Partilhas

Leitura Bíblica com Crianças, é sobre isso!!!!!!

O mês de outubro é dedicado, de modo especial, para celebrar a vida das crianças, o CEBI tem refletido sobre a importância de vivenciar a leitura popular da bíblia desde a perspectiva da infância.  Várias publicações trazem propostas para a caminhada com crianças, trazemos aqui um trecho do PNV 297 – Fé e Contos – Leitura Bíblica com Crianças, aproveite a leitura e a sugestão de roteiro para o encontro que ecoa a temporada da criação.

Autoria: Múria e Klaus

Texto

Quando perguntamos: “O que você vai ser quando crescer?” Isso quer dizer que o nosso olhar está acostumado, e bem acostumado, a ver as crianças e os adolescentes somente enquanto projetos para o futuro. Ora, o futuro ainda não é; ele será. E não sendo, crianças e adolescentes não são. Não são o quê? Não são pessoas, apesar de legalmente já serem reconhecidos e reconhecidas como sujeitos de direitos e de cidadania; não têm voz e vez, ou seja, não são protagonistas da sua própria história, mas seres em miniatura incapazes de nos ensinar algo, pois como estão incompletos e incompletas, estão somente na fase do aprender. Vejam que uma “inofensiva” pergunta significa muito mais do que aparenta. Assim, nós, pessoas adultas, antes de qualquer coisa, temos que refletir sobre o sentido que damos à infância e a adolescência, ou o que reproduzimos, muitas vezes sem perceber, apesar de toda a nossa dita consciência crítica e elogiável bagagem cultural.

A busca pelo sentido novamente nos faz perguntar: “De que forma eu vejo a criança e o adolescente, especialmente as/os das classes populares? Como seres indefesos, necessitados da minha assistência, sabedoria e piedade? Ou como sujeitos portadores de direitos e deve- res, capazes de, à luz da Palavra de Deus, criar, agir, tomar consciência do mundo em que vivem e criarem condições para transformá-lo, de acordo com as possibilidades e a originalidade da sua idade?

Com as crianças ou para as crianças?

Outra coisa para a qual devemos estar atentas e atentos é a diferença entre estudos bíblicos com crianças e adolescentes e es- tudos bíblicos para crianças e adolescentes. Se o estudo é para a meninada, enquanto adultos corremos o sério risco de sermos meros transmissores de ensinamentos bíblicos para alguém ou “alguéns” que julgamos uma “tabula rasa”. Por isso, as coisas devem ser leva- das prontas e os saberes não são construídos a partir das crianças e com elas. Se o estudo é com, há mais possibilidades de crianças, ado- lescentes e adultos descobrirem juntos, à luz da experiência de fé de cada um e cada uma, os caminhos da justiça, da partilha, da união, da solidariedade, do perdão, do diálogo, da tolerância, da paz e de um planeta saudável que nos leva a uma sociedade fraterna, igualitária, justa, sustentável e solidária.

Jesus e as crianças

Na busca pelo sentido que damos à infância e adolescência, também devemos refletir: “O que Jesus fez em defesa das crianças?”

Os Evangelhos nos contam que Jesus assumiu publicamente a causa delas e afirmou que o Reino de Deus pertence a elas. Ao assumir a causa, denunciou rigorosamente quem as escandaliza.

… E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. Quem escandalizar um desses pequeninos que acreditam em mim, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho no pescoço, e ser jogado no fundo do mar (Mt 18, 5-6).

Parece que, com essa atitude, Jesus quis nos dizer que, se não formos solidários com as crianças, vítimas das mais variadas formas de violência, do desrespeito, da exploração e de maus tratos, é quase impossível fazermos parte do Reino da Vida. E nos pede que o lugar da infância e da adolescência seja concretamente garantido e assegurado nos vários espaços sociais, nos programas de governo, bem como nas suas práticas políticas e pedagógicas.

Para início de conversa, a intenção era partilhar um pouco dis so com vocês. Tomara que esse material proporcione à meninada a oportunidade de tomar gosto pelo Deus da Bíblia defensor da Vida e, na originalidade de sua idade, viver a proposta de Jesus, que veio para que todos tenham vida em abundância (Jo 10,10).

