sua cidade com seus discípulos e discípulas e, como de costume foi a Sinagoga. Ele começa a pregar falando das maravilhas que Deus promove na vida das pessoas, no entanto, os seus conterrâneos não deram crédito a Ele. Todos nós sabemos que existe uma tendência de que as pessoas valorizem mais aqueles que são de fora. E foi isso o que aconteceu com Jesus.
Pode-se entender que uma das causas do descrédito era porque Jesus era descendente de uma família simples de Nazaré. E, comumente, há em todos os indivíduos uma predisposição em valorizar aqueles que são de fora do seu convívio. Eles tinham a concepção de que Jesus não era capaz de ensinar. Não imaginavam que aquele menino que foi criado na comunidade poderia ter se transformado num enviado de Deus, e trazer-lhes uma mensagem redentora. Tanto que eles disseram “de onde recebeu ele tudo isto?” (v. 2)? A dureza do coração mantinha em cada um a certeza que de Nazaré não poderia vir coisa boa (Jo 1). Aqueles que questionam o poder de Jesus são aquelas pessoas que estavam totalmente prontas somente para rejeitá-lo.
Nós precisamos questionar os acontecimentos em nossa volta, e aceitar a mensagem que sempre é propagada. Às vezes nos preocupamos muito com o que o outro diz, e não com aquilo que fazemos. Porém, o evangelho é ação, e às vezes, as nossas atitudes não revelam o que Jesus espera de nós.
Ao analisarmos o versículo 6, podemos perceber que a multidão não se admira do grande poder que Jesus tem, e nem dos Milagres que ele realiza e, por isso, ele fica admirado por eles não acreditarem na grandiosidade do poder de Deus. Não ter fé em Jesus é desconhecer que Deus é capaz de transformar a nossa vida. Jesus sempre quis que o Mistério Divino fizesse parte da vida de todas as pessoas. Mas Ele não pode promover essa transformação na vida daquelas que o conheciam desde criança, pois a falta de reciprocidade para com o próximo tornou-se uma barreira, impedindo-as de aceitarem a mensagem proferida por Jesus.
Jesus era aquela pessoa que ensinava em todos os lugares, Ele não ficava parado, era dinâmico e buscava sempre chegar às pessoas. E é por isso que Ele estabeleceu a missão às discípulas e discípulos para que pudessem sair e chegar a outros espaços levando a mensagem de Deus. A sapiência de Cristo nos revela que não podemos abaixar a cabeça quando somos humilhados, mas erguer-se sempre na esperança de que um dia a semente da Boa Nova nasça e frutifique nos corações.
Luiz Marles
CEBI-GO
Doutorando em Educação. Mestre em Educação. Especialista em Ciência da Religião e em História e Cultura Afrobrasileira.