Parte de uma música cantada pelo Zé Vicente diz assim: “Sonho que se sonha só pode ser pura ilusão. Sonho que se sonha junto é sinal de solução…” Entre outras possibilidades, essa música representa o poder da organização popular, dos trabalhos comunitários e das transformações ocorridas a partir da união dos sonhos comuns. Esse material foi gerado, gestado, criado, produzido e reproduzido na dimensão dos sonhos comuns. Ele reúne em si os talentos de várias pessoas que acreditam nas crianças e nos adolescentes como gente capaz de caminhar com Jesus, na construção do Reino de Deus. Adultos, vocês têm em mãos um subsídio que os convida a vivenciar, à luz da Palavra de Deus – Deus da vida e dos pequeninos – o quanto é prazeroso e saboroso ouvir as crianças/adolescentes e aprender com elas, de acordo com as suas possibilidades de criança, como acolhem e vivem a Palavra de Deus, nos acontecimentos da vida cotidiana.

Proposta de Círculo Bíblico
Criar e cuidar

Preparação do ambiente

Mapa mundi, globo, sementes, gravuras de conservação e des- truição do planeta Terra e de animais em extinção.

Acolhida

Oração inicial

Deus pai e mãe, menino e menina, criador de todas as coisas, sopre sobre nós o seu Espírito de Vida e nos ensine a cuidar da sua criação. Assim seja!

Vamos cantar?
(Prepare um canto ou música que fale sobre a criação).

Tempo de muitas dificuldades, tristeza e sofrimento

Há muitos e muitos anos, mais ou menos quinhentos (500) anos antes de Jesus nascer, a Babilônia, onde hoje é o Iraque, era um império muito poderoso; tinha armas e exército fortes, por isso con- seguiu vencer vários povos. Entre eles, o reino de Judá, que ficava na Palestina. Quando o Império Babilônico dominou o reino de Judá, algumas pessoas foram levadas prisioneiras para a Babilônia, prin- cipalmente as pessoas mais importantes (o rei, a rainha e os amigos deles). A capital de Judá era Jerusalém. Essa cidade foi totalmente destruída – muros, casas e o templo foram para o chão. Se somente algumas pessoas importantes foram levadas para a Babilônia, isso quer dizer que ficou gente em Judá. Os babilônicos cobraram impos- tos altos de quem permaneceu por lá. A situação dos que ficaram era de tristeza, desolação e muito sofrimento. Na Bíblia, o livro Lamen- tações conta o sofrimento do povo que ficou em Judá.

E a situação de quem foi levado para a Babilônia? Também foi de dor, desgosto, angústia, agonia e aflição; parecia que o mun- do tinha acabado, que o céu tinha caído, desabado; viam o mundo sem forma e rodeado pela escuridão. Então, o povo que estava na

Babilônia, longe de sua terra, sentiu a necessidade de refletir a razão pela qual a vida deles estava naquela situação e se aquela realidade estava de acordo com a vontade de Deus. Assim, começaram a con- tar a história da criação do mundo, lembrando que Deus não quer o sofrimento de ninguém, pois criou a vida e viu que tudo era bom. A história era mais ou menos assim:

No início, o mundo era escuro e triste. Como Deus não gosta de tristeza, primeiro criou a luz, para iluminar as trevas que cobriam o mundo. Deus viu que a luz era muito boa. Como tudo que é bom deve ser continuado, Deus prosseguiu criando outras coisas boas, bonitas e importantes para a vida. Criou o dia e a noite, o céu, a terra, as águas, a relva, as ervas, as sementes, as árvores e os frutos das mais variadas espécies. Criou também o sol, a lua, as estrelas, os pássaros e outras aves, as baleias e todos os animais que vivem na água e na terra, desde os que rastejam até os mansos e ferozes.

Deus criou também o homem e a mulher à sua imagem. Da mesma forma que Deus tinha abençoado os outros seres vivos, aben- çoou o homem e a mulher e lhes deu todas as ervas e árvores que possuem frutos que dão sementes e servem de alimento. A história da criação diz que Deus se preocupou com o alimento dos animais também, não somente das pessoas.

Bem, chegou um momento que Deus parou e olhou para o que tinha criado, viu que tudo era muito bom e nesse momento deve ter pensado: “É… o mundo está mais cheio de vida e feliz; agora posso descansar”. E Ele descansou de todo o seu trabalho.

Contando essa história o povo que estava triste e angustiado na Babilônia queria lembrar que Deus é o criador do céu e da terra, da vida e da história. Que é possível recriar, criar de novo a vida das pessoas e do mundo. Isto é, Deus nos convida a cuidar da vida, apesar das dificuldades, recriando sempre os nossos valores, o nosso jeito de ser e de olhar para os acontecimentos.

Ver: Nossa realidade

O que entendemos por cuidar? Como devemos cuidar das pessoas? Como cuidamos do meio ambiente?

Deus nos deu as sementes para garantir a nossa boa alimenta- ção. Porém, atualmente, a maioria das pessoas vivem nas cidades. Isso quer dizer que nós comemos, mas não plantamos o que comer. De que forma esta realidade interfere na nossa vida?

Sugestão

Levar diversos produtos e embalagens que estão normalmente nas casas das crianças ou nos mercados na comunidade. Ler os ró- tulos com as crianças e descobrir de onde vem o que comemos e o que usamos. Arrume um mapa e marque o lugar de origem de cada produto. Marcar com um barbante a distância entre o lugar de produ-

ção e o lugar de consumo. Pensar com as crianças: o que comemos e usamos vem de longe ou de perto? Pra chegar até aqui tem que vir de caminhão e usar diesel, gasolina, estrada e pneu… o que isto significa para o ambiente? Ler os rótulos e conversar sobre os nomes difíceis! o que se coloca nos alimentos? Conservantes químicos? isso faz bem para a saúde da terra? para a saúde da gente?

Julgar: Ler o texto bíblico: Gênesis 1, 1-31 até 2,1-4a

Imaginar a cena (ler novamente o texto e as crianças/adoles- centes escutam de olhos fechados e imaginam a cena).

Motivar as crianças/adolescentes a contar o texto bíblico com suas próprias palavras.

A partir deste texto, qual a mensagem de Deus para a nossa vida?

Cantar uma música que fala sobre a criação (pode ser a mesma cantada no início).

Nosso Compromisso: o que podemos fazer para cuidar da Natureza?

  • Que tal plantarmos juntos uma árvore? Onde? Quando?
  • Quantos chicletes você mastiga por semana? Você sabe quantos anos um chiclete leva para se decompor? Se não sabe, pesquise. Que tal diminuir ou não mastigar mais chicletes?
  • Que tal fazer parte dos grupos que coordenam campanhas pelo não uso de sacolas plásticas? Se não souber, pesquisar também quantos anos o plástico demora para se decompor.
  • Outro compromisso escolhido pelo grupo.

Preparar o próximo encontro

Dividir tarefas com a meninada

Oração final

Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas.
Especialmente o irmão Sol, que clareia o dia e com sua luz nos ilumina.
Ele é belo e radiante, com grande esplendor de Ti, Altíssimo é a imagem.
Louvado sejas meu Senhor, pela irmã Lua e as Estrelas,
que no céu formastes claras, preciosas e belas.
Louvado sejas meu Senhor, pelo irmão Vento,
pelo ar ou neblina, ou sereno e de todo tempo,
pelo qual às Tuas criaturas dais sustento.
Louvado sejas meu Senhor, pela irmã Água,
que é muito útil, humilde, preciosa e casta.
Louvado sejas meu Senhor, pelo irmão Fogo,
pelo qual iluminas a noite, e ele é belo e alegre, vigoroso e forte.
Louvado sejas meu Senhor, pela nossa mãe Terra,
que nos sustenta e nos governa, e produz frutos diversos, e coloridas flores e ervas.

(MAC/CEBI)

Conheça coleção completa Fé e Contos: https://cebi.org.br/produto/colecao-fe-e-contos/

No products in the cart.